Infância e Adolescência

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Geralmente as pessoas têm muitas dúvidas sobre a necessidade de uma criança ou adolescente procurar um tratamento psiquiátrico. E não se excluem muitos médicos desse público desorientado.

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Não se sabe exatamente quando a criança deixa de lado a chupeta e adota o notebook, passando antes pelo celular. Em outros tempos parecia possível ver a criança passar serenamente para a pré-adolescência, desta para a adolescência e, paulatinamente, para o adulto jovem. Hoje o desenvolvimento da infância e adolescência é mais turbulento. Parece ter havido certa amputação de parte dessas duas fases do desenvolvimento.

Entre a infância e adolescência existe a criança adolescentóide – arremedo do adolescente – com batom, celular e preocupado com grifes, cortes de cabelo fashion. Por outro lado, muitos que entram de fato na adolescência cronológica continuam com atitudes da infância. Participando desse desenvolvimento bastante complicado, existem no Brasil mais de 5 milhões de crianças e adolescentes demonstrando problemas emocionais, segundo a Associação Brasileira de Psiquiatria – ABP (em 2010).

A Associação Brasileira de Psiquiatria realizou, em parceria com o instituto Ibope, uma pesquisa nacional que estimou a prevalência de sintomas dos transtornos mentais mais comuns na infância e na adolescência (de 6 a 17 anos). Para essa pesquisa foram entrevistadas 2002 pessoas, em 142 municípios de todas as regiões do Brasil em outubro de 2007 (ABP – Manual para a Imprensa).

Aproximadamente 12,6% das mães entrevistadas relataram ter um filho com sintomas emocionais suficientes para necessitar tratamento (vem daí o número de 5 milhões). Dessas mães, 28,9% delas não conseguiram ou não tiveram acesso a atendimento público; 46,7% obtiveram tratamento no SUS e 24,2% através de convênio ou profissional particular.

Em geral as crianças que não conseguem tratamento se desenvolvem mal e podem se tornar adultos vulneráveis e com dificuldades emocionais. Segundo a pesquisa, a maior parte das crianças e adolescentes apresenta sintomas que somam mais de um transtorno emocional.

Resumindo, são mais de 3 milhões (8,7%) com sinais de hiperatividade ou desatenção; mais de 2,5 milhões (7,8%) com dificuldades de leitura, escrita e matemática (sintomas que correspondem ao Transtorno Específicos de Aprendizagem – veja), mais de 2 milhões com sintomas de irritabilidade e comportamentos desafiadores e igual número com dificuldade de compreensão e atraso em relação a outras crianças da mesma idade.

Sinais importantes de depressão típica também aparecem em aproximadamente 1,5 milhão (4,2%) das crianças e adolescentes e mais 1,5 milhão delas apresenta transtornos ansiosos importantes.

Mais de 1 milhão das crianças e adolescentes (2,8%) apresenta problemas significativos com álcool e outras drogas. Esta população parece ter enfrentado uma dificuldade ainda maior para conseguir tratamento. Na área de problemas de conduta, como mentir, brigar, furtar e desrespeitar, 1,2 milhão (3,4%) de crianças apresenta problemas.

SINTOMAS DE PROBLEMAS EMOCIONAIS MAIS FREQÛENTES*   

Sintomas  %
Hiperatividade/Desatenção 8.7
Tristeza/desânimo/choro 4.2
Ansiedade com separação da figura de apego 5.9
Dificuldades com leitura, escrita e contas 7.8
Medos específicos (insetos, trovão, etc) 6.4
Ansiedade em situações sociais 4.2
Ansiedade com coisas (provas, o futuro, etc) 3.7
Comportamentos desafiadores, irritabilidade 6.7
Dificuldades de compreensão/atraso escolar 6.4
Problemas com o uso de álcool e/ou drogas 2.8
Mentiras/brigas/furtos/desrespeito 3.4
– Dados da pesquisa da ABP coordenada pela Dra. Tatiana Moya – Release da ABP  de 10/10/2008.

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Conversar com as crianças desenvolve mais a linguagem
Estimular a participação de crianças em conversas pode ser até seis vezes mais efetivo para o desenvolvimento da linguagem do que ler para elas. O estudo, coordenado pelo Dr. Frederick Zimmerman, da Universidade da Califórnia, UCLA, no periódico Pediatrics, mostra que os pediatras recomendam a narração de eventos diários à criança para melhorar a capacidade de linguagem infantil.

Essa informação, assim como o estudo são antigas, de 2009. Atualmente, juntando-se essas observações com o fato das crianças passarem mais tempo em frente de joguinhos eletrônicos do que conversando com seus pais pode causar preocupação maior em relação ao desenvolvimento da capacidade comunicativa das crianças.

No estudo de Zimmerman foram avaliadas 275 famílias com crianças entre 2 meses e 4 anos, medindo a exposição dessas crianças a conversas de adultos com adultos, conversas de adultos com crianças e sua exposição à televisão. Foram feitos ajustes para variáveis socioeconômicas. As crianças foram submetidas a um teste de linguagem para saber como se comunicavam.

As crianças expostas a conversações tiveram um desempenho seis vezes melhor que as outras. Elas tinham um vocabulário mais rico e cometiam menos erros. Aquelas que assistiam mais televisão não mostraram desenvolvimento, mas, diferente do que se pensa, também não mostraram efeitos negativos na linguagem. Os especialistas esclarecem que não basta apenas conversar com as crianças, é importante engajá-las na conversa e estimulá-las a participar com seus comentários. Referência

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Quando se deve buscar tratamento psiquiátrico em crianças e adolescentes
Geralmente as pessoas têm muitas dúvidas sobre a necessidade de uma criança ou adolescente procurar um tratamento psiquiátrico. E não se excluem muitos médicos desse público desorientado.

Às vezes são os familiares ou amigos os primeiros a suspeitar que a criança ou adolescente precisa de cuidados psiquiátricos, outras tantas vezes são os professores que primeiro observam a necessidade dessas crianças e adolescentes. Detectar precocemente eventuais problemas emocionais na criança ou adolescentes é fundamental para o sucesso do tratamento.

Entre aquilo que deve ser observado incluem-se os comportamentos, os problemas nas relações sociais e no trabalho (ou escola), as alterações do sono, da atenção, da adaptação e da alimentação, o abuso de álcool ou drogas, expressão exagerada das emoções, dificuldades em lidar com questões cotidianas.

Perceber precocemente alterações no modo de vida ou na adaptação das crianças e adolescentes pode contribuir na identificação de problemas psiquiátricos no momento em que o tratamento seria mais eficaz.

A maneira de ser dessa criança ou adolescente deve ser especialmente valorizada, principalmente quando se estabelecem comparações com outras pessoas nas mesmas circunstâncias (importante ver O Diagnóstico em Psiquiatria – em Temas Livres).

Na idade pré-escolar, em torno dos 6 anos, algumas patologias podem ser bem identificadas. Os quadros ansiosos, por exemplo, quando se manifestam através do quadro de Ansiedade de Separação da Infância são facilmente identificados.

Esta situação se caracteriza por extrema recusa em separar-se da figura de maior ligação afetiva – geralmente a mãe. As características principais da Ansiedade de Separação da Infância são:

1. Relutância em se separar da pessoa de vínculo afetivo (em geral a mãe)
2. Preocupação excessiva em perder esse vínculo afetivo
3. Recusa ou grande dificuldade em ir para a escola
4. Medo exagerado de ficar sozinho
Pesadelos que envolvem separação

A Depressão, por outro lado, não é facilmente diagnosticada na primeira infância ou na idade pré-escolar. Embora existam quadros depressivos nessa faixa etária, as classificações de doenças (DSM.IV e CID.10) não enfatizam esse diagnóstico, pois o quadro clínico de depressão na infância geralmente é bastante atípico.

Entretanto, existem outros sintomas psicoemocionais que podem ser indícios indiretos de um transtorno afetivo depressivo.

Os frequentíssimos casos de Transtornos de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) são mais facilmente diagnosticados em crianças um pouco mais velhas, em torno dos 7-8 anos, embora o problema já esteja presente mais precocemente. Os principais sintomas a serem observados em relação ao TDAH são:

1. Desatenção em todos os níveis
2. Dificuldade em terminar tarefas
3. Dificuldade em seguir orientações
4. Perda de coisas, desorganização e esquecimento
5. Distraibilidade, inquietação (cadeira, mãos, pés)
6. Fala excessiva
7. Pouca sensação de dor

Quadros psiquiátricos mais graves, como por exemplo, o Autismo Infantil, o Transtorno Obsessivo-Compulsivo, a Deficiência Mental, também podem ser identificados nessas crianças mais novas.

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Detectando Problemas Emocionais na Infância e Adolescência
Os pais podem não perceber, não reconhecer ou não aceitar problemas emocionais em seus filhos, o que retardaria a atenção ao problema. Quanto aos educadores, muitas vezes são eles os primeiros a observar os sintomas iniciais de algum problema na infância e adolescência. Mas muitas vezes não sabem bem o que fazer com essa informação. Acabam orientando para os pais buscarem o psicólogo, quando for caso leve ou neurologista, nos mais graves, mas raramente o psiquiatra por medo de ferir a sensibilidade dos pais.

É muito mais fácil aos educadores, professores, orientadores educacionais constatarem algum problema emocional nas crianças que os próprios familiares. Isso se deve, entre outras razões, ao fato de poderem ter uma crítica mais desapaixonada do problema, sem o envolvimento afetivo que os pais têm para com seus filhos. Além disso, estando preparados, os educadores são as pessoas mais adequadas para orientação os pais sobre um possível transtorno dessa natureza.

Sinais e Sintomas.
Entre os sinais que a criança pode manifestar em eventual transtorno psíquico, figura o isolamento ou prejuízo no relacionamento com outras crianças de sua idade, tanto no âmbito escolar como social, tal como o retraimento e a falta de comunicação. Outro sintoma a ser levado em conta seria uma ruptura brusca na evolução e desenvolvimento normais da criança ou adolescente.

Se a criança ou adolescente que até há pouco tempo vinha mantendo um comportamento mais bem ajustado, com rendimento escolar aceitável e que, de repente, modifica seu comportamento e rendimento escolar, algo pode estar acontecendo na esfera psíquica.

Em crianças e adolescentes os transtornos mais comuns são aqueles relativos a depressão, transtornos de aprendizagem, déficit de atenção e hiperatividade, transtornos de comportamento, de ansiedade, doenças psicossomáticas, problemas de personalidade e, menos frequentemente, o autismo e a esquizofrenia.

A incidência desses transtornos psiquiátricos nas crianças e adolescentes varia com a idade, com o sexo e com o nível socioeconômico. A depressão, por exemplo, embora seja comum em qualquer idade e igualmente nos dois sexos, tem sintomas diferentes; nos meninos pode manifestar-se como rebeldia, agressividade e irritabilidade, nas meninas com isolamento, fobias e ansiedade.

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Deficiência Mental – Incidência
Segundo a Organização Mundial de Saúde, 10% da população de países em desenvolvimento, são portadores de algum tipo de deficiência, sendo que metade destes são portadores de Deficiência Mental, propriamente dita.

Calcula-se que o numero de pessoas com retardo mental guarda relação com o grau de desenvolvimento do país em questão e, segundo estimativas, a porcentagem de jovens de 18 anos e menos que sofrem retardo mental grave se situa em torno de 4,6%, nos países em desenvolvimento, e entre 0,5 e o 2,5% nos países desenvolvidos.  Esta grande diferença entre o primeiro e o terceiro mundo demonstra que certas ações preventivas, como por exemplo a melhora de a atenção materno-infantil e algumas intervenções sociais específicas, permitiria um decréscimo geral dos casos de nascimentos de crianças com Deficiência Mental

Os efeitos da Deficiência Mental entre as pessoas são diferentes. Aproximadamente o 87% dos portadores tem limitações apenas leves das capacidades cognitivas e adaptativas e a maioria deles pode chegar a levar suas vidas independentes e perfeitamente integrados na sociedade. Os 13% restantes pode ter sérias limitações, mas em qualquer caso, com a devida atenção das redes de serviços sociais, também podem integrar-se na sociedade. No Estado de São Paulo, a Federação das APAEs, através de censo próprio realizado em 110 municípios, calcula ser de 1% da população o número de pessoas que necessitam de atendimento especializado .

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Os sintomas indicativos de possível problema emocional, de comportamento ou de desenvolvimento
Na criança em idade escolar e que necessita avaliação psiquiátrica podem incluir qualquer dos itens abaixo:

1.- Redução significativa no rendimento escolar
Neste caso pode estar em jogo alterações do interesse e da atenção. Problemas domésticos que causam preocupação excessiva à criança podem comprometer fortemente o grau de interesse e de atenção, assim como também as dificuldades na adaptação ao ambiente escolar quando há mudanças de escola.

A partir dos sete anos os problemas emocionais podem ser suspeitados principalmente em função do rendimento escolar e dos transtornos de aprendizado. A Depressão costuma estar associada ao declínio visível no rendimento escolar com início definido.

O Déficit de Atenção também se relaciona ao desempenho, o qual se mostra contínuo e cronicamente baixo. A Deficiência Mental deve ser pensada principalmente quando se acompanha de uma série de outros sintomas.

2.- Redução significativa no interesse escolar
A Depressão Infantil é particularmente acompanhada de desinteresse geral, tanto nos adultos quanto nas crianças e adolescentes. Ambiente escolar estressante, seja pelos colegas ou professores, também pode ocasionar aversão à escola e prejuízo do interesse.

A falta de empatia com professores, eventual situação vexatória diante dos colegas ou bullying podem resultar em severo desinteresse.

As crianças portadoras de Déficit de Atenção, com ou sem hiperatividade, podem proporcionar grave desarmonia ambiental, seja por desentendimento com professores ou com colegas e, consequentemente, criar uma convivência estressante o suficiente para produzir desinteresse.

3.- Abandono de certas atividades antes desejadas
Abandonar por desinteresse as atividades que antes davam prazer é outro sinal de Depressão Infantil. O sintoma de anedonia – incapacidade para sentir prazer – aparece tanto nas depressões dos adultos quanto das crianças.

O desânimo e o desinteresse levam a criança ou adolescente deprimido a um comportamento de retraimento, apatia e isolamento social. O desânimo é físico, como uma perda da energia global geralmente confundida com preguiça e responsável por muitos exames de sangue em busca de uma anemia que não se confirma. O desinteresse é emocional, é a perda do prazer ou gosto em fazer as coisas.

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4.- Distanciamento de amigos ou familiares
O retraimento social, juntamente com a recusa em participar de compromissos familiares pode significar muitas coisas, como por exemplo a Depressão Infantil, Fobia Social, insegurança, sentimentos de vergonha quando os pais brigam muito, quando um deles bebe, quando estão para se separar…

As crianças vítimas de abuso sexual ou de violência causada por babás, além de outros sintomas, podem apresentar distanciamento de amigos ou familiares, abandono de certas atividades, perturbações do sono com insônia inicial (causada geralmente por medo), inquietação, mudança de comportamento em relação ao agressor, irritabilidade…

5.- Perturbação do sono
Os exemplos de alterações do sono incluem o terror noturno, pesadelos, insônia e/ou hipersonia, sonambulismo, enurese (xixi na cama) noturna, bruxismo, etc. Essas alterações têm valor quando consideradas em conjunto com outras alterações de qualquer um dos demais itens apontados aqui.

6.- Hiperatividade, inquietação, irritabilidade e/ou agressividade
Qualquer uma dessas alterações acima pode representar um indício de depressão ou ansiedade infantil, cujos quadros, geralmente, são bem diferentes dos adultos. As manifestações atípicas da depressão na criança são tão comuns que boa parte dos casos diagnosticados como Déficit de Atenção com Hiperatividade é, de fato, reflexo de quadros depressivos infantis.

A alteração mais grave que apresenta agressividade infantil é o Transtorno de Conduta. Todo esforço deve ser empenhado para confirmar ou excluir esse diagnóstico, principalmente por se tratar de um problema de caráter e não ter cura.

7. – Reações emocionais mais violentas
Aqui, como em outros itens, pode tratar-se de sinais de Depressão Infantil ou de Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade, porém, a irritabilidade é também comum em crianças portadoras de disritmia cerebral, embora os neurologistas insistam em dizer que não. Também podemos pensar em Transtorno de Conduta, como no item acima.

Se as explosões emocionais começaram de um determinado tempo para cá, ou seja, se não fazem parte da maneira de ser da criança ou adolescente, podem representar problemas vivenciais atuais, conflitos, medos, traumas.

8. – Rebeldia, birra e implicância, atitudes de oposição
O quadro denominado Transtorno de Oposição na Infância ou Transtorno Desafiador Opositivo, aparece quando a criança confronta qualquer tipo de autoridade, seja doméstica, social ou na escola. Felizmente a maioria desses casos não reflete um Transtorno de Conduta, como seria de se esperar, mas sim uma autoestima bastante baixa, necessidade de chamar atenção, sentimento de inferioridade.

9.- Preocupação e/ou ansiedade excessivas
Quando crianças anteriormente bem adaptadas passam a apresentar preocupações de adultos, como por exemplo, questionamentos sobre a morte, saúde dos pais, segurança econômica, sobre o que fariam sem seus pais, insegurança com a economia doméstica, pode ser indício de depressão infantil.

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Quais são os sintomas de um problema potencial em adolescentes?
A entrada na adolescência traz mudanças significativas na pessoa, tanto do ponto de vista físico, quanto emocional. O adolescente começa a valorizar o pensamento abstrato, nascendo daí a possibilidade fascinante do jovem estabelecer suas próprias hipóteses, teorias, opiniões e pontos de vista. Essas hipóteses permitem ao adolescente fazer suas escolhas.

Por outro lado, surgem as crises de liberdade e de responsabilidade. Infelizmente, é nessa idade também que podem surgir quadros delirantes e alucinatórios, depressões e tentativas de suicídio, bem como comportamentos delinquenciais e outras patologias emocionais.

Vejamos abaixo os sintomas mais comuns e sugestivos de possível problema emocional em uma criança com mais idade ou adolescente. Muito embora os sintomas a serem observados sejam os mesmos da infância, o significado deles pode ser diferente nos adolescentes.

1. – Redução significativa no rendimento escolar
A Depressão do Adolescente proporciona, tal como na criança e nos adultos, importante desinteresse geral. Ao invés da resistência ao ambiente e aos professores, como ocorre na infância, para o adolescente pesa muito os conflitos íntimos, os sentimentos de inferioridade, a baixa autoestima, ou seja, faltam os sintomas típicos e conhecidos da depressão.

Entre os conflitos intrapsíquicos contam as frustrações com o sexo oposto, a exposição ao bullying, dificuldades de adaptação às mudanças de escola, cidade, país, cultura. É comum a queda do rendimento escolar quando o adolescente toma contato com drogas, notadamente com a maconha ou uso abusivo de álcool.

Outro fator que pode comprometer o rendimento escolar na adolescência são os surtos psicóticos, que podem predominar nessa faixa etária. Nesse caso, muitos outros sintomas, além do baixo rendimento escolar, farão parte do quadro.

2. – Abandono de certas atividades, amigos ou familiares
Mudança no grupo de amigos, afastamento repentino das atividades familiares e sociais habituais, abandono de atividades antes prazerosas, enfim, mudanças bruscas no comportamento do adolescente merecem toda atenção. Tanto os quadros psicóticos quanto o uso de drogas podem resultar em afastamento das atividades habituais, dos amigos e familiares.

Estatisticamente o uso de drogas como causa dessas mudanças bruscas nas atitudes dos adolescentes é muito mais comum que o desenvolvimento de surtos psicóticos ou eclosão de depressão grave. Quando o problema é o uso de drogas não há isolamento social, como acontece nas psicoses ou depressões, há sim, mudanças na conduta, no grupo de amigos…

Na Depressão, embora possa haver desânimo e desinteresse suficientes para que o jovem abandone algumas atividades, além do isolamento social percebe-se importante componente de tristeza e angústia, o que nem sempre acompanha as mudanças de comportamento no uso de drogas e nas psicoses.

3. – Alterações do sono
Na Depressão pode haver insônia. É comum, por exemplo, o adolescente ficar até altas horas ouvindo músicas em seu quarto. Pode haver também o contrário, ou seja, a hipersonia. Dormir demais pode ser uma tentativa de fugir de uma realidade angustiante.

Nos quadros afetivos bipolares, onde a depressão é intercalada de episódios de euforia, o jovem dorme muito pouco ou quase nada. Ele fica inquieto, agitado, hiperativo, falante e exageradamente animado. Nos casos de Psicose o sono pode desaparecer completamente. Surgem outros sintomas, tais como desleixo pessoal, apatia, estranheza e mudanças significativas dos hábitos.

4. – Alterações do Apetite
Nas meninas adolescentes a falta de apetite ou anorexia tem sido o quadro mais freqüente de alteração alimentar. Podem surgir ainda crises de voracidade alimentar com bulimia ou não.

Os adolescentes com Transtornos Alimentares normalmente apresentam obsessão pela forma física e podem, em casos mais graves, distorcer a autoimagem corporal. Isso se observa quando se sentem gordos, apesar de estarem com peso abaixo do normal ou mesmo quando todas as outras pessoas não concordam com sua opinião de excesso de peso.

Um sinal que chama a atenção para eventual Transtorno Alimentar é quando a adolescente faz uso abusivo, geralmente escondido, de laxantes e diuréticos. Na bulimia é comum a adolescente sair sempre da mesa e ir ao banheiro logo depois de comer.

O resultado da anorexia ou bulimia é a progressiva deterioração física e mental, começando com sintomas leves como queda dos cabelos, aftas, atraso menstrual, etc., até complicações cardiovasculares, renais e endócrinas graves e que podem levar a morte.

O Comer Compulsivo também pode ser uma alteração do apetite que acompanha transtornos emocionais na adolescência. Nesse caso a pessoa come compulsivamente grandes quantidades de comida, geralmente calóricas. Estados ansiosos geralmente resultam em compulsão alimentar.

5. – Agressões frequentes, rebeldia, atitudes de oposição ou reações violentas
A agressividade na adolescência é um problema complexo. O comportamento agressivo e violento pode ser até um traço da personalidade. Neste caso a pessoa É agressiva. A agressividade pode surgir como uma mudança na atitude da pessoa que não era agressiva. Neste caso a pessoa ESTÁ agressiva. Em psiquiatria as mudanças do comportamento têm mais valor.

O comportamento rebelde, agressivo e violento pode resultar de modismo ou como um comportamento desejável no meio social do adolescente. Isso pode ser reflexo de um apelo de seu meio, do grupo social que pertence.

O comportamento agressivo pode, não obstante, refletir um conflito emocional íntimo e/ou um quadro depressivo, ou ainda, um sinal de abuso de drogas. Comportamentos destrutivos envolvendo vandalismo, incendiarismo, destruição de propriedades, normalmente acontecem na sociopatia, que no adolescente recebe o nome Transtorno de Conduta.

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Transtornos do Neurodesenvolvimento
Os Transtornos do Neurodesenvolvimento são, de acordo com o DSM-5, um grupo de condições com inicio no período do desenvolvimento. Os transtornos tipicamente se manifestam cedo no desenvolvimento, em geral antes de a criança ingressar na escola, sendo caracterizados por déficits no desenvolvimento que acarretam prejuízos no funcionamento pessoal, social, acadêmico ou profissional.

Os déficits de desenvolvimento variam desde limitações muito especificas na aprendizagem ou no controle de funções executivas até prejuízos globais em habilidades sociais ou inteligência.

É frequente a ocorrência de mais de um Transtornos do Neurodesenvolvimento; por exemplo, indivíduos com transtorno do espectro autista frequentemente apresentam deficiência intelectual (transtorno do desenvolvimento intelectual), e muitas crianças com transtorno de déficits de atenção/hiperatividade (TDAH) apresentam também um transtorno específico da aprendizagem.

No caso de alguns transtornos, a apresentação clínica inclui sintomas tanto de excesso quanto de déficits e atrasos em atingir os marcos esperados. Por exemplo, o transtorno do espectro autista somente é diagnosticado quando os déficits característicos de comunicação social são acompanhados por comportamentos excessivamente repetitivos, interesses restritos e insistência nas mesmas coisas.

Transtorno do Espectro Autista 
Segundo o DSM-5, o Transtorno do Espectro Autista caracteriza-se por déficits persistentes na comunicação social e na interação social em múltiplos contextos, incluindo déficits na reciprocidade social, em comportamentos não verbais de comunicação usados para interação social e em habilidades para desenvolver, manter e compreender relacionamentos.

Além dos déficits na comunicação social, o diagnostico do Transtorno do Espectro Autista requer a presença de padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses ou atividades. Considerando que os sintomas mudam com o desenvolvimento, podendo ser mascarados por mecanismos compensatórios, os critérios diagnósticos podem ser preenchidos com base em informações retrospectivas, embora a apresentação atual deva causar prejuízo significativo.

Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade
Ainda segundo o DSM-5, o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é um transtorno do neurodesenvolvimento definido por níveis prejudiciais de desatenção, desorganização e/ou hiperatividade-impulsividade. Desatenção e desorganização, incapacidade de permanecer em uma tarefa, aparência de não ouvir e perda de materiais em níveis inconsistentes com a idade ou o nível de desenvolvimento.

Hiperatividade-impulsividade implicam atividade excessiva, inquietação, incapacidade de permanecer sentado, intromissão em atividades de outros e incapacidade de aguardar – sintomas que são excessivos para a idade ou o nível de desenvolvimento. Na infância, o TDAH frequentemente se sobrepõe a transtornos em geral considerados “de externalização”, tais como o transtorno de oposição desafiante e o transtorno da conduta. O TDAH costuma persistir na vida adulta, resultando em prejuízos no funcionamento social, acadêmico e profissional.

Atraso Global do Desenvolvimento
O DSM-5 considera o diagnostico de Atraso Global do Desenvolvimento para indivíduos com menos de 5 anos de idade, quando o nível de gravidade clinica não pode ser avaliado de modo confiável durante a primeira infância.
Esta categoria é diagnosticada quando um indivíduo fracassa em alcançar os marcos do desenvolvimento esperados em várias áreas da função intelectual, sendo aplicada a pessoas que não são capazes de passar por avaliações sistemáticas do funcionamento intelectual, incluindo crianças jovens demais para participar de testes padronizados. É uma categoria que requer reavaliações após um período de tempo.

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6. – Provocar dano a si mesmo
Isso pode acontecer nos Transtornos do Controle dos Impulsos, por exemplo, na Tricotilomania (arrancar cabelos e pelos), na Auto-Escoriação da pele, na Automutilação, nas atitudes de vômito da Bulimia. Esses comportamentos auto-prejudiciais fazem parte dos transtornos classificados no Espectro Obsessivo-Compulsivo.

Transtornos de Personalidade graves, como por exemplo, o transtorno histérico e o transtorno borderline, ambas com início na infância e adolescência, proporcionam comportamento teatral de auto-agressividade e ferimentos auto provocados com propósitos de manipulação do entorno.

7. – Pensamentos de morte e/ou suicidas
Pensar na morte não é mesma coisa que pensar em suicídio. Pessoas deprimidas podem pensar que preferiam estar mortas, embora não pensem em se matar. O suicida, por sua vez, pensa em se matar.

A Depressão é a principal patologia relacionada à ideia de morte ou pensamento suicida. Não obstante, as psicoses também podem levar ao suicídio, geralmente decorrente de um delírio bizarro.

8. – Comportamento sexualizado excessivo e/ou precoce
A expressiva maioria dos casos de atividade sexual precoce, notadamente nas meninas, parece ser estimulada pelas próprias mães. Estas, talvez devido a alguma fantasia íntima, acabam por estimular suas filhas a parecerem atrizes de novela, apresentadoras de TV ou outras personagens da mídia com notório apelo sexual. Esse fenômeno tem sido relacionado ao aumento na incidência de Puberdade Precoce e na precocidade da idade de iniciação sexual.

Fora esses casos de conotação cultural, o Transtorno de Conduta é a condição mórbida mais associada ao comportamento hipersexualizado em meninas e meninos. Em segundo lugar vem o Transtorno Afetivo Bipolar do adolescente, durante a fase de euforia, fortemente relacionado ao aumento da libido. Finalmente, alguns casos de Retardo Mental são também associados ao comportamento hipersexualizado.

9. – Mentiras, fugas, embuste
Essas atitudes costumam aparecer nos transtornos do caráter, como por exemplo, no Transtorno de Conduta e, em alguns casos, nas depressões com prejuízo da autoestima.

Os pais, muitas vezes por conta do natural envolvimento afetivo, podem não perceber, não reconhecer ou não aceitar os problemas emocionais em seus filhos. Mas isso não exclui a existência de tais problemas, apenas retarda seu tratamento. Quanto aos educadores, muitas vezes são eles os primeiros a observar os sintomas iniciais de um problema psiquiátrico na infância e adolescência. Essa facilidade se deve, entre outras razões, ao fato de poderem ter uma crítica mais desapaixonada da conduta da criança ou do adolescente.

Uma doença psiquiátrica na criança ou no adolescente quando diagnosticada e tratada a tempo pode evitar importantes sequelas na vida adulta. É fundamental detectar o problema e consultar com um especialista.

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DIFERENÇAS ENTRE DEFICIÊNCIA MENTAL E AUTISMO

CARACTERÍSTICAS DEFICIÊNCIA AUTISMO
Graves alterações na conduta de interação. Pouco freqüente Freqüente, é parte do quadro autista.
Coordenação visual-motriz Ma habilidade Boa habilidad e
Memória na aprendizagem de palavras. Pouco freqüente Muito freqüente
Ecolalia Pouco freqüente Muito freqüente
Adquisição de hábitos de limpeza Dificultosa Mais dificultosa ainda
Comportamento autoagressivo. Pode ocorrer Muito freqüente
Capacidade de narração Depende do nível do déficit Pode ocorrer
Capacidade de atenção Pode se conseguir Conduta alterada
Evolução da linguagem Depende do nível do déficit Possível perda funcional da lenguagem
Coeficiente Intelectual Homogeneidade Baixo mas pode ser superior ao dos deficientes
Conduta de relação Depende do nível do déficit Pouco freqüente
Alterações morfológicas Freqüente Não ocorre

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para referir:
Ballone GJ – Infância e Adolescência – in. PsiqWeb, Internet, disponível em http://www.psiqweb.net, revisto em 2020.

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