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Convencionalmente o Transtorno de Conduta só pode ser diagnosticado nos comportamentos sociopáticos antes da maioridade (18 anos), depois dessa idade será chamado de Transtorno Antissocial da Personalidade.
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Dentro da psiquiatria da infância e da adolescência, um dos quadros mais problemáticos tem sido o chamado Transtorno de Conduta, anteriormente (e apropriadamente) chamado de Delinquência, o qual se caracteriza por um padrão repetitivo e persistente de conduta antissocial, agressiva ou desafiadora. E este é um diagnóstico problemático, exatamente por situar-se nos limites da psiquiatria com a moral e a ética, sem contar as tentativas de atribuir à delinquência aspectos também políticos.
Sem dúvida, trata-se de um sério problema comportamental, entretanto, muitos autores se recusam a considerá-lo uma doença, uma patologia capaz de isentar seu portador da responsabilidade civil por seus atos. De fato, soa estranho considerar “doença” um quadro onde o único sintoma é uma inclinação voraz ao delito. No mínimo, seria de bom senso à medicina ter em mente que, “para problemas médicos aplicam-se soluções médicas e para problemas éticos… devem ser aplicadas soluções éticas”.
Para ser considerado Transtorno de Conduta esse tipo de comportamento problemático deve alcançar violações importantes, além das expectativas apropriadas à idade da pessoa e, portanto, de natureza mais grave que as travessuras ou rebeldia normais de um adolescente. Este tipo comportamento delinquencial, assim como acontece no Transtorno Antissocial dos adultos, parece preocupar muito mais os outros do que a própria criança ou adolescente que sofre da perturbação.
O portador de Transtorno de Conduta não tem consideração pelos sentimentos, direitos e bem estar dos outros, faltando-lhe um sentimento apropriado de culpa e remorso que caracteriza as “boas pessoas”. Normalmente há, nesses delinquentes, uma demonstração de comportamento insensível, além do hábito de acusar seus companheiros ou tentar culpar qualquer outra pessoa ou circunstância por suas eventuais más ações.
A baixa tolerância a frustrações das pessoas com Transtorno de Conduta favorece as crises de irritabilidade, explosões temperamentais e agressividade exagerada, parecendo, muitas vezes, uma espécie de comportamento vingativo e desaforado. Essas crianças ou adolescentes costumam apresentar precocemente um comportamento violento, reagindo agressivamente a tudo e a todos, supervalorizando o seu exclusivo prazer, ainda que em detrimento do bem-estar alheio.
Entende-se por “baixa tolerância a frustrações” uma incapacidade em tolerar as dificuldades existenciais comuns a todas as pessoas que vivem em sociedade, uma falta de capacidade em lidar com os problemas do cotidiano ou com as situações onde as coisas não saem de acordo com o desejado.
Elas podem também exibir um comportamento de provocação, ameaça ou intimidação, podem iniciar lutas corporais frequentemente, inclusive com eventual uso de armas ou objetos capazes de causar sério dano físico, como por exemplo, tacos e bastões, tijolos, garrafas quebradas, facas ou mesmo arma de fogo.
Outra característica no comportamento do portador de Transtorno de Conduta é a crueldade com outras pessoas e/ou com animais. Não é raro que a violência física possa assumir a forma de estupro, agressão ou, em outros casos, homicídio.
O padrão de comportamento no Transtorno de Conduta se caracteriza pela violação dos direitos básicos dos outros e das normas ou regras sociais. Esse comportamento pode ser agrupado em 4 tipos principais:
1. conduta agressiva que causa ameaça ou danos a outras pessoas e/ou animais;
2. conduta não-agressiva, mas que causa perdas ou danos a propriedades;
3. inclinação à fraudes e/ou furto e;
4. violações habituais de regras.
As perturbações do comportamento no Transtorno de Conduta acabam por causar sérios prejuízos no funcionamento social, acadêmico ou ocupacional, favorecendo uma espécie de círculo vicioso: transtornos de conduta, prejuízo sócio-ocupacional, repressões sociais, rebeldia, mais transtorno de conduta.
O Transtorno de Conduta é um diagnóstico especialmente infantil ou da adolescência pois, depois dos 18 anos, persistindo os sintomas básicos (contravenção), o diagnóstico deve ser alterado para Transtorno da Personalidade Antissocial.
Outra característica do Transtorno de Conduta é que esse padrão sociopático de comportamento costuma estar presente numa variedade de contextos sociais e não apenas em algumas circunstâncias, ou seja, não se manifesta só na escola, nem só no lar, na rua… O portador desse transtorno causa mal estar e rebuliço na comunidade em geral.
O diagnóstico de Transtorno de Conduta deve ser feito muito cuidadosamente, tendo em vista a possibilidade dos sintomas serem indício de alguma outra patologia, como por exemplo, o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade, ou Retardo Mental, Episódios Maníacos do Transtorno Afetivo Bipolar ou mesmo a Esquizofrenia. Devido à excelente capacidade das pessoas com Transtorno de Conduta manipular o ambiente e dissimular seus comportamentos antissociais, o psiquiatra precisa recorrer a informantes para avaliar com mais precisão o quadro clínico.
A destruição deliberada da propriedade alheia também é um aspecto característico do Transtorno de Conduta, podendo incluir a provocação deliberada de incêndios com a intenção de causar sérios danos ou destruição de propriedade de outras maneiras, como por exemplo, quebrar vidros de automóveis, praticar vandalismo na escola, etc.
Atualmente a psiquiatria tende a considerar dois subtipos de Transtorno de Conduta com base na idade de início, isto é, o Tipo com Início na Infância e Tipo com Início na Adolescência. Ambos os subtipos podem ocorrer de 3 formas: leve, moderada ou severa. De qualquer forma, convencionalmente o Transtorno de Conduta só pode ser diagnosticado nos comportamentos sociopáticos antes da maioridade (18 anos), depois dessa idade será chamado de Transtorno Antissocial da Personalidade.
Os Transtornos de Conduta se situam nos limites da psiquiatria com a moral e a ética porque parte do diagnóstico desses casos se baseia em conceitos sociológicos, uma vez que consideram as consequências das atitudes sociais divergentes e mal adaptadas sobre a avaliação das pessoas. O comportamento de portadores de Transtorno de Conduta é definitivamente “mau” para todos os envolvidos.
O resultado desse tipo de conduta, além dos dissabores à convivência social, acaba por determinar investimentos em classes de educação especial, colocações em lares adotivos, hospitais e clínicas psiquiátricas e programas de tratamento de abuso de substâncias, cadeias, além da periculosidade social à qual toda sociedade se sujeita. Mesmo que esses comportamentos da infância e da adolescência desapareçam com a idade – o que não é o mais comum – muitas vezes deixam importantes cicatrizes policiais, jurídicas, familiares e sociais durante toda a idade adulta. Se eles persistirem (transformando-se em Transtornos Antissocial da Personalidade), a regra será perda de emprego, crimes, prisão e falhas terríveis de relacionamentos.
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Aspectos sociais nos delinquentes
Defasagem escolar e problemas na família são características presentes na maioria dos jovens infratores, segundo pesquisa de psicólogas* pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Mais importante do que as condições socioeconômicas, a falta de interação entre pais e filhos, a existência de parentes com problemas psicopatológicos e os problemas escolares são fatores determinantes para a inserção dos jovens no mundo do crime.
A psicóloga analisou 40 jovens em situação de risco entre 12 e 18 anos das cidades de Santos e São Paulo com situações econômicas semelhantes.
Os santistas fazem parte de um grupo de infratores que respondiam processo na justiça por uso de drogas, furto e assalto. Já os paulistanos não eram infratores e frequentavam o Centro de Atendimento e Apoio ao Adolescente (CAAA), da Unifesp.
Os dados apontam que 35% dos infratores possuem algum tipo de problema familiar. No grupo de não-infratores apenas 8,7% apresentam o mesmo distúrbio. “Há, principalmente, uma grande quantidade de famílias monoparentais (só um dos pais) entre os adolescentes que cometeram crimes”, afirma Maria Delfina.
O problema nessa organização familiar, segundo a pesquisadora, está na sobrecarga de atividades para o chefe do núcleo familiar e a atribuição precoce de responsabilidades para o adolescente.
Entre os grupos dos paulistanos, não-infratores, o número de adolescentes provenientes de famílias biparentais (com os 2 pais) é de 73% contra 29% dos infratores que vivem na mesma situação.
Um número que assustou a pesquisadora diz respeito à presença de familiares próximos dos jovens infratores com problemas mentais. Nas entrevistas, mais de 35% dos jovens afirmaram ter parentes com problemas como o alcoolismo ou vício em drogas.
Outro fator de risco para a inserção desses jovens na criminalidade é a defasagem escolar. No grupo de infratores, apenas dois dos entrevistados tinham concluído o Ensino Fundamental. A maioria era multirrepetente e apresentava histórico de não adaptação ao cotidiano escolar.
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* – Maria Delfina Farias Dias Tavares da Silva, Maria Aznar Farias, Edwiges Ferreira de Mattos Silvares, Mariana Castro Arantes. Adversidade familiar e problemas comportamentais entre adolescentes infratores e não-infratores. Psicologia em Estudo 2008, 13 (4)
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Crianças que desenvolvem padrões duradouros de comportamentos agressivos, os quais começam no início da infância e violam os direitos básicos dos pares, professores e familiares, contudo, podem ser consideradas portadoras de um padrão de comportamento diagnosticado como Transtorno de Conduta ao longo do tempo.
Ainda há controvérsia sobre aquilo diagnosticado como Transtorno de Conduta tratar-se, de fato, de um conjunto de comportamentos “voluntários”, não psicopatológicos mais bem explicado como respostas mal-adaptativas a eventos adversos, a criação dura ou punitiva ou a um ambiente ameaçador.
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Tipo Com Início na Infância
Neste tipo de Transtorno de Conduta um dos critérios de diagnóstico é que ele aparece antes dos 10 anos. Os portadores de Transtorno de Conduta com Início na Infância são, em geral, do sexo masculino, frequentemente demonstram agressividade física, têm relacionamentos perturbados com seus pais, irmãos e colegas, podem ter, concomitantemente, um Transtorno Desafiador Opositivo.
Geralmente apresentam sintomas que satisfazem todos os critérios para Transtorno de Conduta antes da puberdade. E esses indivíduos que satisfazem os critérios de diagnóstico para Transtorno de Conduta estão mais propensos a desenvolverem o Transtorno da Personalidade Antissocial na idade adulta.
Com Início na Adolescência
Este tipo de Transtorno de Conduta, ao contrário do anterior, se caracteriza pela ausência de sinais característicos da conduta sociopática antes dos 10 anos de idade. Em comparação com o Transtorno de Conduta com Início na Infância, esses indivíduos estão menos propensos a apresentar comportamentos agressivos e tendem a ter relacionamentos mais normais com seus familiares e colegas. Quanto mais tardio for o início do quadro, menos propensos estão as pessoas de desenvolver um Transtorno da Personalidade Antissocial na idade adulta. Aqui a incidência entre homens e mulheres é quase o mesmo.
Níveis de Gravidade
Leve
No nível leve do Transtorno de Conduta há poucos problemas de comportamento, e tais problemas causam danos relativamente pequenos a outros, tais como, por exemplo, mentiras, gazetas à escola, permanência na rua à noite sem permissão.
Moderado
O número de problemas de conduta e o efeito sobre os outros são intermediários entre “leves” e “severos”, onde já pode haver furtos sem confronto com a vítima, vandalismo, uso de fumo e/ou outra droga.
Severo
Muitos problemas de conduta estão presentes na forma severa do Transtorno de Conduta, problemas que causam danos consideráveis a outros, tais como, sexo forçado, crueldade física, uso de arma, roubo com confronto com a vítima, arrombamento e invasão.
Classificação
Uma das dúvidas de quem não está familiarizado com os Transtornos de Conduta é saber onde, dentro da psiquiatria, se classificam esses quadros. Essa categoria de diagnóstico é classificado naquilo que chamamos de Transtornos Disruptivos, do Controle de Impulsos e da Conduta, segundo o DSM-5. Esse tópico da classificação engloba os seguintes diagnósticos:
– Transtorno de Desafio Opositivo
– Transtorno de Explosão Intermitente
– Transtorno de Conduta
– Transtorno da Personalidade Dissocial
– Transtorno do Comp. de Disrupção Sem Outra Especificação
Na CID.10 os Transtorno de Conduta são chamados de Distúrbios de Conduta e estão classificados como uma categoria isolada no código F91.
Uma vez que o Transtorno de Conduta se manifesta, há uma forte tendência do entorno sócio-familiar reagir. Essa resposta da família, da escola, dos pares, do sistema policial e da justiça criminal podem acompanhar a pessoa a vida toda, empurrando-o definitivamente para a marginalidade.
O diagnóstico da sociopatia pode ser feito ainda na infância ou adolescência. Inicialmente ela começa com delinquência infanto-juvenil. A sociopatia da infância e adolescência é classificado como Transtorno do Comportamento Disruptivo, no subtipo Transtorno da Conduta e pode ser subdividido nos seguintes tipos:
1- Transtorno de conduta restrito ao contexto familiar;
2- Transtorno de conduta não-socializado;
3- Transtorno de conduta socializado;
4- Transtorno desafiador de oposição;
5- outros e não especificado
A característica essencial do Transtorno da Conduta é um padrão repetitivo e persistente de comportamento no qual são violados os direitos básicos dos outros ou normas ou regras sociais importantes apropriadas à idade.
Uma outra classificação subdivide o Transtorno de Conduta nos seguintes tipos:
A – conduta agressiva, aquela capaz de causar ou mesmo ameaçar danos físicos a outras pessoas ou a animais;
B – conduta não-agressiva, causadora de perdas ou danos a propriedades e;
C – defraudação ou furto que reflete sérias violações de regras.
O padrão delinquencial de comportamento costuma estar presente em varias circunstâncias, tais como em casa, na escola ou comunidade e as informações necessárias à anamnese devem ser colhidas com familiares ou outros informantes, tendo em vista o fato desses indivíduos tenderem a minimizar seus problemas de conduta.
Esses pacientes infantis ou adolescentes costumam exibir um comportamento de provocação, ameaça ou intimidação, traduzindo um comportamento agressivo e reações também agressivas aos outros. Não é raro que eles provoquem lutas corporais, usem alguma arma capaz de causar sério dano físico (desde pedra, canivete, pedaços de pau até armas de fogo).
Outra característica dos delinquentes é a capacidade de serem fisicamente cruéis com pessoas ou animais, de roubarem e de forçarem alguém a manter atividade sexual consigo. Desta forma, quando adolescentes, a violência física pode assumir a forma de estupro, agressão ou, em certos casos, até de homicídio.
A destruição deliberada da propriedade alheia também é um aspecto característico do Transtorno de Conduta, assim como o incendiarismo, a depredação, a quebra de vidros de automóveis e o vandalismo. Mentir ou romper promessas para obter vantagens ou complacência do ambiente ou para evitar débitos ou obrigações também é freqüente.
O Transtorno de Conduta (sociopata infantil) frequentemente se inicia antes dos 13 anos e muitos pacientes começam o quadro permanecendo fora de casa até tarde da noite, apesar de proibições dos pais, fugindo de casa durante a noite ou outros tipos de desobediência às normas, sejam elas domésticas ou escolares. Não se considera para diagnóstico os episódios de fuga que ocorrem como consequência direta de abuso físico ou sexual contra o paciente.
Alguns autores preferem a denominação de Delinquência para o Transtorno de Conduta, muito sugestivo, apesar de pouco elegante. As condutas provenientes deste transtorno são normalmente mais graves que as travessuras comuns das crianças e adolescentes.
Legalmente o termo “delinquência” refere-se à transgressão das leis normativas de um determinado lugar por pessoa abaixo de determinada idade definida (16, 18 ou 21 anos). O mesmo ato praticado depois desta idade denomina-se crime. Percebe-se então, que o termo “delinquência” pode não completar a ideia atrelada aos Transtornos de Conduta, já que muitos atos praticados têm apenas um caráter ético, não jurídico.
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Diagnóstico desde a infância
O diagnóstico da sociopatia pode ser feito ainda na infância ou adolescência. Inicialmente ela começa com delinquência infanto-juvenil. A sociopatia da infância e adolescência é classificado como Transtorno do Comportamento Disruptivo, no subtipo Transtorno da Conduta e pode ser subdividido nos seguintes tipos:
1- Transtorno de conduta restrito ao contexto familiar;
2- Transtorno de conduta não-socializado;
3- Transtorno de conduta socializado;
4- Transtorno desafiador de oposição;
5- outros e não especificado
A característica essencial do Transtorno da Conduta é um padrão repetitivo e persistente de comportamento no qual são violados os direitos básicos dos outros ou normas ou regras sociais importantes apropriadas à idade.
Uma outra classificação subdivide o Transtorno de Conduta nos seguintes tipos:
- a conduta agressiva, aquela capaz de causar ou mesmo ameaçar danos físicos a outras pessoas ou a animais;
- a conduta não-agressiva, causadora de perdas ou danos a propriedades e;
- a defraudação ou furto que reflete sérias violações de regras.
O padrão delinquencial de comportamento costuma estar presente em varias circunstâncias, tais como em casa, na escola ou comunidade e as informações necessárias à anamnese devem ser colhidas com familiares ou outros informantes, tendo em vista o fato desses indivíduos tenderem a minimizar seus problemas de conduta.
Esses pacientes infantis ou adolescentes costumam exibir um comportamento de provocação, ameaça ou intimidação, traduzindo um comportamento agressivo e reações também agressivas aos outros. Não é raro que eles provoquem lutas corporais, usem alguma arma capaz de causar sério dano físico (desde pedra, canivete, pedaços de pau até armas de fogo).
Outra característica dos delinquentes é a capacidade de serem fisicamente cruéis com pessoas ou animais, de roubarem e de forçarem alguém a manter atividade sexual consigo. Desta forma, quando adolescentes, a violência física pode assumir a forma de estupro, agressão ou, em certos casos, até de homicídio.
A destruição deliberada da propriedade alheia também é um aspecto característico do Transtorno de Conduta, assim como o incendiarismo, a depredação, a quebra de vidros de automóveis e o vandalismo. Mentir ou romper promessas para obter vantagens ou complacência do ambiente ou para evitar débitos ou obrigações também é freqüente.
O Transtorno de Conduta (sociopata infantil) frequentemente se inicia antes dos 13 anos e muitos pacientes começam o quadro permanecendo fora de casa até tarde da noite, apesar de proibições dos pais, fugindo de casa durante a noite ou outros tipos de desobediência às normas, sejam elas domésticas ou escolares. Não se considera para diagnóstico os episódios de fuga que ocorrem como consequência direta de abuso físico ou sexual contra o paciente.
Alguns autores preferem a denominação de Delinquência para o Transtorno de Conduta, muito sugestivo, apesar de pouco elegante. As condutas provenientes deste transtorno são normalmente mais graves que as travessuras comuns das crianças e adolescentes.
Legalmente o termo “delinquência” refere-se à transgressão das leis normativas de um determinado lugar por pessoa abaixo de determinada idade definida (16, 18 ou 21 anos). O mesmo ato praticado depois desta idade denomina-se crime. Percebe-se então, que o termo “delinquência” pode não completar a ideia atrelada aos Transtornos de Conduta, já que muitos atos praticados têm apenas um caráter ético, não jurídico.
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Antissocial desde cedo.
Desde a infância o sociopata mostra sinais de desajustamento comportamental e emocional. Esse tipo de personalidade mórbida caracterizado por imaturidade emocional, impulsividade, primitividade, instintividade leva o nome de Transtorno de Conduta. Convencionalmente até a pessoa atingir a maioridade, daí em diante será Transtorno Antissocial.
As regras de conduta que imponham limitações e educação social não são aprendidas. Explosão de raiva, obstinação na adolescência, roubo, jogo, destruição de propriedade, brigas, desafios, mentiras, rebeldia, tudo conjugado entre o orgulho e a excentricidade. Rebeldia ostensiva contra o pai e se transfere para professores e competidores. Atitudes desafiadoras marcarão os relacionamentos.
Fraudes, sadismo, passam a atender seus desejos. A ausência de afetividade, egoísmo, narcisismo, exibicionismo, são traços frequentes. Via de regra o sociopata exige muito e pouco dá. O excesso de exigência é característica importante. Não tem consciência crítica, é incapaz de se colocar no lugar do outro para avaliar o seu próprio comportamento.
Apesar da evidente nocividade e inadequação da sua conduta, sempre está satisfeito com ela. Não demonstra ansiedade, culpa ou remorso, sua ardilosidade pode resultar na atribuição se seus erros à outras pessoas.
Satisfazer de imediato seus desejos é uma das características marcantes, sem nenhuma preocupação quanto aos sentimentos daqueles com quem se relacionam. Isso faz com que não mantenham relações afetivas estáveis.
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Sintomas
As pessoas com Transtorno de Conduta costumam ter pouca empatia e pouca preocupação pelos sentimentos, desejos e bem-estar dos outros. Elas podem ter uma sensibilidade grosseira para as questões sentimentais e emocionais (dos outros) e não possuem sentimentos próprios e apropriados de culpa, ética, moral ou remorso. Entretanto, como essas pessoas são extremamente manipuladoras e aprendem que a expressão de culpa pode reduzir ou evitar punições, não titubeiam em demonstrarem remorso sempre que isso resultar em benefício próprio.
Por outro lado, costumam delatar facilmente seus companheiros e tentar culpar outras pessoas por seus atos. Uma característica marcante nesse quadro é a baixíssima tolerância à frustração, irritabilidade, acessos de raiva e imprudência quando contrariados. O Transtorno de Conduta está frequentemente associado com um início precoce de comportamento sexual, consumo de álcool, uso de substâncias ilícitas e atos imprudentes e arriscados.
Os comportamentos do Transtorno de Conduta podem levar à suspensão ou expulsão da escola, problemas de ajustamento no trabalho, dificuldades legais, doenças sexualmente transmissíveis, gravidez não planejada e ferimentos por acidentes ou lutas corporais.
Os sintomas do transtorno variam com a idade, à medida que o indivíduo desenvolve maior força física, capacidades cognitivas e maturidade sexual. Comportamentos menos severos (por ex., mentir, furtar em lojas, entrar em lutas corporais) tendem a emergir primeiro, enquanto outros (por ex., roubo, estupro…) tendem a manifestar-se mais tarde. Entretanto, existem amplas diferenças entre os indivíduos, sendo que alguns se envolvem em comportamentos mais prejudiciais em uma idade mais precoce.
Curso e Prevalência
O diagnóstico de Transtorno de Conduta é importante, tendo em vista o grande número de encaminhamentos psiquiátricos motivados por comportamentos antissociais e agressivos, notadamente depois da criação do Estatuto do Menor e do Adolescente.
Interessa ao sistema (família, juizado de menores e polícia, nessa ordem) que adolescentes problemáticos sejam deixados aos cuidados médicos e psiquiátricos, poupando a muitos o dissabor de se deparar com o fato de “não ter o que fazer”. Boa parte da importância do diagnóstico está no fato de, muito frequentemente, o Transtorno de Conduta ser um precursor do Transtorno Antissocial no adulto.
De modo geral, é muito incomum encontrar um adulto com Transtorno Antissocial da personalidade na ausência de uma história pregressa Transtorno de Conduta na infância ou adolescência. Apesar dos modismos atrelados ao comportamento inconsequente e irrequieto da juventude, as estatísticas sobre a delinquência refletem o fato de que, embora algum tipo de comportamento delinquente seja relativamente comum na adolescência, apenas um pequeno percentual de jovens torna-se infrator crônico ou antissocial depois de adulto.
Há alguma crença de que o Transtorno de Conduta seja mais freqüente nas classes sociais mais baixas, notadamente em famílias que apresentam, concomitantemente, instabilidade familiar, desorganização social, alta mortalidade infantil e incidência mais alta de doenças mentais graves.
Entretanto, essa não é uma opinião unânime, acreditando-se que entre o comportamento delinquencial das classes mais baixas e mais altas haja diferenças apenas no modo de apresentação do comportamento, sugerindo assim uma falsa ideia de que os mais pobres têm mais esse transtorno.
A prevalência do Transtorno de Conduta tem aumentado nas últimas décadas, podendo ser superior em circunstâncias urbanas, em comparação com a rural. As taxas variam amplamente, mas têm sido registradas, para os homens com menos de 18 anos, taxas que variam de 6 a 16%; para as mulheres, as taxas vão de 2 a 9%. O Transtorno de Conduta pode se iniciar já aos 5 ou 6 anos de idade, mas habitualmente aparece ao final da infância ou início da adolescência.
O início após os 16 anos é raro. Alguns pesquisadores creem que a maioria dos portadores do Transtorno de Conduta apresenta remissão na idade adulta, entretanto, trata-se de uma visão otimista e reflete mais um erro de diagnóstico que uma evolução benéfica do quadro.
O início muito precoce indica um pior prognóstico e um risco aumentado de Transtorno Antissocial da Personalidade e/ou Transtornos Relacionados a Substâncias na vida adulta. As pessoas que não apresentam mais o quadro delinquencial depois de adulto eram, exatamente, aquelas que tinham essa postura motivada por modismo ou adequação ao grupo social. De fato, não se tratava de Transtorno de Conduta propriamente dito.
É por isso que muitos indivíduos com Transtorno de Conduta, particularmente aqueles com Início na Adolescência e aqueles com sintomas mais leves conseguem um ajustamento social e profissional satisfatório na idade adulta. Na verdade, uma proporção substancial de pessoas diagnosticadas com o Transtorno de Conduta continua apresentando, na idade adulta, comportamentos próprios do Transtorno Antissocial da Personalidade.
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Diagnóstico – algumas características
Devem estar presentes algumas características importantes para o diagnóstico:
1. Roubo sem confrontação com a vítima em mais de uma ocasião, incluindo falsificação.
2. Fuga de casa durante a noite, pelo menos duas vezes enquanto vivendo na casa dos pais ou em um lar adotivo, ou uma vez sem retornar.
3. Mentira freqüente.
4. Envolvimento deliberadamente em provocações de incêndio.
5. Mata aulas frequentemente ou, para pessoa mais velha, ausência ao trabalho.
6. Violação de casa, edifício ou carro de uma outra pessoa.
7. Destruição deliberadamente de propriedade alheia.
8. Crueldade física com animais.
9. Forçar alguma atividade sexual com ele ou ela.
10. Uso de arma em mais de uma briga.
11. Frequentemente inicia lutas físicas.
12. Roubo com confrontação da vítima.
13. Crueldade física com pessoas.
Causas
Não está estabelecida ainda uma causa única para o Transtorno de Conduta. Uma multiplicidade de diferentes tipos de estressores sociais e a vulnerabilidade de personalidade parecem associados com esses comportamentos antissociais. Durante muitos anos, as teorias sobre comportamentos eram de natureza sociológica.
Atualmente os sociólogos têm se mostrado mais dispostos a considerar como fatores causais a integração entre características individuais e forças ambientais. Certamente devem influenciar no desenvolvimento do Transtorno de Conduta as atitudes e comportamentos familiares, assim como a exclusão socioeconômica, a má distribuição de rendas, a inversão dos valores, a desestrutura familiar e mais um sem número de ocorrências sociais, políticas e econômicas propaladas por pesquisadores das mais variadas áreas.
De qualquer forma essas tentativas de explicações causais são sempre muito vagas e imprecisas. É difícil estabelecer claras relações causais entre condições familiares adversas e caóticas com delinquência, pois, como se exige em medicina, não se observa constância satisfatória dessa regra e, muitas vezes, jovens provenientes de famílias conturbadas ou mesmo sem famílias não desenvolvem a delinquência, enquanto seus irmãos, que vivenciam o mesmo ambiente sim.
Observa-se, variavelmente em diversas estatísticas, que muitos pais de delinquentes sofrem de psicopatologias‚ assim como histórias de crianças com perturbações comportamentais graves podem revelar, muitas vezes, um quadro de abuso físico e/ou sexual por adultos, geralmente os pais e padrastos.
Existem estudos mostrando relações entre certos tipos de violência episódica e transtornos do sistema nervoso central, particularmente do sistema límbico. Alguns portadores de Transtornos de Conduta podem mostrar, no exame clínico, sinais e sintomas indicativos de algum tipo de disfunção cerebral.
A etiologia dos padrões duradouros de comportamento agressivo é amplamente aceita como uma convergência de múltiplos fatores contribuintes, incluindo condições biológicas, temperamen- tais, aprendidas e psicológicas. Fatores de risco para esse compor- tamento em jovens incluem maus-tratos infantis, como abuso físico ou sexual, negligência, abuso emocional e criação excessivamente punitiva.
Os fatores de risco mais importantes que predizem transtorno da conduta incluem impulsividade, abuso físico ou sexual ou negligência, baixa supervisão parental ou disciplina parental rígida e punitiva, baixo quociente de inteligência (QI) e baixo desempenho escolar.
Também a exposição crônica a violência na mídia, incluindo televisão, videogames e clipes musicais, demonstrou promover níveis reduzidos de empatia em crianças pode adicionar um fator de risco para o desenvolvimento de comportamento agressivo.
Uma das ocorrências neuropsiquiátricas mais comumente encontradas nos Transtornos de Conduta é o de Hiperatividade com Déficit de Atenção, outras vezes o diagnóstico se confunde com casos atípicos de depressão grave em crianças e adolescentes.
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Ballone GJ – Transtorno de Conduta – in. PsiqWeb, Internet, disponível em http://www.psiqweb.net/ revisto em 2020.
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