Lúpus, imunidade e emoções

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Há cada vez mais interesse científico nos mecanismos psicoimunológicos. Esses conhecimentos proporcionam uma visão mais ampla e holística do paciente e exige grupos multidisciplinares para um tratamento mais completo ao paciente.

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Já é conhecimento científico constatado que as pessoas deprimidas estão mais sujeitas à infecções de variadas naturezas: herpes, enterocolites, erisipelas, infecções urinárias, ginecológicas e assim por diante. Relacionar a Imunologia com a psiquiatria tem sido fácil, cientificamente muito atraente e extremamente didático. A imunopsiquiatria sugere fortemente que o termo Depressão não se restringe ao mundo psíquico.

É no Sistema Límbico (área nobre do cérebro) que tem início a função neuropsíquica de avaliar a situação, os fatos e os eventos de vida. Esse modo de avaliação sempre leva em consideração vários elementos, como por exemplo, a personalidade, as experiências vividas, as circunstâncias atuais, as normas culturais. Acontecem também a partir do Sistema Límbico as diversas interações entre os sistemas nervoso, endócrino e imunológico, fazendo interagir as percepções córticocerebrais com o hipotálamo.

O Estresse, por sua vez, seja ele de natureza física, psicológica ou social, é um termo que compreende um vasto conjunto de reações fisiológicas, as quais, sendo exageradas em intensidade e duração, acabam por causar desequilíbrio no organismo, frequentemente com efeitos danosos.

As primeiras constatações do Estresse emocional foram relatadas a partir de 1943, quando então se comprovou um aumento da excreção urinária dos hormônios da glândula suprarrenal (cortisol e adrenalina) em pilotos e instrutores aeronáuticos em vôos simulados. Alguns anos antes essas alterações já haviam sido suspeitadas pesquisando competidores de natação momentos antes das provas.

O conceito original de Estresse, entretanto, foi apresentado antes (1936) pelo pesquisador canadense de origem francesa Hans Selye, a partir de experimentos em que animais eram submetidos a situações agressivas diversas (estímulos estressores) e cujos organismos respondiam sempre de forma regular e específica.

Selye descreveu toda ocorrência do Estresse sob o nome de Síndrome Geral de Adaptação, com três fases sucessivas: alarme, resistência e esgotamento. Após a fase de esgotamento, observava o surgimento de algumas doenças, tais como a úlcera péptica, a hipertensão arterial, artrites e lesões miocárdicas .

Como já ressaltamos em outros textos, mais importantes que os estímulos objetivamente tidos como estressores, são os estímulos estressores avaliados e julgados como tais pelas diferentes pessoas. Veja em Estresse – Fisiopatologia.

Existe uma sensibilidade afetiva, pessoal e particular em cada pessoa, constituindo uma capacidade de avaliar e conjunto de mecanismos reativos dos quais o organismo lança mão diante de agentes particularmente percebidos como estressores. Isso tudo caracteriza a forma como cada pessoa avalia e lida com situações e circunstâncias de sua realidade.

Essa sensibilidade pessoal à realidade explica por que avaliamos desta ou daquela forma as situações tidas como desafiadoras, enfrentando-as ou não e reagindo à elas de maneiras particulares e pessoais “permitindo” assim que essas circunstâncias exerçam maior ou menor repercussão sobre o organismo.

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Estresse e imunidade

A psicoimunologia mostra que o estresse prolongado e a imunidade baixa têm estreita ligação. Vê-se continuamente a comprovação dessas relações imuno-emocionais, principalmente observando-se situações estressantes e emocionais naturais tais com, luto, brigas conjugais, exposição a concursos ou exames e mesmo em pessoas cuidadoras de doentes crônicos. 

A relação entre o estresse prolongado e a imunidade foram avaliados em portadores de doenças depressivas, como mostrou inicialmente um relatório de Schleifer, Keller e Stein, sobre a função deus tipo de leucócitos; as Células T.  A ideia foi corroborada também pelo relatório de Irwim sobre a função das células natural killer (NK).

A ação do estresse prolongado tem início no Sistema Nervoso Autônomo (SNA). A ativação do SNA em sua porção Simpático (SNS) e resulta na liberação de catecolaminas como a adrenalina, noradrenalona e cortisol pelas glândulas supra-renais. 

Estudos demonstraram que, se por um lado o estresse agudo provoca inicialmente uma ativação do SNS, com aumento dos níveis de catecolaminas no plasma e aumento inicial no número de leucócitos circulantes (principalmente celulas NK e granulocitos), aumentando assim as defesas do organsmo, por outro lado a prolongação do estresse acaba reduzindo a imunidade. É como se fosse um esgotamento do sistema imunológico por estresse crônico.

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Doença auto-imune. Uma auto agressão

O sistema imunológico parece explicar as interações entre os fenômenos psicossociais aos quais as pessoas estão submetidas e importantíssimas áreas de patologia humana como, por exemplo, as doenças de auto-imunes (auto-agressão), infecciosas, neoplásicas. Normalmente, o sistema imune tolera seu próprio organismo, não produzindo excessivamente anticorpos contra seu corpo. O que diferencia o paciente portador de Lúpus Eritematoso Sistêmico é a enorme quantidade de auto-anticorpos dirigida contra seu próprio organismo.

São centenas de experimentos que atestam a expressiva influência das emoções no Sistema Imunológico. Há uma variedade de evidências que justificam o relacionamento entre as emoções e vários componentes do Sistema Imunológico, justificando assim o agravamento e/ou desencadeamento de uma série de doenças físicas por razões emocionais.

A reciprocidade entre o Sistema Nervoso Central e o Sistema Imunológico estimula o desenvolvimento de uma nova e interessante área médica; a psiconeuroimunologia. Os tópicos de estudo da psiconeuroimunologia seriam as perturbações de um sistema que se reflete no outro e vice-versa.

De fato faz muito sentido que estes dois sistemas estejam fortemente integrados, pois ambos são responsáveis pelo relacionamento do organismo com o mundo externo, ambos avaliam se os elementos da realidade externa à pessoa são inócuos, tensos, ameaçadores ou perigosos Esses dois sistemas servem à defesa e adaptação, ambos possuem memória e aprendem pela experiência, ambos contribuem para o equilíbrio do ser no mundo e consigo próprio.

Como reforço a esta analogia cita-se ainda que os erros nesses dois sistemas podem produzir doenças; por um lado, as doenças imunológicas, autoimunes, alergias e a vulnerabilidade a toda sorte de infecções e, por outro lado, as fobias, pânico, transtornos adaptativos e por estresse.

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Fisiologia da Resposta ao Estresse

O Sistema Neuro-Endócrino-Imunológico
Entre 1970 e 1990 foram muito expressivos os experimentos de laboratório que tentavam comprovar a relação entre Sistema Nervoso Central e Sistema Imunológico. Nessas duas décadas chegou-se a constatar o despovoamento celular do timo em ratos, através da indução de lesões no hipotálamo (veja imagem ao lado). Também se demonstrou que lesões destrutivas no hipotálamo levavam à supressão da resposta de anticorpos. Isso tudo sugeria que o hipotálamo seria uma espécie de base de integração entre os sistemas nervoso e imunológico na resposta ao estresse (Mauro Diniz Moreira, Julio de Melo Filho, Psicossomática Hoje, Artes Médicas).

A partir de 1990 constata-se que alterações ocorridas na glândula hipófise (veja localização na imagem ao lado) também poderiam determinar modificações imunológicas, visto que a extirpação dessa glândula ou mesmo seu bloqueio farmacológico impedia a resposta imunológico no animal de laboratório (Khansari DN, Effects of stress on the immune system – Immunol. Today, v.11, no. 5, p.170, 1990).

A resposta imune ao estresse se dá através de uma ação conjunta entre o sistema nervoso, sistema endócrino e sistema imunológico. Por excesso de intensidade e/ou duração do estresse pode surgir alguma doença atrelada a qualquer desses sistemas.

Experiências, Estresse e Imunologia

Uma alteração precoce que se observa durante o estresse é o aumento nos níveis das catecolaminas (adrenalina e noradrenalina) e hormônios corticoesteróides secretados pelas glândulas suprarrenais (cortisona). Parece que estes níveis acham-se a serviço da eficácia adaptativa. No cotidiano, onde os mecanismos adaptativos são eficazes e adequados, os níveis não são muito elevados, mas no caso de pessoas deprimidas, portanto, com severas dificuldades adaptativas, esses níveis são maiores.

A glândula suprarrenal parece ter um desempenho mais ou menos seletivo no estresse. Em estados de agressão, enquanto sua parte central (córtex) produz cortisol, a medula da glândula também participa, liberando norepinefrina (noradrenalina). Nas situações estressoras de tensão e ansiedade a liberação medular privilegia a adrenalina (epinefrina).

Mello Filho reviu experimento de 1976, onde pôde constatar em macacos submetidos a estresse um aumento dos níveis de 17 hidroxicorticóides, catecolaminas (adrenalina noradrenalina), hormônio estimulador da tireóide (TSH) e hormônio do crescimento (GH), enquanto se observava um decréscimo dos hormônios sexuais, invertendo-se essa situação à medida que o animal se recuperava (Mauro Diniz Moreira, Julio de Melo Filho, idem).

As catecolaminas (adrenalina e noradrenalina) afetam as reações imunológicas, seja por reação fisiológica, como por exemplo a contração do baço, seja por estímulo celular através de receptores adrenérgicos específicos na membrana celular. O certo é que o aumento das catecolaminas inibe as respostas de anticorpos.

As catecolaminas podem ter sua liberação condicionada à fatores neuropsicológicos. Em um estudo clássico, desenvolveu-se experimentalmente a supressão da função imunológica pelo uso de imunossupressor (ciclofosfamida), associado a uma bebida contendo substância de gosto muito particular e forte (sacarina). Essa supressão podia repetir-se quando era administrada apenas a bebida com sacarina sem o imunossupressor, caracterizando portanto uma supressão imunológica através de condicionamento biológico, já que a sacarina não é imunossupressora.

Portanto, como vimos até agora, as células do sistema imunológico encontram-se sob uma complexa rede de influência dos sistemas nervoso autônomo e endócrino. Seus mediadores (neurotransmissores e hormônios diversos) atuam sinergicamente com outros produtos linfocitários, de macrófagos e moléculas de produtos inflamatórios na regulação de suas ações.

Experiências dessa natureza sugerem grande variedade de hipóteses sobre a influência das emoções na imunidade. Será a crença no remédio tão importante quanto o próprio remédio? Será que isso ajuda a explicar o efeito dos placebos e da medicina alternativa? Seriam, esses fatos capazes de estabelecer relações entre os estados de ânimo positivos e o aumento da sobrevida de pacientes portadores de AIDS, ou de câncer?

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Lupus Eritematoso Sistêmico

Apesar de alguns homens também serem afetados pelo Lúpus, ele costuma ocorrer de 10 a 15 vezes mais nas mulheres. Mesmo entre as mulheres, acredita-se que aquelas de origem africana, indígena ou asiática desenvolvam a doença com mais frequência do que mulheres brancas. Daí a utilidade de  constar no prontuário médico a etnia do paciente, independentemente da tirania do politicamente correto.

Possivelmente os fatores hormonais seriam responsáveis pela maior incidência do Lúpus entre as mulheres. Isso pode ser suspeitado tendo em vista o aumento dos sintomas que ocorre antes do período menstrual e durante a gravidez. Particularmente o estrogênio estaria relacionado à doença. Quanto à idade, o Lúpus pode aparecer em qualquer faixa etária e os sintomas serão os mesmos nos homens e mulheres.

O Lúpus Eritematoso Sistêmico ou, mais simplesmente Lúpus, é uma doença crônica e auto-imune que causa inflamações em várias partes do corpo, especialmente na pele, juntas, sangue e rins.

Sintomas e Diagnóstico do Lúpus
Apesar do Lúpus poder afetar qualquer área do organismo, a maioria dos pacientes apresenta os sintomas em apenas alguns órgãos. Devido esse aspecto geral (sistêmico) do Lúpus, ele pode se assemelhar a muitas outras doenças, tornando seu diagnóstico difícil.

O diagnóstico é feito, muitas vezes, por um cuidadoso exame clínico, detalhada entrevista e exames de laboratórios. Atualmente não há um exame específico para determinar se a pessoa tem Lúpus ou não.

Para o Lúpus Discóide o diagnosticado pode ser facilitado por biópsia do tecido atingido pela inflamação. Nesse caso, a biópsia vai mostrar anormalidades que não são encontradas na pele normal. Geralmente esse tipo de Lúpus não atinge órgãos internos do corpo. Nesse caso, o teste ANA, um teste sangüíneo usado para detectar Lúpus Sistêmico, pode dar negativo.

O suspeito de Lúpus deve apresentar pelo menos quatro dos sintomas abaixo, mesmo que esses sintomas possam não ocorrem todos necessariamente ao mesmo tempo.

Muitas vezes os rins são comprometidos no Lúpus, havendo excesso de proteína na urina e/ou aumento de células, elementos anormais derivados de hemácias e/ou leucócitos e/ou de células de tubos renais.

Com certa freqüência podem surgir sintomas neuro-psiquiátricos, tais como convulsões e psicose. No sangue o Lúpus pode provocar anemia hemolítica, diminuição de leucócitos abaixo de 4000 células por milímetro cúbico (leucopenia).

O primeiro teste de laboratório idealizado para detectar o Lúpus foi o teste celular LE (lupus erythematosus). Quando o teste é repetido várias vezes, costuma ser positivo em 90% das pessoas portadora de Lúpus Sistêmico. Entretanto, nem todas as pessoas com o teste celular LE positivo estão com Lúpus. Esse teste pode dar falso positivo para Lúpus em até 20% das pessoas com artrite reumática, em outras condições reumáticas, em pacientes com problemas no fígado e em pessoas usam drogas como procainamide, hydralazine e outras.

Outro teste, o chamado Teste de Fator Anti Nuclear (ANA ou FANA) é mais específico para o Lúpus do que o teste celular LE. Este teste dá positivo em virtualmente todas as pessoas com Lúpus Sistêmico e é o melhor exame disponível atualmente. É tão eficaz para Lúpus que se o resultado for negativo, provavelmente o paciente não tem a doença.

Devido à essas dificuldades clínicas e laboratoriais, pode levar um bom tempo até que uma pessoa seja definitivamente diagnosticada com Lúpus. Durante esse período, o paciente pode se sentir frustrado pela aparente incapacidade dos médicos em confirmar um diagnóstico. Antes que o diagnóstico seja confirmado, algumas queixas principais do paciente serão de ordem emocional.

O Lúpus e a Depressão

Há uma percepção clínica geral de que a Depressão ocorra com frequência no curso do Lúpus. Se essa Depressão pode ser normalmente esperada devido ao estresse e aos sacrifícios impostos pela doença ou se, ao contrário, é ela que agrava e desencadeia os sintomas e crises agudas de Lúpus é uma questão de difícil resposta.

As pessoas com Lúpus e deprimidas normalmente são alertadas que esse estado emocional pode ser induzido pelo próprio Lúpus, pelos medicamentos usados no tratamento e por um incontável número de fatores vivenciais com alguma relação com essa doença crônica.

Mas, a condição clínica de Depressão não deve ser confundida com as pequenas alterações diárias de humor, a que todos estamos sujeitos no enfrentamento das dificuldade cotidianas. Ao nos sentirmos felizes ou angustiados ou invejosos ou irritados, todos estamos “deprimidos” de vez em quando.

Por outro lado, Transtorno Depressivo clinicamente identificado confunde as queixas físicas do Lúpus. A depressão é um prolongado e desagradável estado de incapacidade com intranquilidade, ansiedade, irritabilidade, sentimentos de culpa ou remorso, baixa auto-estima, incapacidade de concentração, memória fraca, indecisão, falta de interesse nas coisas que normalmente gostava, fadiga e uma variedade de sintomas físicos tais como dores de cabeça, palpitações, diminuição do apetite e/ou performance sexual, outras dores no corpo, indigestão, constipação ou diarréia etc..

Alguns estudos mostram que 15% das pessoas com doenças crônicas em geral sofrem de Transtorno Depressivo ; outros autores aumentam esse número para quase 60%. De qualquer forma, é bom ter em mente que, embora o Transtorno Depressivo seja muito mais comum em portadores de doenças crônicas, como por exemplo o Lúpus, do que no resto da população, nem todos esses doentes vão sofrer de Depressão obrigatoriamente (Howard S. Shapiro).

No Lúpus Eritematoso Sistêmico os sintomas da depressão, tais como a apatia, letargia, perda de energia ou interesse, insônia, aumento nas dores, redução do apetite e da performance sexual, etc., podem estar sendo atribuídos à própria doença e, com isso, minimizando a importância clínica desse estado afetivo passível de tratamento.

Por causa disso ou, devido à insensibilidade do clínico, a maioria dos casos de Depressão no paciente lúpico passa despercebido e sem tratamento, muitas vezes até a doença atingir estágios bastante avançados, quando a gravidade do problema se torna insuportável para o paciente, correndo risco de levar ao suicídio. Na realidade, muitos estudos indicam que entre 30 e 50% dos casos de Depressão não são diagnosticados pelos procedimentos médicos corriqueiros.

Muitos pacientes com Lúpus se recusam a admitir que estejam em um estado depressivo e negam com veemência que estão se sentindo infelizes, intimidados ou deprimidos. Eles pretendem transmitir uma imagem de coragem, determinação ou coisa assim. Nesses casos os pacientes apresentam a Depressão atípica (disfarçada). Eles resistem ao reconhecimento pessoal do estresse emocional e da depressão clássica substituindo os sentimentos típicos por vários outros sintomas físicos. Sim, porque sintomas físicos sempre têm um elogioso aval da sociedade.

Contribuindo ainda para não se proceder um tratamento adequado da Depressão no paciente com Lúpus, está a noção distorcida de que as pessoas com um a doença crônica “têm razões para se sentirem deprimidos porque estão doentes“, como se isso justificasse o não atendimento e tratamento diante do fato. Essa crença interfere no diagnóstico precoce, no tratamento precoce, e no alívio igualmente precoce da depressão.

Entre os vários fatores que contribuem para a Depressão numa doença como o Lúpusestão os abalos emocionais causados pelo estresse e tensão associados à lida com a doença, os sacrifícios e esforços necessários aos ajustes que o paciente deve fazer na sua vida e os vários medicamentos usados no tratamento do Lúpus, como por exemplo os corticosteróides.

Também é importante o envolvimento de certos órgãos no Lúpus, como é o caso do cérebro, coração ou rins, que também pode levar a um estado depressivo. Existem ainda muitos outros fatores ainda pouco explicados que podem estar relacionados à depressão do paciente com Lúpus.

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Lúpus, uma Doença Auto-imune

No estado normal nosso sistema imunológico produz proteínas chamadas anticorposcuja função é proteger o organismo das eventuais agressões, sejam dos vírus, das bactérias, de células cancerígenas e quaisquer outros corpos estranhos.

Estes agentes agressores, capazes de determinar a produção automática de anticorpos, são então chamados antígenos.

Devido a uma desordem imunológica, como ocorre no Lúpus (existem muitas outras), o sistema imunológico defensivo perde sua habilidade de diferenciar os corpos estranhos (antígenos) e suas próprias células e passa a direcionar anticorpos contra o próprio organismo.

Estes anticorpos dirigidos anormalmente contra o próprio organismo são chamados de auto-anticorpos.

Os auto-anticorpos acabam reagindo com elementos do próprio organismo formando complexos imunológicos.

São esses tais complexos imunológicos que acabam crescendo nos diversos tecidos, dependendo do tipo da doença auto-imune, causando todo tipo de lesões.

Quando esses tecidos são, por exemplo os rins, teremos as glomerulonefrites agudas auto-imunes, assim como podemos ter as artrites da febre reumática, ou a inflamação da tireoidite e assim por diante.

Assim sendo, o Lúpus é um dos tipos das chamadas doenças auto-imunes.

Critérios Usados Para Diagnosticar Lúpus
– Erupções cutâneas
– Erupções no malar (maçãs do rosto)
– Erupção discóide (em forma de disco)
– Manchas vermelhas protuberantes
– Fotossensibilidade
Reação à luz do sol com erupções cutâneas
– Ulcerações Orais
– Feridas no nariz e na boca, normalmente sem nenhuma dor
– Artrite
– Artrite não erosiva, envolvendo duas ou mais juntas periféricas (artrite que não destrói os ossos próximos às juntas)
– Seroenterite
– Pleurite ou pericardite

Tipos de Lúpus

Existem 3 tipos de Lúpus: o Lúpus Discóide, o Lúpus Sistêmico, e o Lúpus Induzido por Drogas.

a) – O Lúpus Discóide é sempre limitado à pele. É identificado por inflamações cutâneas que aparecem na face, nuca e couro cabeludo. Aproximadamente 10% das pessoas Lúpus Discóide pode evoluir para o Lúpus Sistêmico, o qual pode afetar quase todos os órgãos ou sistemas do corpo.

b) – O Lúpus Sistêmico costuma ser mais grave que o Lúpus Discóide e, como o nome diz (sistêmico=geral), pode afetar quase todos os órgãos e sistemas. Em algumas pessoas predominam lesões apenas na pele e nas juntas, em outras podem predominar as juntas, rins, pulmões, sangue, em outras ainda, outros órgãos e tecidos podem ser afetados. Enfim, cada caso de Lúpus é diferente do outro.

c) – O Lúpus Induzido por Drogas, também como o nome diz, ocorre como conseqüência do uso de certas drogas ou medicamentos. Os sintomas são muito parecidos com o Lúpus Sistêmico.

Algumas drogas já foram detectadas como facilitadoras do desenvolvimento de Lúpus.

É o caso, por exemplo, da hidralazina, medicamento para tratamento da hipertensão, ou da procainamida, usada para tratamento de algumas arritmias cardíacas.

Entretanto, quando ocorre a doença auto-imune devido ao uso dessas substâncias, isso depende mais da pessoa que da própria substância, ou seja, não são todas as pessoas que tomam esses produtos que desenvolverão o Lúpus, mas apenas uma pequena porcentagem delas.

Isso significa que a imunidade dessas pessoas vulneráveis à doença auto-imune é que é o problema, propriamente dito.

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Dermatite Atópica

A Dermatite Atópica, é uma doença alérgica que surge logo nos primeiros três meses de idade atravás de eczema extenso e que, com o passar dos anos, tem a tendência a circunscrever-se às dobras dos cotovelos e dos joelhos.

O problema desta dermatite é o prurido intenso que a acompanha. Em alguns pacientes a erupção persiste generalizada após a puberdade e pela vida em fora. A pele fica avermelhada, com pequenas bolhas e eliminação de líquido nas fases agudas. Além disso a pele fica muito ressecada nas fases crônicas. O estado da pele e a coceira levam a um grau muito alto de impaciência e tensão.

A Dermatite Atópica é uma doença extremamente incômoda e bastante enervante. Há necessidade de diferenciar a Dermatite Atópica da Psoríase, a qual se apresenta com placas avermelhadas e escamosas ou descamativas, geralmente acompanhadas de coceira. A Psoríase ocorre em qualquer parte da pele, principalmente no couro cabeludo, causando uma descamação abundante esbranquiçada que provoca constrangimento no paciente. Não há ainda uma cura medicamentosa.

A Dermatite Atópica se desenvolve por surtos bastante relacionados com o estado emocional. O próprio paciente informa que piora sempre que passa por alguma crise de tensão. O fato de não poder controlar o surgimento de lesões em novos surtos, juntamente com a ausência de perspectivas de cura e o prejuízo para a imagem corporal favorecem sensívelmente a piora do estresse, o qual acaba agravando o quadro clínico, fazendo assim um círculo vicioso.

Vitiligo

O Vitiligo é responsável também por mais estresse e paradoxalmente, causa menos incômodo físico pela falta de dor, alteração da superfície da pele e poucas vezes provoca prurido. O Vitiligo se caracteriza por manchas brancas oriundas da perda da pigmentação da pele. Fisicamente, não há nenhum prejuízo para o paciente.

O problema do Vitiligo é exclusivamente estético. Assim, a quantidade de pensamentos negativos que a presença das manchas gera é assombroso e constitui a questão central da doença. O sentimento mais presente nos pacientes é o medo de que as manchas aumentem e tomem toda a pele.

Embora haja tratamentos e alguma possibilidade de cura, a pessoa fica permanentemente assaltada por visões de despigmentação generalizada e repulsa por parte dos outros. .

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Urticária

Entende-se por Urticária o surgimento relativamente agudo de lesões avermelhadas (eritematosas), papulosas (em relevo elevado), numa área de pele circunscrita, que desaparece à pressão digital e que, caracteristicamente, se acompanha de prurido (coceira). A Urticária aparece de repente e pode desaparecer rapidamente em uma ou duas horas, podendo também durar até 24 horas. Freqüentemente se apresenta em grupos de manchas e aparecem novas manchas enquanto outras desaparecem. Calcula-se que 20% da população tenha sofrido uma erupção de Urticária em alguma etapa de sua vida.

Até aproximadamente a década de 50, a Urticária era considerada uma doença essencialmente alérgica. Acreditava-se, exclusivamente, que a Urticária seria um efeito secundário à ingestão de certos alimentos ou medicamentos mas, o enfoque moderno deste problema aponta para causas alérgicas e não alérgicas.

Quando a Urticária permanece ativa por 6 semanas ou mais é denominada Urticária Crônica e se constitui em sério problema médico, visto a dificuldade de se fazer um diagnóstico preciso de sua causa. Além deste aspecto duradouro da crise de urticária da Urticária Crônica, o quadro tende a permanecer por longo tempo num eterno vai-e-vem das crises (em termos médios cerca de 5 anos).

A Urticária Crônica é uma doença de origem multifatorial, envolvendo células e estruturas protêicas que constituem a pele, cujo mecanismo inflamatório não depende exclusivamente do envolvimento da pele, mas sim do organismo geral.

O início dos sintomas da Urticária é mediado pela histamina, mas o processo todo da doença é mais complexo. O verdadeiro responsável pela manifestação local ou corporal da Urticária é a célula sanguínea chamada mastócito. Os mastócitos costumam estar muito aumentados no sangue periférico dos pacientes com Urticária, mas esse aumento observado não resultaria de um verdadeiro defeito primário do organismo mas, possivelmente, da indução (física ou emocional) desse defeito que quebraria o equilíbrio biológico da fisiologia da pele normal.

Além da presença aumentada de mastócitos no paciente com Urticária, costuma estar presente sempre um infiltrado linfocitário em maior ou menor densidade, acompanhado, ocasionalmente, também de eosinófilos.

Existem relatos de sobra na literatura médica da associação entre Urticária Crônica e fatores psicossomáticos, mas tal associação tem sido desprezada nos modelos de investigação causal clássicos. Apesar desse descaso da dermatologia, Diniz Moreira, citado por Melo Filho (idem) reviu 12 pacientes com Urticária Crônica, adotando, além de um modelo investigativo etiológico clássico, também uma abordagem integral do doente. Observou que em cerca de 80% dos casos existiam conflitos emocionais na origem e na manutenção dos sintomas da Urticária Crônica. Hoje se sabe, seguramente, que este distúrbio se classifica naqueles de natureza psicossomática.

Tipos de Urticária
Uma forma comum da Urticária é o chamado Dermografismo. Trata-se de uma alteração cutânea que acomete até 5% da população gerla e consta de uma Urticária produzida por fricção ou coceira sobre a pele, ocorrendo freqüentemente depois de banho quente ou quando se usa roupa apertada.

O nome Urticária Colinérgica é destinado para a Urticáriaque se desenvolve depois de atividades que aumentam a temperatura corporal. As atividades que podem causar este tipo da doença incluem: banhos de imersão, ducha muito quente, hidromassagem, exercício, febre ou ansiedade e tensão emocional. Calcula-se que 5% a 7% dos pacientes que sofrem de Urticária podem apresentar a Urticária Colinérgica.

A Urticária induzida pelo frio se apresenta depois da exposição ao vento ou à água a temperatura muito baixa. Esta Urticária pode aparecer nas extremidades e, geralmente, em qualquer área exposta do corpo.

A Urticária Solar é aquela causada por exposição à luz solar ou à lâmpadas solares, podendo ocorrer uma reação dentro de um a três minutos. O exercício pode ser outra causa de Urticária. Alguns indivíduos afetados por esse tipo de Urticária podem também desenvolver obstrução pulmonar e/ou perda de consciência. Esta grave reação se denomina Anafilaxia Induzida pelo exercício.

Cerca de 80% dos casos de Urticária Crônica são apontados como sendo de causa desconhecida. Em conseqüência da abordagem terapêutica utilizada, pôde apreciar evolução muito mais favorável em confronto com os dados disponíveis na literatura médica, pois em cerca de 55% dos casos os sintomas desapareceram em média com 4 meses de tratamento. Em todos os casos criaram-se condições para um verdadeiro processo psicoterápico entre o paciente e o médico alergista, levando a uma eficácia clínica nitidamente superior à obtida com a clássica abordagem organicista.

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para referir:

Ballone GJ  Lúpus, imunidade e emoções – in. PsiqWeb, Internet, disponível em www.psiqweb.net, revisto em 2021

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