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No Delírio, uma das alterasções do conteúdo do pensamento, geralmente a premissa é falsa, mas o raciocínio que se desenvolve a partir desse princípio falso pode ser perfeitamente coerente.
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O pensamento é uma operação mental que utiliza os conhecimentos e/ou conceitos adquiridos, combina-os logicamente e produz uma outra nova forma de conhecimento e/ou conceito. Todo esse processo começa com a sensação e termina com o raciocínio dialético, onde uma idéia se associa a outra e desta união de idéias nasce um a terceira.
Quando se percebe uma rosa branca é concebida, ao mesmo tempo, as noções de rosa e brancura, daí é concebida uma terceira idéia que combina as duas primeiras. Evidentemente, para a concepção das duas primeiras idéias há a necessidade de, anteriormente, ter sido experimentada a rosa e também o branco para, numa próxima operação, ser concebida a rosa branca. É assim, por exemplo, que pode ser possível conceber uma rosa completamente verde, sem que, sequer, isso tenha sido visto uma única vez.
O raciocínio humano se baseia em uma cadeia infinita de representações, conceitos e juízos, partindo de uma fonte inicial elaborada na experiência sensorial. O conhecimento se dá, inicialmente, através das representações sensoperceptivas do mundo e dos conceitos elaborados a partir delas. O pensamento lógico consiste em selecionar e orientar esses conceitos com o objetivo de alcançar uma integração significativa, a qual possibilite uma atitude racional ante as necessidades e aspirações.
O desenvolvimento do cérebro das crianças se dá em etapas muito bem definidas, como se o exercício da função psíquica dependesse da maturidade progressiva do órgão, tanto quanto a habilidade para andar, falar, escrever, etc.
Segundo o modelo proposto por Jean Piaget, existem dois processos sobre os quais o ser humano vai organizar suas experiências e adaptá-las ao que foi experimentado, constituindo assim o perfil de sua consciência. Estes processos seriam a Adaptação e a Organização.
A Adaptação seria um processo de ajustamento ao ambiente existencial em torno do ser. No ser humano, ao contrário dos animais, essa adaptação não deve se reduzir exclusivamente à reação das agressões do meio e às respostas necessárias à sobrevivência do indivíduo e da espécie. No ser humano, a adaptação ao meio significa, sobretudo, a adaptação emocional ao meio.
A Organização da experiência inclui processos de combinação das informações provenientes dos órgãos dos sentidos e o desenvolvimento de uma sábia tendência a classificar ou agrupar esses estímulos em conjuntos ou sistemas. Trata-se do processamento mental das informações oferecidas pela existência e captadas pelo indivíduo através de seus sentidos (veja em Percepção, Sensopercepção, Procepção e Representação da Realidade).
Pensamento e Juízo
Juízo ou ato de julgar, do ponto de vista do pensamento, é o processo que estabelece relações significativas entre conceitos. A função que associa os juízos, uns com os outros, recebe a denominação de raciocínio. Em seu sentido lógico, o raciocínio não é nem verdadeiro nem falso, ele será sim, correto ou incorreto. Assim, o raciocínio para ser correto deve ser lógico (em psicologia, o termo raciocínio tem o mesmo sentido de pensamento).
Por outro lado, completando-se a idéia de que o pensamento não se resume em associações esparsas e aleatórias como um mosaico, deve-se acrescentar à essa teoria associativa um algo mais que confere ao pensamento uma característica formal, ou seja, uma capacidade em conseguir dar forma às idéias e que, estas, não são apenas a soma de suas partes, mas sim, uma configuração independente. Isso pode ser exemplificado pela observação de que uma melodia não se constitui apenas na somatória de suas notas: trata-se de uma coisa nova, com uma forma independente e original.
Idéias Supervalorizadas
Há situações onde ocorre uma predominância dos afetos sobre a reflexão consciente com subsequente alteração do juízo da realidade e com repercussões secundárias no comportamento social do indivíduo. As Idéias Supervalorizadas são conhecidas também como Idéias Prevalentes ou Idéias Superestimadas. É quando o pensamento se centraliza obsessivamente num tópico especialmente definido e carregado de uma enorme carga afetiva.
A imagem literária através da qual se estigmatiza o possuidor das Idéias Supervalorizadas é a do indivíduo fanatizado, cuja convicção acerca de sua Idéia Superestimada desafia toda argumentação em sentido contrário, inclusive a contra-argumentação embasada em elementos lógicos e razoáveis.
Tendo em vista a grande força sentimental propulsora da convicção prevalente, tal pensamento passa a ser dirigido exclusivamente pela emoção, comumente por uma emoção doentia e com total descaso para com a lógica ou para com a razão. A necessidade íntima convocada por este psiquismo problemático pode encontrar algum conforto na adoção de uma crença; seja ela política, religiosa, filosófica ou artística, de tal forma que o indivíduo se encontra cego para todas as evidências que não compactuem com sua idéia prevalente.
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O conhecimento humano representa um processo que começa com a sensação e termina com o raciocínio dialético. Assim, a sensação e o raciocínio são momentos, aspectos ou graus diferentes do mesmo processo do conhecimento.
O mundo exterior age sobre nossos órgãos dos sentidos provocando neles as sensações e essas sensações, em conexão indissolúvel com a atividade do pensamento, oferecem ao sujeito o conhecimento dos objetos e de suas propriedades. Por isso, não se pode separá-los.
Sob a denominação de alterações do pensamento estudam-se as alterações da segunda fase do processo do conhecimento, isto é, os distúrbios do conhecimento racional ou intelectual constituído pela formação dos conceitos, a constituição dos juízos e elaboração do raciocínio. As alterações da primeira fase do processo do conhecimento, a sensopercepção, são estudadas em outra parte (alucinações).
Segundo Bleuler, no pensamento também está incluído algo energético que se origina da afetividade: a finalidade, o conteúdo, o ritmo, a fluência e o tipo de pensamento são dirigidos pelas necessidades, interesses e tendências atuais.
Emoções intensas, estado de ânimo, grau de vigília e cansaço podem modificar o pensamento. … ” no pensamento vive, portanto, o homem em sua plenitude” .
Nos estados de depressão grave, a inibição do pensamento causada pela diminuição da motivação e da energia geral é tão significativa que pode dar a falsa impressão de interceptação do pensamento.
Embora nestes casos não se trate de bloqueios verdadeiros, esta ocorrência oferece um excelente pista diagnóstica.
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Concretismo e Abstração
O concretismo é uma modalidade especial de alteração da forma do pensamento que consiste na incapacidade do indivíduo para fazer a distinção entre o simbólico e o concreto. Seria quase o oposto do derreísmo. Em muitas pessoas esta manifestação não representa nada de anormal, sendo mais resultado da incultura ou dificuldade intelectual, em outras pessoas, porém, essa dificuldade de abstrair-se do concreto adquire um caráter nitidamente patológico.
A capacidade de abstração é fundamental ao ser humano e serve, entre outras utilidades, para avaliar os vários aspectos de uma situação, arguir e reagir diante de estímulos que não estão concretamente definidos. Pessoas incultas revelam sempre dificuldades na compreensão do simbólico e no ato de captar, rápida e intuitivamente. Os vários aspectos de uma situação simbólica requerem um bom nível cultural, além de certa malícia intelectual. Nas atividades cotidianas pode não haver exigência de nenhuma atitude abstrata, visto tratar-se da execução de atos eminentemente pragmáticos, aprendidos ou até condicionados. Dessa forma não se perceberiam sinais de concretismo.
O pensamento concreto se baseia exclusivamente na sensação e na dedução, opondo-se à abstração. Falta ao pensamento concreto a independência da realidade necessária para abstrair-se, pois está sempre escravizado pelo fenômeno material e o objeto do pensar acaba senso sempre o mesmo objeto da percepção. O que esse tipo de pensamento consegue produzir está sempre vinculado à analogia.
Por esta razão, o pensamento concreto se encontra enclausurado na esfera da sensação, a reboque da percepção, de maneira que o mesmo não chega a ascender ao plano do abstrato. O concretismo determina o predomínio da significação concreta e objetiva dos fatos com notável prejuízo da liberdade para o subjetivo.
A atitude baseada exclusivamente na objetividade do mundo não abrange a totalidade das relações entre a pessoa e o mundo ou entre o sujeito e o objeto. As pessoas que apresentam a alteração de concretismo revelam certa dificuldade na compreensão dos conceitos abstratos, dos significados e das categorias que não se refiram a situações absolutamente concretas. São pessoas que podem até acompanhar uma conversação que se refira a um tema a respeito de sua família, seu trabalho, seu time de futebol ou a uma situação imediata e prática, porém, se a conversa passa para um assunto mais abstrato, já não podem acompanhá-la e se revelam inteiramente perdidas. Nesses casos, a compreensão também está alterada.
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1. – FORMA DO PENSAMENTO
Havendo saúde mental os estímulos para o raciocínio se desenvolver devem provir de fontes externas e internas. Mas o pensamento não é guiado apenas por considerações estritamente atreladas à realidade, ele também flui motivado por estímulos interiores, abstratos e afetivos ou até instintivos. A criação humana, por exemplo, ultrapassa muitas vezes a realidade dos fatos, refletindo estados interiores variados e de enorme valor para a construção do patrimônio cultural humano.
Voltar-se para o mundo interno significa que o pensamento se manifesta sob a forma de Devaneios – uma espécie de servidão das idéias às necessidades mais íntimas, aos afetos e paixões. Enquanto há saúde mental, entretanto, os devaneios são sempre voluntários e reversíveis; eles devem ser servos e não senhores do sujeito.
Em estados doentios os devaneios ou fugas da realidade são emancipados da vontade, são impostas ao sujeito de forma absoluta e tirânica. Parece tratar-se de alguém que despreza a realidade de fato e vive uma realidade nova que lhe foi imposta involuntariamente e da qual não consegue libertar-se.
A própria concepção da realidade pode sofrer alterações nos transtornos psíquicos. Em determinados estados neuropsicológicos a realidade pode sofrer alterações de natureza bioquímica, funcional ou anatômica. Em outros estados, agora de natureza psicopatológica, os elementos da realidade também podem ser deturpados por fatores afetivos, emocionais ou psíquicos, de forma a prevalecer uma concepção do mundo determinada exclusivamente pelo interior de ser e não mais pela lógica comum à todos nós.
Ao pensamento que se afasta da realidade morbidamente, ou seja, doentiamente, damos o nome de Pensamento Derreísta ou Autista. Se afasta morbidamente da realidade porque esse tipo de pensamento não depende da determinação ou liberdade que o sujeito tem em fantasiar quando quer e voltar à realidade voluntariamente. Na patologia a pessoa devaneia obrigatoriamente, sendo-lhe negada a faculdade de entendimento dos limites da fantasiassem a realidade. Quando o sujeito comum tem um devaneio agradável em ganhar na loteria ou coisas assim, ele não nega a realidade e tem plena consciência da situação.
Visto assim, normal seria a dupla capacidade do pensamento, tanto para lidar com a fantasia, quanto para lidar com o concreto, de maneira livre e autônoma. O ser humano normal deve ter autonomia e capacidade de passar voluntariamente de uma forma à outra, da fantasia para a realidade, deve saber claramente onde começa um e termina a outra.
Há quem acredita, com uma ponta de orgulho, ser desejável e meritoso que a pessoa tenha seus pensamentos solidamente atrelados ao concreto e ao real, com séria limitação ao pensamento abstrato, poético, romântico, espiritual… São pessoas incapazes de afastarem-se do absolutamente concreto e objetivo. A isso dá-se o nome de Concretismo (na coluna ao lado), o qual também é uma alteração da forma do pensamento.
Bleuler afirmava que nos casos de esquizofrenia o pensar se encontra profundamente alterado. O voltar-se morbidamente para o mundo interno faz com que o pensamento se manifeste sob a forma de devaneios. Nessa situação a pessoa pode deixar suas fantasias em total liberdade, de rédeas soltas. Aqui o pensar não obedece às leis da lógica e, nos casos mais acentuados, tudo transcorre como se o indivíduo estivesse submerso num verdadeiro estado onírico.
Para Bleuler ainda, o Pensamento Derreísta obedece às suas próprias leis e utiliza as relações lógicas habituais apenas na medida em que são convenientes ao seu pensamento, mas de qualquer forma, ele não se acha ligado de nenhuma maneira às leis lógicas. O Pensamento Derreísta está dirigido pelas necessidades íntimas do paciente, o qual pensa mediante símbolos, analogias, conceitos fragmentários e vinculações acidentais.
Além da esquizofrenia, onde o Bloqueio do pensamento se deve à uma força bloqueadora interior, também podemos observar a interceptação do pensamento, quando então uma forte carga emocional pode estar associada ao tema em curso. Neste caso, a interrupção de determinado discurso pode nos dar uma pista sobre o que poderia estar produzindo angústia no paciente.
Ao contrário do Pensamento Derreísta está o Pensamento Realista. A clínica nos mostra claramente que essas duas formas de pensar podem coexistir justapostas em um mesmo paciente. Ao lado das marcantes alterações derreísticas, realisticamente os pacientes podem se orientar perfeitamente bem no tempo e no espaço, podem ter suas ações perfeitamente adequadas e se adaptam à alguma parte de sua realidade pragmática, podendo nos parecer pessoas absolutamente normais em muitas circunstâncias.
O Pensamento Realista é aquele que consegue compatibilizar com naturalidade, ou seja, fisiologicamente, tanto a parte formal do raciocínio, quanto a parte mágica natural à todo ser humano, ou seja, tanto o raciocínio orientado pela lógica, quanto os devaneios espiritualizados e sublimes do ser humano. Essa harmonia entre a lógica e o mágico, desejável no ser humano normal, faz compreensivo o ditado: “não importa se a aventura é louca, desde que o aventureiro seja lúcido“.
No território do pensamento mágico abrigamos todas nossas crenças, nossas paixões, nossas superstições, enfim, nosso mundo da fantasia, espiritualidade e da magia. No território do pensamento formal ou lógico, habitam os conceitos, as suposições, as deduções, as induções, as idéias racionalizadas e, principalmente, a noção exata da valorização adequada de nosso próprio lado mágico.
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2. – CURSO E RITMO DO PENSAMENTO
Inibição do Pensamento
Em relação ao ritmo o pensamento pode se manifestar rápido ou lento. Em ritmo lento considera-se Inibição do Pensamento. É um sintoma que se manifesta por lentidão de todos os processos psíquicos, incluindo a própria dificuldade na percepção dos estímulos sensoriais, limitação do número de representações e lentidão no processo e evocação das lembranças. Seria uma inibição psíquica global.
Os pacientes com inibição do pensamento mantêm-se apáticos, não falam espontaneamente nem respondem às perguntas com vivacidade e presteza. A perturbação atinge a essência do pensamento e se acompanha, geralmente, de um sentimento subjetivo de incapacidade. Junto com inibição do pensamento pode haver ainda sentimento de pouco interesse, de imprecisão a respeito das opiniões, dificuldades para a escrita e lentidão para andar. Esses pacientes revelam dificuldade de compreensão, de iniciar uma conversação, de escolher palavras, enfim, eles pensam com grande esforço.
Fuga de Ideias
A Fuga de Ideias é uma alteração da expressão do pensamento caracterizada por variação abrupta do tema e dificuldade para concluir uma ideia. A progressão do pensamento encontra-se seriamente comprometida por uma aceleração associativa, a tal ponto que a ideia em curso é sempre perturbada por uma nova ideia que se forma. No pensamento com Fuga de Ideias não há uma carência de objetivos, mas uma mudança constante do objetivo devido a extraordinária velocidade no fluxo das ideias. A sucessão de novas idéias, sem que haja conclusão da primeira, torna o discurso pouco ou nada inteligível.
Normalmente são observadas 4 características na Fuga de Ideias:
1. Desordem e falta aparente de finalidade ou objetivo das operações intelectuais;
2. Predomínio de associações disparatadas;
3. Distraibilidade. Facilidade de se desviar do curso do pensamento sob a influência dos estímulos exteriores;
4. Frequente aceleração no ritmo da expressão verbal.
O paciente com fuga de ideias é incapaz de concentrar sua atenção, dispersando-se numa multiplicidade de estímulos sensoriais sem se aprofundar em nada. A Fuga de Ideias normalmente está associada a aceleração do psiquismo ou taquipsiquismo: um estado afetivo comumente encontrado na hipomania ou mania, ou seja, na euforia. Seria como se a eloquência na produção de idéias superasse a capacidade de verbalizá-las. Diz-se logorreia ou verborragia para o fenômeno de produção aumentada de palavras, o qual, pode ser ou não acompanhada de Fuga de Ideias.
Na prática psiquiátrica pode-se ter a falsa impressão de que o paciente verborrágico (com ou sem Fuga de Ideias) tem uma crítica aumentada e arguta. Entretanto, ainda que seja capaz de observações perspicazes, irônicas e ferinas, isso se deve à perda da inibição social que normalmente acompanha os estados eufóricos.
Bloqueio ou Interceptação do Pensamento
Nesses casos há uma interrupção brusca da ideia em curso e o fluxo do pensamento fica bloqueado, interrompido repentinamente. É como se um raio caísse bem próximo da pessoa que fala e, pelo susto, interrompesse imediatamente a exposição. Depois da parada do discurso normalmente vem a pergunta: “- o que estava mesmo dizendo?” Isso é um bloqueio ou interceptação do pensamento.
Normalmente o bloqueio sugere uma espécie de força interior que supera a intenção de concluir o tema por alguns instantes; trata-se de uma motivação interna bloqueadora do curso do pensamento. Podemos encontrar bloqueios relacionados a fortes emoções mesmo na vida psíquica normal. Nos estados patológicos as forças interiores (complexos, delírios, paixões) produzem boas razões para os bloqueios.
Na esquizofrenia observa-se com frequência o aparecimento inesperado de interceptação das idéias. O doente começa a expor um assunto qualquer e, subitamente, se detém. As vezes, depois de alguns instantes, volta a completar o pensamento interrompido, outras vezes inicia um ciclo de pensamento completamente diferente.
Perseveração
É a repetição continuada e anormalmente persistente na exposição de uma ideia. Existe uma aderência persistente a um pensamento em uma espécie de ruminação mental, como se faltasse ao paciente a formação de novas representações na consciência. Percebe-se que há uma grande dificuldade em desenvolver um raciocínio novo, seja por simples falta de palavras, por escassez de ideias ou dificuldade de coordenação mental.
Por definição a Perseveração do Pensamento é a repetição automática e frequente de representações, predominantemente verbais e motoras. A Perseveração está incluída nos distúrbios do curso do pensamento por sugerir que a temática em pauta se encontra limitada a um curso circular, que não tem fim e repete-se seguidamente. Observamos Perseveração do Pensamento em alguns casos de crise psicótica. Também se observa em determinados Estados Crepusculares, onde patologicamente há um significativo estreitamento da consciência.
Circunstancialidade ou Prolixidade
Aqui, o paciente revela uma incapacidade irritante para selecionar as ideias essenciais daquelas acessórias, ou seja, o pensamento foge da pauta principal e perde-se no detalhamento trivial. Aparece um grande rodeio em torno do tema central, uma riqueza aborrecedora de detalhes e circunstâncias sem propósitos práticos e pormenores desnecessários. Tudo isso torna o discurso bem pouco agradável. À esta situação chamamos de viscosidade ou, quando esta é uma das características constante da pessoa, pode-se chamá-la de pessoa viscosa. Um exemplo contundente de viscosidade é a conversa ou a atitude de alguns bêbados inconvenientes e dos quais não é fácil se livrar.
Na Circunstancialidade aparece, como é natural, um certo grau de ansiedade por parte do interlocutor, provocada pela morosidade na conclusão da ideia. Um paciente, perguntado se tinha ido fazer uma tomografia, cuja resposta deveria ser algo como sim ou não, dizia: “… bem, tive que ir terça feira passada porque o movimento do escritório às terças é menor; na segunda feira é que tem mais serviço, porque o pessoal deixa tudo para ser resolvido às segundas. Até que foi bom eu ter deixado para a terça, porque, lá no serviço do tomógrafo, eles também devem ter mais movimento de segunda, que por sinal é um dia terrível. Acho que (brincando) a semana deveria começar pela terça”.
A Prolixidade produz um curso do pensamento muito tortuoso e o tema central fica seriamente prejudicado pelas divagações inúteis e pelos comentários paralelos. Em seu diálogo o paciente viscoso tem sempre algo a acrescentar e de tal forma que o fim da conversa fica desagradavelmente comprometido. No consultório ele é capaz de levantar-se muitas vezes antes de ir embora e sentar novamente para acrescentar mais alguma coisa, absolutamente sem importância.
Incoerência
Na Incoerência há uma grande desorganização na estrutura sintática com períodos em branco e frases soltas no meio da exposição de uma idéia. Frequentemente a Incoerência está associada a transtornos que comprometem o estado da consciência. É como se faltasse ao paciente condições homeostáticas para a organização das ideias e para sua capacidade de comunicação verbal. O Estado Crepuscular é um bom exemplo de distúrbio da consciência, onde a capacidade de organização do pensamento encontra-se seriamente comprometido. Também na turvação da consciência pode haver Incoerência.
O pensamento incoerente é confuso, contraditório e ilógico. Enquanto na Fuga de Ideias percebemos a passagem repentina de uma idéia para outra, na Incoerência o que interrompe o curso do pensamento são fragmentos soltos de ideias aleatórias; como se o pensamento estivesse pulverizado.
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3. – CONTEÚDO DO PENSAMENTO
Além dos distúrbios da Forma e dos Distúrbios do Curso do Pensamento, elementos valiosíssimos no exame psíquico, devemos verificar também os Conteúdos do Pensamento. Este conjunto sintomático completa a grande área do psiquismo a ser pesquisada que é o Pensamento. Para a elaboração do diagnóstico psiquiátrico será necessário, além do Pensamento, também a verificação de duas outras grandes áreas; a Afetividade e o Comportamento.
O exame do Conteúdo do Pensamento mostra-nos a essência do ser, o elemento mais refinado e sublime da pessoa e aquilo que ela tem de mais íntimo dentro de si. A dificílima tarefa de avaliação do conteúdo do pensamento remete-nos a um dos campos mais polêmicos da arguição do ser humano: a valoração de suas ideias.
Entre o examinador e o examinado vibram as mais variadas tendências culturais, as mais diversas inclinações filosóficas, todas as sutilezas da ética, da moral e da religião, deparam-se ainda, a tonalidade afetiva e a natureza dos sentimentos pessoais de cada um. Portanto, julgar ideias é sinônimo de julgar pessoas, uma atitude tão incrível quanto julgar a arte, tão espinhosa quanto definir a beleza. O bizarro e o majestoso saltam logo aos olhos, mas entre um e outro há uma infindável variação de nuances entre o sadio e o patológico.
Examinando o Conteúdo do Pensamento toca-se o cerne da personalidade, o miolo do ser psíquico e o resultado final em que o indivíduo se encontra neste dado momento. O Conteúdo do Pensamento comporta todo perfil dos conceitos, dos juízos, da atividade intelectiva e da afetividade de cada um.
A psicologia evolutiva aponta para a prevalência do Pensamento Mágico no homem primitivo, tal como uma espécie de pensamento pré-lógico, onde as fronteiras entre o real e o irreal são demasiadamente imprecisas. Tal Pensamento Mágico está ainda bastante presente nas crianças e em adultos carentes de um socorro imediato às suas angústias e impotências. Está bem sabido, conforme Nobre de Melo observa, que esta não é a maneira habitual de pensar e de proceder do homem adulto e civilizado de nosso tempo. Este ser civilizado deve pautar sua conduta pelos princípios que regem o Pensamento Lógico ou Pensamento Reflexivo.
Há, entretanto, na mentalidade deste homem civilizado, um grande número de reminiscências residuais primitivas e mágicas que vivem se reativando em circunstâncias especiais, tais como na ansiedade, na paixão, na incerteza, no sofrimento inconsolável, no perigo iminente e na desrazão . É assim que o ser humano moderno, motivado por sua angústia, insegurança e sofrimento, será capaz de apelar ao sobrenatural e à fantasia. É desta forma, subestimando a lógica e a razão absoluta, que nosso pensamento acabará tocando o irracional e a magia através de práticas individuais e íntimas variadas.
Assim sendo, constatamos, num sem-número de sistemas culturais e numa infinidade de pessoas, a utilização de todo um vasto arsenal de recursos mágicos para aplacar a angústia e o desespero. Aceitando a convivência harmônica do mágico com o lógico na consciência da pessoa normal, podemos entender melhor o astronauta que não dispensa seu pé-de-coelho, ou o cientista que carrega uma pirâmide de cristal, o criminoso que porta um crucifixo, o aluno que só entra em provas sempre com o mesmo lápis, o jogador que veste a mesma cueca por ocasião de uma partida importante e assim por diante. O Pensamento Mágico e primitivo revive sempre nas crianças, esporadicamente nos adultos normais e predomina nos estados mórbidos ou de grande sofrimento emocional.
É desta forma que surpreendemos o irreal e ilógico no conteúdo e nas elucubrações do pensamento supervalorizado, delirante, obsessivo ou fóbico. Tais atitudes mentais são consideradas como uma espécie de regressão da personalidade, onde vemos surgir toda a simbólica ancestral dos estágios mais remotos da evolução psicológica da espécie humana. São mecanismos de defesa mantidos em estado de latência mas susceptíveis de reascenderem todas as vezes em que se proceder uma ruptura no equilíbrio funcional da personalidade.
O Juízo e a Lógica são duas operações intelectuais exercidas pelo pensamento reflexivo ou lógico. Não obstante, nossos juízos estão sempre impregnados pela afetividade e pela vontade, de tal forma que todo julgamento é predominantemente subjetivo. Conforme Nobre de Melo, pode-se dizer que um juízo crítico, por mais fundamentado que possa ser, às vezes revela muito mais a natureza da pessoa que julga do que a qualidade da coisa julgada. Desta forma a própria razão, objeto do raciocínio lógico, também deve passar pela individualidade afetiva, portanto, terá sempre uma racionalidade relativa por excelência.
Não será demais enfatizar que, em se tratando de conteúdo do pensamento, devemos levar em consideração todas as querelas sócio-culturais que permeiam a existência da pessoa considerada. A valorização do pensamento como um todo deverá, obrigatoriamente, relevar todas as circunstâncias atreladas ao panorama vivencial. Não fosse assim, com toda a certeza um dinamarquês consideraria francamente psicótico um pai de santo da Bahia. Da mesma forma, seria possível à um observador menos avisado classificar os japoneses kamikazes dentro das depressões suicidas.
Assim, o pensamento flui em função das associações e da forma. Representa um modo de ligação entre conceitos, uma sequência de juízos e o encadeamento lógico de conhecimentos, de maneira dinâmica e contínua. Por outro lado, pode o pensamento abstrair-se em pressuposições hipotético-dedutivas, sem relação obrigatória com a realidade objetiva, em operações formais que aparecem no ser humano à partir dos 11 ou 12 anos.
Segundo Bleuler, no pensamento também está incluído algo de energético que se origina da afetividade: a finalidade, o conteúdo, o ritmo, a fluência e o tipo de pensamento são dirigidos pelas necessidades, interesses e tendências atuais. Emoções intensas, estado de ânimo, grau de vigília e cansaço podem modificar o pensamento. …“no pensamento vive, portanto, o homem em sua plenitude”.
O conhecimento humano representa um processo que começa com a sensação e termina com o raciocínio dialético. A sensação e o raciocínio são momentos diferentes, aspectos ou graus do mesmo processo do conhecimento. Por isso, não se pode separá-los. O mundo exterior age sobre nossos órgãos dos sentidos, provocando neles as sensações, e essas sensações em conexão indissolúvel com a atividade do pensamento oferecem o conhecimento dos objetos e de suas propriedades.
Sob a denominação de alterações do pensamento estudam-se as alterações da segunda fase do processo do conhecimento, isto é, os distúrbios do conhecimento racional ou intelectual constituído pela formação dos conceitos, a constituição dos juízos e elaboração do raciocínio.
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Ideias Supervalorizadas (sobrevalorizadas)
As ideias podem conter uma sobrevalorização ou superestima, caracterizando assim aquilo que leigamente conhecemos por fanatismo. Com o passar do tempo toda a personalidade passa a ser absorvida pela Ideia Supervalirozada, a qual passa a exigir que se coloque à sua disposição todo comportamento do indivíduo. Esta pessoa, por sua vez, será insuflada até o limite de verdadeiras façanhas ou atitudes heróicas, quando não, poderá ser protagonista de tragédias monumentais. Encontramos o fanatismo presente em variadas figuras de nosso mundo cultural, em heróis épicos, em líderes religiosos e políticos, em personalidades carismáticas (como líderes religiosos, promovedores de suicídios coletivos).
Outra curiosidade que freqüentemente acompanha a trajetória dos indivíduos fanatizados é o fato de seu fanatismo aumentar ainda mais diante das situações que coloquem em risco a hegemonia de seus ideais. Isso faz com que suas atitudes adquiram muito mais ânimo e energia e se direcionem com heroísmo ao combate dos inimigos.
Com muita freqüência as Idéias Supervalorizadas coexistem com uma intelectualidade normal, portanto, até certo ponto, tais pacientes continuam gozando de perfeita mobilidade social e satisfatório desempenho ocupacional. Como a personalidade toda acaba por ser possuída pelas Idéias Supervalorizadas, logo a conduta social e ocupacional passam a servir aos propósitos fanatizados. Vem daí o empenho descomunal com que tais indivíduos atiram-se às suas tarefas, desde que, estas, como dissemos, atendam as aspirações superestimadas.
De modo geral, a ideia superestimada, prevalente ou supervalorizada reflete os traços dominantes da personalidade do indivíduo, daí a razão pela qual ele se identifica de modo completo com o seu conteúdo. De modo geral, as ideias superestimadas exercem uma influência danosa sobre o pensamento, orientando-o de maneira inflexível em determinada direção. Essas idéias podem ser consideradas patológicas quando estão em franca oposição ao ambiente e à lógica comum à todos, além de adquirirem um caráter francamente patológico e impulsionam a conduta do indivíduo também por caminhos contrários à lógica e à razão. A diferença entre essas idéias e as idéias delirantes é que nas supervalorizadas, faltam as características principais dos delírios, tais como a certeza subjetiva, a impossibilidade de influência e de conteúdo e o fato de não serem totalmente estranhas ao eu como ocorre no delírio.
Os indivíduos perdidamente enamorados, os cientistas, magistrados, militares, sacerdotes, políticos, seguidores de seitas esdrúxulas, cultuadores da saúde e do corpo, integrantes de cultos exóticos, pesquisadores de fenômenos ocultos e sobrenaturais, simpatizantes de entidades que pesquisam extra-terrestres, etc, quando possuidores de personalidade mais frágil e tenuamente atrelada à realidade, podem manifestar Idéias Supervalorizadas acerca de suas atividades e, ao mesmo tempo, como dissemos, conseguir manter uma satisfatória capacidade para o convívio social. Sem dúvida, esta situação mental limítrofe ou borderline aumenta a periculosidade destes indivíduos, principalmente tendo em vista o fato de que nosso sistema sócio-cultural nem sempre tem critérios para diferenciar o ideal do possível. A retórica, a eloqüência, a boa apresentação social e, às vezes, um diploma universitário ou uma boa conta bancária têm sido condições suficientes para atestar a sanidade mental, principalmente se a pessoa estiver trajando terno e gravata.
Há sempre a possibilidade das Ideias Supervalorizadas contaminarem outras pessoas, notadamente quando divulgadas por alguém com poder de projeção social. Não é incomum um fanático conseguir lotar o estádio do Maracanã com 150 mil pessoas, dispostas a doarem seus bens e despojarem-se de seus óculos mediante a promessa de que estarão curados de seus problemas de visão.
Se as ideias apreendidas do meio conseguirem atender os anseios íntimos dos espectadores elas, sem dúvida, os contaminarão com chance de se tornarem Ideias Superestimadas. Numa retrospectiva histórica podemos detectar grandes grupamentos sociais que se deixaram envolver por Ideias Superestimadas, convenientemente propagadas, as quais resultaram em verdadeiro holocausto. E não faltam, hoje em dia, mais e mais novas correntes seguidoras de verdadeiros ideais supervalorizados à respeito de variadíssimos temas de nosso cotidiano: a xenofobia, o nacionalismo, a “verdadeira palavra de Cristo“, a cultuação do corpo, o esdruxulismo de antigos conhecimentos orientais (os quais, se fossem tão pródigos, teriam coletado inúmeras invenções para o benefício da humanidade, como por exemplo, as vacinas, a eletricidade, o rádio, o raio x, etc), e outras excentricidades típicas de quem não consegue se adaptar ao convencional de sua cultura.
Idéias Obsessivas
A intromissão indesejável de um pensamento na consciência de maneira insistente e repetitiva, reconhecido pelo sujeito como um fenômeno incômodo e absurdo, é denominada de Pensamento Obsessivo. Portanto, para que seja Obsessão é necessário que a ideia tenha aspecto involuntário, bem como ser reconhecida pela pessoa como ideia ilógica ou bizarra, ou seja, a pessoa deve ter crítica sobre o aspecto irreal e absurdo desta idéia indesejável.
Por definição, o pensamento obsessivo se constitui de representações que, sem uma tonalidade afetiva explicativa, aparecem na consciência com o sentimento de persistência obrigatória ou ruminação, impossibilitando assim seu afastamento da consciência por esforços voluntários. Isso tudo dificulta e entorpece o curso normal das representações, mesmo que o indivíduo se dê conta de sua falta de fundamento racional.
As Obsessões ficam tão enraizadas na consciência que não podem ser removidas simplesmente por um aconselhamento razoável, nem por livre decisão do paciente. Elas parecem ter existência emancipada da vontade e, por não comprometerem o juízo crítico, os pacientes têm a exata noção do absurdo de seu conteúdo mental. Em maior ou menor grau, as Ideias Obsessivas ocorrem em todas as pessoas, notadamente quando crianças. Podem aparecer, por exemplo, como uma musiquinha conhecida que “não sai da cabeça“, ou a ideia de que pode haver um bicho debaixo da cama, ou que o gás pode estar aberto apesar da lógica sugerir estar fechado.
Em crianças as Obsessões aparecem como um certo impedimento em pisar nos riscos da calçada, uma obrigatoriedade em contar as árvores da rua ou os carros que passam, etc. Estas idéias obrigatórias, quando exageradas e promovedoras de significativa ansiedade ou sofrimento, constituem quadro patológico.
A temática das Idéias Obsessivas pode ser extremamente variável, entretanto, em grande número de vezes diz respeito à higiene, contaminação, transmissão de doenças, bactérias, vírus, organização ou coisas assim. É muito frequente a existência de Ideias Obsessivas sobre um eventual impulso suicida como, por exemplo, saltar da janela de edifícios ou em ser acometido subitamente por impulsos de agressão e ferir pessoas, principalmente os filhos. Neste último caso a obsessão está justamente em acreditar que, diante de um mal estar súbito, vir a perder o controle e executar, impulsivamente, aquilo que sugere tais idéias.
São muitos os exemplos de pessoas que adotam uma conduta excêntrica motivadas pela obsessão. Há pessoas que se sentem extremamente desconfortáveis quando estão próximas de objetos pontiagudos, facas, foices, etc. devido a idéia indesejável de que podem, repentina e misteriosamente, perder o controle e matar ou ferir uma pessoa querida. Um paciente teve que retornar das férias porque, estando hospedado um um apartamento no quinto andar, ficava o tempo todo ansioso devido a ideia de que poderia saltar pela janela se um impulso incontrolável viesse à sua consciência. Em todos estes casos o paciente tem pleno juízo do absurdo de seus pensamentos, ao mesmo tempo em que reconhece sua impotência em controlá-los.Desta feita a Obsessão é um processo mental que tem caráter impositivo e uma ideia associada a um sentimento penoso que se apresenta ao espírito de modo repetido e incoercível.
Por outro lado a similaridade entre Obsessões e Fobias (tratadas mais adiante) foi observada já em 1878 por Westphal, criador do termo Fobias Obsessivas. Seriam medos que dominam a consciência, apesar da impotência do paciente em suprimi-los, embora reconheça-os como anormais. Aliás , vê-se muito bem, nos exemplos supra-citados, o componente de medo que normalmente acompanha as Ideias Obsessivas. A obsessão de doença e contaminação pode ser entendida como uma Fobia de doença, uma ruminação mental sem fim em torno da possibilidade de sofrer qualquer tipo de doença.
Fobias
Tal qual ocorre na Obsessão, a Fobia intromete-se persistentemente no campo da consciência e se mantém aí independente do reconhecimento de seu caráter absurdo. A característica essencial da Fobia consiste em um temor patológico que escapa à razão e resiste a qualquer espécie de objeção, temor este dirigido a um objeto (ou situação) específico .
A Fobia é um medo absurdo, específico e intenso o qual, na maioria das vezes, é projetado para o exterior através de manifestações próprias do organismo. Essas manifestações normalmente tocam ao sistema neurovegetativo, tais como: vertigens, pânico, palpitações, distúrbios gastrintestinais, sudorese e perda da consciência por lipotímia. As manifestações autossômicas externadas pela fobia têm lugar sempre que o paciente se depara com o objeto (ou situação) fóbico.
O pensamento fóbico é tão automático quanto o obsessivo e o paciente tem plena consciência do absurdo de seus temores ou, ao menos, sabem-no como completamente infundados na intensidade que se manifestam. Resistem, os temores, a qualquer argumentação sensata e lógica. Aliás, o medo só será fóbico quando considerado injustificável pelo próprio paciente e, concomitantemente, for capaz de produzir reações adversas comandadas pelo sistema nervoso autônomo.
O medo na Fobia ataca de modo incontrolável diante de objetos e circunstâncias de todo naturais e, diante das quais, mesmo o paciente reconhecendo como ridículas, não poderá dominar-se. A denominação das Fobias diversas guarda uma relação etimológica com as situações desencadeadoras: Agorafobia (espaços abertos ou sair de casa); Claustrofobia (lugares fechados); Acrofobia (alturas); Ailérofobia (gatos); Antropofobia(gente); Zoofobia (animais); Xenofobia (estranhos); e assim por diante.
As Fobias podem ocorrer juntamente com qualquer outro sintoma psiquiátrico, podem fazer parte de variados graus de ansiedade e de depressão ou ainda, em várias neuroses e psicoses. De fato, não se trata de nenhum sintoma patognomônico de algum quadro psicopatológico específico. (Veja mais sobre Fobias em Transtornos Fóbico-Ansisos)
PS – DELÍRIOS
Os Delírios são alterações do conteúdo do pensamento e melhor descritos na página Alucinações e Delírios.
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Delírios e Alucinações na Esquizofrenia
Os Delírios na Esquizofrenia sugerem a interpretação falsa da realidade percebida. É o caso por exemplo, do paciente que sente algo sendo tramado contra ele pelo fato de ver duas pessoas simplesmente conversando. Trata-se, neste caso, de uma Percepção Delirante. Desta forma, a Percepção Delirante necessita de algum estímulo para ser delirantemente interpretado (no caso, as duas pessoas conversando). Outras vezes não há necessidade de nenhum estímulo à ser interpretado, como por exemplo, julgar-se deus. Neste caso trata-se de uma Ocorrência Delirante. O tipo de Delírio mais frequentemente encontrado na Esquizofrenia é do tipo Paranoide ou de Referência, ou seja, com temática de perseguição ou prejuízo no primeiro caso e, no segundo caso, de sentir-se uma referência de todos (rádios, vizinhos, televisão, etc).
Na Esquizofrenia os Delírios surgem paulatinamente, sendo percebidos aos poucos pelas pessoas íntimas aos pacientes. Em relação ao Delírio de Referência, inicialmente os familiares começam à perceber uma certa aversão à televisão, aos vizinhos, etc.
As Alucinações mais comuns na Esquizofrenia são do tipo auditivas, em primeiro lugar e visuais em seguida. Conforme diz Schneider, as Alucinações são “de valor diagnóstico extraordinário para o diagnóstico de uma Esquizofrenia são determinadas formas de ouvir vozes: ouvir os próprios pensamentos (pensar alto), vozes na forma de fala e respostas e vozes que acompanham com observações a ação do doente”. Esta Sonorização do Pensamento, juntamente com alguns outros sintomas que envolvem alucinações auditivas e sensações de ter os próprios pensamentos influenciados por elementos externos, compõem a sintomatologia que Schneider considerou como sendo de Primeira Ordem.
Um esquizofrênico pode estar ouvindo sua própria voz, dia e noite, sob a forma de comentários e antecipações daquilo que ele faz ou pretende fazer , como por exemplo: “ele vai comer” ou ainda, “o que ele está fazendo agora ? Está trocando de roupas”. Outro sintoma importante no diagnóstico da esquizofrenia é a sensação de que o pensamento está sendo irradiado para o exterior ou mesmo sendo subtraído ou “chupado” por algo do exterior: Subtração e Irradiação do pensamento, também considerados de Primeira Ordem. Igualmente podemos encontrar a sensação de que os atos estão sendo controlados por forças ou influências exteriores.
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Desenvolvimento do Pensamento Infantil
Conhecer a evolução do desenvolvimento do pensamento infantil é importante para o entendimento do paralelo desenvolvimento da consciência. Piaget dividiu o desenvolvimento do pensamento da criança em quatro estágios:
I – Estágio Sensório-Motor
Esse estágio vai do nascimento até os dois anos de idade. Predomina, neste estágio, a atividade sensorial (dos 5 sentidos) e, quase totalmente, o bebê opera com ações do tipo olhar, tocar, pegar e sugar.
Aproximadamente com um mês de vida o bebê vai substituindo seus reflexos básicos e inatos (pegar, sugar, etc) por atitudes mais elaboradas, apesar de ainda sensoriais; aborda os objetos e pessoas de maneiras novas. Durante esse primeiro período de Piaget, um pouco mais (até 4 anos), é onde ocorre a maturação sensório-motora descrita na neurociência, faltando ainda a maturidade das regiões frontais e pré-frontais.
II – Estágio Pré–Operacional
O Estágio Pré-Operacional vai dos 2 aos 6 anos e se caracteriza pelo egocentrismo da criança. Nessa fase ela não consegue entender que as outras pessoas também têm direito de pensarem e agirem de forma diferente da sua.
Até os cinco anos, as crianças desenvolvem a percepção de formas, e os circuitos neurais da linguagem amadurecem mais ainda. A partir daí a linguagem organiza as ações, as quais passam a ser intencionais.
A partir dos 5 ou 6 anos o cérebro da criança começa a se especializar e os hemisférios (direito e esquerdo) passam a se ocupar de funções diferentes e bem definidas. Predominando em um a emotividade e em outro a cognição.
É nessa fase que a criança consegue, mais eficientemente, orientar seu corpo no espaço. Inicia-se o desenvolvimento do raciocínio lógico-formal, mas ainda predomina o raciocínio indutivo, isto é, a criança vê que duas coisas acontecem ao mesmo tempo e supõe que uma é a causa da outra.
Nessa época as crianças conseguem classificar objetos através da similaridade, havendo grande maturação de áreas sensoriais associativas sem, no entanto, conseguir-se ainda e plenamente um raciocínio formal.
III – Estácio Operacional Concreto
O Estágio Operacional Concreto vai dos 6 aos 12 anos. Nessa fase a criança se habilita para o esquema das operações, tais como a soma, a subtração, a multiplicação, a ordenação serial.
É nesse estágio que ela consegue desenvolver um raciocínio indutivo, bem como superar mudanças imediatas, considerar a relação lógica envolvida nos acontecimentos. Basta considerarmos a habilidade natural das crianças com essa idade para joguinhos de vídeo ou computador.
Mas elas ainda apresentam dificuldades em lidar com questões abstratas. Com a gradual maturidade dos lobos frontais, dá-se início ao raciocínio formal e a maior percepção emocional (veja acima a Área Pré-Frontal).
IV – Estágio operacional Formal
O Estágio Operacional Formal acontece dos 12 anos em diante. O desenvolvimento macroscópico do cérebro e das micro-redes neurais nessa fase já é praticamente satisfatório. A principal aquisição desse período é aprender a pensar e lidar com as idéias e objetos. A criança começa a considerar conscientemente as coisas imaginárias e as possíveis, torna-se capaz de lidar com os problemas de forma sistemática e metódica.
Nessa fase acrescenta-se ao pensamento indutivo, a recém criada lógica dedutiva, e é quando se tornam mais evidentes os eventuais déficits de desenvolvimento intelectual.
A partir dos 10 anos se observa um predomínio das funções simbólicas sobre a motora. O pensamento abstrato se torna independente da referência física e concreta das experiências.
Mais adiante, na adolescência, a pessoa já será capaz de formular hipóteses a partir de fatos abstratos e não concretos. Esta presente agora, o aspecto mais elaborado de pensamento humano; desprender-se do concreto. Os circuitos neurais macroscópicos já estão praticamente todos desenvolvidos e o cérebro adolescente se assemelha ao dos adultos.
Como vimos, o desenvolvimento do pensamento, através dos 4 estágios descritos por Piaget, se dá lentamente entre o nascimento e os 15 anos, aproximadamente. O mérito da observação de Piaget se afirma na constatação extremamente regular da sucessão desses estágios.
Entretanto, embora a sucessão dos estágios seja sempre a mesma, a velocidade desse desenvolvimento pode variar entre as diversas pessoas e entre os diversos meios sócio-culturais.
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PS – DELÍRIOS
Os Delírios são alterações do conteúdo do pensamento e melhor descritos na página Alucinações e Delírios.
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para referir:
Ballone GJ – Pensamento – Alterações – in. PsiqWeb, Internet, disponível em www.psiqweb.net, revisto em 2019.
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