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O termo Depressão pode significar um sintoma, parte de inúmeros distúrbios emocionais sem ser exclusivo de nenhum deles, pode significar uma síndrome traduzida por muitos e variáveis sintomas psíquicos e somáticos ou ainda, pode significar uma doença, caracterizada por alterações afetivas.
O público está certo ao estranhar a abusiva presença desta tal Depressão em quase tudo que diz respeito aos transtornos emocionais e os psiquiatras não estão menos certos ao procurarem descobrir uma ponta de Depressão em quase tudo que lhes aparece pela frente.
Do ponto de vista clínico, seria extremamente fácil e cômodo se a Depressão fosse caracterizada exclusivamente por um rebaixamento do humor com manifestação de tristeza, choro, abatimento moral, desinteresse, e tudo aquilo que sabemos ter uma pessoa deprimida.
Fosse assim tão típico e característico, até o amigo íntimo, o vizinho ou o dono da bar da esquina poderiam diagnosticá-la. A parte trabalhosa da psiquiatria está no diagnóstico dos muitos casos de Depressão Atípica, incaracterística ou mascarada, bem como, perceber traços depressivos em outras patologias emocionais, como por exemplo, nos casos de Pânico, Fobia, etc.
A sintomatologia depressiva é muito variada e diferente entre as diferentes pessoas. Para entender melhor essa diversidade de sintomas depressivos, imagina-se a Depressão como uma bebedeira geral de várias pessoas, onde cada uma delas ficasse de um jeito; uns alegres, outros tristes, irritados, engraçados, dorminhocos, libertinos… O que todos teriam em comum seria o fato de estarem todos alcoolizados, todos tontos, com os reflexos diminuídos, etc. Mas a atitude geral de cada um em resposta ao alcoolismo seria diferente, de um jeito pessoal. Diante da Depressão também; em cada personalidade ela se manifestará de uma maneira própria.
A psicopatologia recomenda três sintomas depressivos básicos para o diagnóstico, os quais dão origem a variadíssimas manifestações de sintomas. Essa tríade da Depressão seria:
1 – Autoestima baixa (sofrimento moral)
2 – Perda de energia (desânimo total),
3 – Perda de entusiasmo (perda de prazer com tudo)
Compete à sensibilidade do observador relacionar um sentimento, um comportamento, um pensamento ou sentimento como a expressão individual de um desses três sintomas básicos. Essa variedade sintomática seria a expressão da personalidade de cada um diante da Depressão.
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Pensamentos negativos
É comum a pessoa deprimida pensar muito em assuntos negativos e, entre eles, na morte. Esses pensamentos podem relembrar outras pessoas que já morreram, ou mesmo em sua própria morte. Isso não significa automaticamente que o deprimido tenha inteção de se matar, mas sim que preferiria estar morto.
Outras vezes há um desejo suicida, pensando ser esta uma saída para aliviar-se do sofrimento. Outros sentimentos provocados pela própria depressão fazem a pessoa culpar-se, sentir-se inútil ou um peso para os outros. Esse aspecto faz com que a depressão seja uma das principais causas de suicídio, principalmente em pessoas deprimidas que vivem solitariamente. A tendência a isolar-setambém é um aspecto da depressão, assim como a desesperança que resulta na perda da perspectiva em melhorar com o tratamento médico.
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Alguns deprimidos podem apresentar sintomas somáticos (físicos), juntamente ou ao invés dos sintomas emocionais de tristeza, angústia, medo, etc. Esses sintomas físicos podem ser, por exemplo, dores vagas e imprecisas, tonturas, cólicas, falta de ar, e outras queixas de caracterização clínica complicada.
Para a dinâmica psíquica destes pacientes somáticos, talvez seja mais fácil comunicar sua aflição e desespero através dos órgãos, mais do que do discurso. Também em crianças e adolescentes a Depressão pode ser dissimulada sob a forma de um humor irritável ou rabugento, revoltado e irrequieto, ao invés da tristeza e abatimento.
Outras pessoas podem manifestar sua Depressão com irritabilidade aumentada, como por exemplo, crises de raiva, explosividade, sentimentos exagerados de frustração, tendência para responder a eventos com ataques de ira ou culpando os outros.
Na Depressão também é freqüente haver prejuízo no ritmo e qualidade do pensamento, na concentração e na tomada de decisões. Os depressivos podem se queixar de enfraquecimento da memória ou mostrar-se facilmente distraídos. A produtividade ocupacional costuma estar prejudicada, notadamente nas profissões intelectualmente exigentes. Em crianças deprimidas pode haver uma queda abrupta no rendimento escolar, como resultado da dificuldade de concentração.
Frequentemente existem pensamentos sobre a morte nos quadros depressivos. Trata-se, não apenas da ideação suicida típica, mas sobretudo, de preferir estar morto a viver “desse jeito”. Nos idosos as dificuldades de memória podem ser a queixa principal, confundindo isso com os sinais iniciais de demência.
O quadro com prejuízo da memória e outros sinais que poderiam confundir a Depressão com demência recebem o nome de Pseudodemência Depressiva. Nestes casos, junto com a lentidão dos processos psíquicos, aparece também um exagerado desinteresse, dando a falsa impressão de que a pessoa não está tendo consciência plena da realidade. De fato, o idoso deprimido tem é um grande desinteresse em lembrar fatos e em participar dos eventos cotidianos.
Características do estado depressivo
A Depressão é caracterizada principalmente por alterações do humor, da psicomotricidade, da cognição e das funções vegetativas. O quadro clínico do paciente deprimido é bastante complexo, cheio de sinais e sintomas. Geralmente há humor deprimido, alterações de apetite e do sono, dificuldades de concentração e pensamentos de cunho negativo, incapacidade de sentir alegria ou prazer, redução da energia, agitação psicomotora ou, ao contrário, lentificação, podendo ocorrer ideação suicida e/ou sintomas psicóticos.
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Depressão com Ansiedade ou Ansiedade com Depressão?
Para entender porque e como existem sintomas de Depressão atípica, temos que falar da coexistência da Depressão com a Ansiedade, sabendo que essa última sim, é bastante produtora de sintomas somáticos.
Embora os atuais manuais de classificação de doenças mentais tratem separadamente quadros ansiosos e depressivos, muitos autores têm se preocupado em estabelecer relações entre esses dois estados psíquicos. Kendell, ao longo de cinco anos de observação constatou que o diagnóstico de Depressão passa para Ansiedade em 2% dos casos e, em sentido contrário, da Ansiedade para a Depressão, em 24% dos casos. É assim que antigos quadros ansiosos costumam evoluir no sentido da Depressão (Roth). Lesse sustenta ainda a ideia da evolução do estresse para Ansiedade e, em seguida, para Depressão.
São muito conhecidos os sintomas depressivos em pacientes com transtornos ansiosos, como aqueles observados por Fawcet, o qual encontrou sintomas de Depressão em 65% dos ansiosos e Roth, que detectou simultaneamente em grande número de pacientes, irritabilidade, agorafobia, ansiedade, culpa e agitação. O medo, por exemplo, seja com características fóbica ou não, reflete sempre grande insegurança e pode aparecer tanto nos transtornos da ansiedade quanto nos transtornos de natureza depressiva.
A associação da Depressão com crises de pânico foi encontrada, inicialmente, em proporções que variavam de 64 a 44% dos casos (Clancy). O estudo de Stavrakaki e Vargo, reavaliando pesquisas dos últimos 15 anos, sugere três tipos de reflexão sobre a questão Ansiedade versus
1. Depressão:Ansiedade e Depressão diferem qualitativamente
2. Ansiedade e Depressão diferem quantitativamente e
3. Ansiedade se associa à Depressão.
Atualmente tem-se enfatizado muito a teoria unitária, pela qual a Ansiedade e a Depressão seriam duas modalidades sintomáticas da mesma afecção. As atuais escalas internacionais de Hamilton para avaliação de Depressão e de Ansiedade, não separaram nitidamente os dois tipos de manifestações. Outras escalas anteriores também mostravam a mesma falta de clareza para diferenciação entre esses dois quadros emocionais (Johnstone, 1986; Mendels, 1972).
A tendência unitária Ansiedade-Depressão se reforça ainda na eficácia do tratamento com antidepressivos, tanto para quadros ansiosos, como é o caso do Pânico, da Fobia Social, do Transtorno Obsessivo-Compulsivo e da Ansiedade Generalizada, quanto para os casos de Depressão, com ou sem componente ansioso importante.
O número de autores que não acreditam na Ansiedade e Depressão como sendo a mesma coisa é maioria expressiva, entretanto, quase todos reconhecem existir alguma coisa em comum nesses dois fenômenos.
Parece haver necessidade imperiosa de um antecedente de alteração da afetividade de caráter depressivo para que a ansiedade se manifeste patologicamente. O mesmo requisito afetivo não se necessita para a ansiedade normal e fisiológica. Talvez seja por isso que os quadros ansiosos respondem tão bem à terapêutica antidepressiva.
Saber com certeza se a Ansiedade pode ser uma das causas de Depressão ou se, ao contrário, a Ansiedade surge como consequência da Depressão ou, ainda, se uma nova doença independente surge quando Ansiedade e Depressão coexistem num mesmo paciente, tem sido uma questão aberta às pesquisas e reflexões.
Strian e Klicpera, há tempos consideraram que Depressão e Ansiedade formavam um quadro comum. Clancy, há mais tempo ainda, constatou que o humor depressivo frequentemente antecedia ao primeiro ataque de pânico. Existem boas observações do transtorno ansioso aparecer em pessoas portadoras de caráter predominantemente depressivo na personalidade (Lader) e alguns até consideram o paciente ansioso como portador de um tipo de Depressão endógena atípica (Salomon).
Ansiedade e Depressão também foram cogitadas como sendo aspectos diferentes do mesmo transtorno afetivo por Downing e Rikels, entendendo-se os casos de pânico, fobia, obsessões e somatizações como sendo reflexo de sintomas depressivos que se manifestariam atipicamente (Gersh e Fowles).
De fato, a insegurança típica do estado fóbico-ansioso pode ser melhor entendida à luz de uma autopercepção pessimista e de uma representação temerosa da realidade, ambos de conotação depressiva. Monedero considera a angústia como um temor de algo que vai acontecer e a ansiedade como um temor atual, caracterizado pela procura e impaciência apressada, enfatizando um componente humor-congruente depressivo da ansiedade.
Há ainda autores que admitem a Depressão como uma complicação frequente dos transtornos ansiosos ou que os sintomas ansiosos seriam comuns nas doenças depressivas primárias, aceitando o fato de pacientes com Depressão Primária apresentarem estados ansiosos graves (Rodney; Cunningham). A maioria dos autores, entretanto, afirma que pacientes com pânico primário, com pânico complicado pela Depressão, com Depressão Primária complicada por pânico ou com Depressão Primária só, oferecem sérias dificuldades para se diferenciar nitidamente os estados ansiosos dos depressivos.
Uma terceira posição, há tempos cogitada, é a ansiosa-depressiva como transtorno unitário e emancipado, quer da Ansiedade Generalizada, quer da Depressão Maior (Stavrakaki). Esta postura unitária, diferente daquela que considera ansiedade e Depressão como sendo faces de uma mesma doença, também era sustentada por Paykel e por Downing e Rikels. Schatzberg diz que os pacientes com quadros mistos de Ansiedade e Depressão exigem terapias diferentes dos grupos de pacientes que apresentam esses quadros isoladamente. Observa que quando as duas síndromes coexistem a evolução é mais crônica, a resposta é menor às terapias convencionais e o prognóstico é pior.[/et_pb_text][/et_pb_column][et_pb_column type=”1_3″ _builder_version=”4.6.6″ _module_preset=”default”][et_pb_text _builder_version=”4.7.7″ _module_preset=”default” hover_enabled=”0″ text_font_size=”13px” sticky_enabled=”0″]
Sêneca
Lúcio Aneu Sêneca, nasceu em Córdoba, 4 a.C. e morreu em Roma, 65 dC. Foi um dos mais célebres advogados, escritores, filósofos e intelectuais do Império Romano. Sua obra literária e filosófica, tida como modelo do pensador estoico durante o Renascimento, inspirou o desenvolvimento da tragédia na dramaturgia europeia renascentista.
Entre seus últimos textos, estão a compilação científica Naturales quaestiones (Problemas naturais); os tratados De tranquillitate animi (Sobre a tranquilidade da alma), De vita beata (Sobre a vida beata) e, talvez sua obra mais profunda, as Epistolae morales, dirigidas a Lucílio, com pregação de uma fraternidade universal mais tarde considerada próxima ao cristianismo. O termo Eutimia devemos à ele e suas observações sobre a “alma” humana.
EUTIMIA ou humor normal
Segundo Sêneca, em seu escrito sobre a Tranquilidade da Alma, “Os gregos chamam este equilíbrio da alma de “euthymia e existe sobre este assunto uma bela obra de Demócrito. Eu o chamo “tranquilidade” pois é inútil pedir palavras emprestadas para nosso vocabulário e imitar a forma destas mesmas: é a ideia que se deve exprimir, por meio de um termo que tenha a significação da palavra grega, sem no entanto reproduzir a forma.“
Portanto, pode ter sido esta uma das primeiras vezes que a psiquiatria conheceu a palavra Eutimia, para a qual Sêneca encontra como correspondente latino a ideia de tranquilidade ou a ausência de inquietação.
Em seguida, Sêneca diz o que entende por tranquilidade “Vamos, pois, procurar como é possível à alma caminhar numa conduta sempre igual e firme, sorrindo para si mesma e comprazendo-se com seu próprio espetáculo e prolongando indefinidamente esta agradável sensação, sem se afastar jamais de sua calma, sem se exaltar, nem se deprimir. Isto será tranquilidade“.
Aqui, definitivamente Sêneca considera a Eutimia (ou sua tranquilidade) como um estado de espírito equilibrado, entre estar sem se exaltar, sem se deprimir e sem se afastar da calma.
Essa ideia de equilíbrio sensato deve ter sido baseado na definição de Aristóteles sobre a virtude, que para ele era a “equidistância entre dois vícios, um por excesso e outro por falta”.
Sêneca descreve pessoas vitimadas pela inconstância do humor, portanto, pessoas que se afastam da Eutimia, como se fosse um discurso atual, mostrando que os estados emocionais que angustiam atualmente o homem moderno não são, definitivamente, monopólio de nosso tempo (veja a página sobre Eutimia neste mesmo tema Depressão).
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DEPRESSÃO INFANTIL
Devido à diversidade dos locais onde os estudos são realizados e das populações observadas, vários índices de prevalência têm sido estabelecidos para a depressão na infância. Estudos norte-americanos revelam uma incidência de depressão em aproximadamente 0,9% entre os pré-escolares; 1,9% nos escolares e 4,7% nos adolescentes. A estabilidade dos sintomas depressivos tem sido mais pronunciada nos meninos que nas meninas.
A maioria das crianças maiores e dos adolescentes apresenta a Depressão de forma atípica, escondendo seus sentimentos depressivos sob uma máscara de irritabilidade, de agressividade, hiperatividade e rebeldia. Entretanto, apesar da maioria manifestar a Depressão atípica, algumas podem apresentar sintomas clássicos, como a tristeza, ansiedade, mudanças no hábito alimentar e no sono, etc. (veja as páginas sobre Depressão Infantil e Depressão na Adolescência no tema Infância e Adolescência.
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Hipotimia ou Depressão
Na Hipotimia (humor baixo) ou Depressão, verifica-se o aumento da resposta e da sensibilidade para os sentimentos desagradáveis, podendo variar desde o simples mal-estar, até o estupor melancólico, ou seja, uma apatia extrema por melancolia.
Esse estado de Hipotimia ou Depressão se caracteriza, essencialmente por uma tristeza profunda, normalmente imotivada, que se acompanha de lentidão e inibição de todos os processos psíquicos. Em suas formas leves a Depressão se revela por um sentimento de mal-estar, de abatimento, de tristeza, de inutilidade e de incapacidade para realizar qualquer atividade. Faz parte ainda dessa inibição a baixo desempenho global, a lentidão e pobreza dos movimentos, a mímica apagada, a linguagem lenta, monótona e as dificuldades pragmáticas.
Os pacientes hipotímicos estão dominados por um profundo sentimento de tristeza imotivada. No doente deprimido, as percepções são acompanhadas de uma tonalidade afetiva desagradável: tudo lhe parece negro. Os doentes perdem completamente o interesse pela vida. Nada lhes interessa do presente nem do futuro e, do passado, são rememorados apenas os acontecimentos desagradáveis. As percepções são lentas, monótonas, descoloridas. Ao paciente parece que os alimentos perderam o sabor habitual. Nos estados depressivos, as ilusões são mais frequentes do que as alucinações.
As ideias deliróides nos pacientes hipotímicos são comuns, expressando geralmente ideias de culpa, de indignidade, ruína, pecado e de autoacusação. O pensamento é lento e o próprio ato de pensar é acompanhado de um sentimento desagradável. O conteúdo do pensamento exprime motivações dolorosas. O paciente é incapaz de livrar-se de suas ideias tristes pela simples ação de sua vontade ou do apelo para os “pensamentos positivos”, como se diz.
Os sintomas somáticos são bastante evidentes nos pacientes hipotímicos. Os distúrbios vasomotores se traduzem em mãos frias, algumas vezes pálidas e cianosadas, pela palidez dos lábios e hipotermia. São frequentes os espasmos ou dilatações vasculares, com consequente oscilação da pressão arterial. Os pacientes deprimidos dão-nos a impressão de mais velhos.
As perturbações digestivas também são constantes, a língua pode se apresentar saburrosa, há alterações do apetite, tanto com inapetência quanto com hiperfagia e constipação intestinal. Os distúrbios circulatórios ocasionam um sentimento subjetivo de opressão na região cardíaca, causando a chamada angústia precordial.
Em determinados casos, sob a influência de fatores externos ou em consequência de causas internas temporárias, a Depressão pode aumentar de modo considerável, determinando um estado de excitação ansiosa. Quando o paciente, não encontra solução para seu sofrimento costuma pensar no suicídio.
Estados depressivos, entretanto, não são monopólio do Transtorno Depressivo Recorrente ou do Transtorno Afetivo Bipolar. Estados depressivos também podem ser observados em todas as psicoses e neuroses. No Transtorno Afetivo Bipolar, entretanto, a Depressão tem uma origem ligada a fatores afetivos internos (sentimentos vitais), que escapam à compreensão do doente e de seus familiares.
Nas Distimias, nas Reações Agudas ao Estresse e nas neuroses de modo geral, a Depressão costuma ser mais reativa, isto é, mais psicogênica (mais anímica que vital), originando-se de situações psicologicamente compreensíveis e de experiências desagradáveis. A anormalidade do sentimento depressivo nesses quadros psicogênicos está na intensidade e na duração desse afeto em comparação às pessoas normais e não em sua qualidade, como acontece nos Transtornos Afetivos Bipolares.
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Tipos de Depressão; quanto a origem:
A Depressão pode estar relacionada à três tipos de situações:
– Situações Reais
– Situações Anímica
– Situações Vitais
Os afetos depressivos podem aparecer como uma resposta a SITUAÇÕES REAIS, como resposta afetiva do sujeito a alguma vivência acontecida de fato. Diante dos eventos da vida o sujeito reage através de uma Reação Vivencial. Por se tratar de sentimento depressivo como reação a fatos desagradáveis, aborrecedores, frustrações e perdas, falamos em Reação Vivencial Depressiva.
Trata-se, neste caso, de uma resposta determinada por fatores vivenciais, vindos “de fora do sujeito“, por isso esse tipo é também chamada de Depressão Exógena, ou ainda Depressão Reativa, ou seja, em reação a alguma coisa real e acontecida, à uma fonte exógena que pode ser causalmente relacionada àquela reação.
Pessoas que se encontram depressivas durante uma fase de suas vidas, cuja circunstância de vida é sofrível, seja como consequência de um fato traumático único, seja como uma somatória de fatos estressantes, sem que se detecte um temperamento depressivo prévio, provavelmente estarão apresentando uma Depressão Reativa. Neste caso, a reação depressiva não pode ser tida como decorrência de uma Tonalidade Afetiva Depressiva de Base, mas como uma resposta emocional à uma circunstância de vida.
A Depressão pode ainda aparecer acompanhando ou motivada por SITUAÇÕES ANÍMICAS (anímico vem de ânimo). Neste caso, perspectivas futuras, anseios e objetivos de vida estão representados intrapsiquicamente de maneira negativa em decorrência de um “estado de ânimo” mais pessimista, mais rebaixado e depressivo.
Na Depressão por uma Situação Anímica há um sentimento depressivo valorizando conjecturas irreais e imaginárias, de tal forma que o panorama atual dos acontecimentos e a expectativa do porvir são negativamente valorizados. Sofre-se por aquilo que não existe ainda ou, muito possivelmente, nem existirá.
Um exemplo disso é a Depressão experimentada diante da possibilidade da perda de um emprego, ou da perspectiva de vir a sofrer de grave doença e assim por diante. Pensa-se assim, sente-se assim quem tem uma situação de ânimo depressiva, independentemente do que esteja acontecendo “de fato” na vida.
Evidentemente, não se trata aqui, de que tais perspectivas sombrias estejam a alimentar a Depressão, mas muito pelo contrário, ou seja, é a Depressão quem atribui um significado terrível às possibilidades e perspectivas futuras. Não se pode acreditar que, neste caso, exista uma relação causal vivencial solidamente vinculada à Depressão, pois, de qualquer forma, as situações referidas como alimentadoras da Depressão não aconteceram ainda ou nem têm indícios de vir a acontecer.
Em outros termos e de acordo com que se sabe sobre Reações Vivenciais (veja em Alterações da Afetividade, na seção Psicopatologia), para justificar uma reação presumivelmente normal, faltaria o elemento estressor, o qual existe apenas na imaginação do paciente. Portanto, é lícito pensar já numa Depressão mais profundamente arraigada no ser, a qual, embora seja atrelada à personalidade, utiliza os elementos vivenciais apenas para ilustrar e nutrir uma “necessidade” de sofrimento.
Há, finalmente, casos de Depressão vindas de um temperamento francamente depressivo, ou seja, no nível de SITUAÇÕES VITAIS. São, neste caso, transtornos da afetividade constitucionais e emancipados dos fatores vivenciais. Isso não impede que sejam desencadeados por vivências traumáticas. Trata-se de uma Tonalidade Afetiva Básica rebaixada e, evidentemente, talhada à reagir sempre depressivamente à vida.
Depois do estado depressivo ter se estabelecido na pessoa, ainda que, desencadeado por fatores reais e externos à sua personalidade, tudo mais em sua vida parecerá depressivo, até que saia desta fase afetiva. Assim sendo, poderá também ser pessimista quanto à sua situação futura, portanto, depressivo quanto à Situações Imaginárias.
As pessoas portadoras de Tonalidade Afetiva Depressiva de Base, por constituição e temperamento, independente dos fatos vividos, sempre estarão tingindo de negro suas perspectivas futuras, as influências do passado e as condições vivenciais atuais. Nesse caso a Depressão é aquela anteriormente denominada, Depressão Endógena.
A questão em se saber a natureza endógena ou exógena do estado depressivo, hoje em dia, parece não despertar o mesmo interesse de antes. Os indivíduos com características afetivas depressivas (anteriormente denominados de depressivos endógenos) reagirão sempre aos estímulos da vida da forma consoante ao seu afeto depressivo, portanto, dando-nos a falsa impressão de apresentarem Depressão Reativa: a maioria dos eventos, para eles, tem uma conotação negativa.
Por outro lado, a clínica tem mostrado, com freqüência, determinadas vivências bastante suportáveis para alguns, ocasionando, em outros, verdadeiras Reações Depressivas. Isso nos sugere que tal Reação Depressiva não deve ser atribuída apenas aos elementos vivenciais.
No fundo, tem sido tarefa muito penosa estabelecer a natureza da Depressão, considerando o estado afetivo no qual o indivíduo se encontra no momento. Nestes casos, recorremos quase sempre à personalidade prévia do paciente; se a tonalidade afetiva já era anteriormente depressiva, há possibilidade do estado depressivo atual ser de natureza endógena, mas mesmo assim, não se trata de uma implicação obrigatória.
Outras vezes, também, de acordo com exemplos cotidianos da prática clínica, personalidades previamente bem adaptadas, ou seja, de boa adequação afetiva, poderão apresentar fases de profunda Depressão sem motivação vivencial. Procura-se, nestes casos de Depressão sem motivação vivencial, justifica-la como decorrência de eventual somatória de vivências passadas. Certeza disso, entretanto, ninguém pode ter.
Veja ainda neste site, sobre Depressão:
– Depressão: Formas Clínicas
– Depressão: Sintomas
– Depressão: Causas
– Depressão: Fisiopatologia
– Depressão: Curso e Evolução
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DISTIMIA ou MAU HUMOR
O termo distimia originalmente se referia a uma condição clínica psiquiátrica. O radical grego -dys- do termo significa “defeituoso, anormal ou irregular”; ao passo que o sufixo –thymia- refere-se ao timo, um órgão linfático que está localizado na porção antero-superior da cavidade torácica, e que se acreditava estar associada ao controle do humor.
Os sintomas da afetividade rebaixada incluem, desinteresse, cansaço, descontentamento, irritabilidade e ansiedade. Ter o humor depressivo na maior parte do dia é o sintoma central da Distimia, doença psiquiátrica que afeta boa parte da população e é conhecida também pelo apelido de Mau Humor. Mas para ser considerada Distimia não basta o mau humor, que pode até ser também um traço da personalidade, o importante é que ela cause algum tipo de prejuízo à pessoa, seja no desempenho social, familiar ou profissional.
Trata-se de uma maneira de sentir a realidade com tonalidade afetiva depressiva ou melancólica sem que, necessariamente, seja considerado uma doença franca continuada. Na realidade o conceito de Distimia veio substituir o que poderia ser considerado um Transtorno Depressivo da Personalidade, ou seja, muito mais próximo de um traço mórbido depressivo da personalidade do que de uma doença francamente depressiva.
Portanto, não há na Distimia um severo prejuízo das qualidades de vida social ou ocupacional em um grau suficiente para atribuir um caráter limitante, mas a depressão aparece como uma característica existencial dessas pessoas. Mas, de fato, Distimia pode causar sofrimento, tanto na pessoa distímica quanto nas pessoas que convivem com ela.
Hoje, a denominação mais correta para esta afetividade depressiva solidamente atrelada à personalidade e sem características limitantes da vida é o chamado Transtorno Afetivo Persistente, subtipo Distimia.
Conceitualmente entende-se como Distimia uma depressão crônica, com sintomatologia não suficientemente grave para podermos classificá-la como Transtorno Depressivo Recorrente ou Episódio Depressivo.
A característica essencial do Transtorno Distímico é um humor cronicamente deprimido. Na Distimia as pessoas se auto-definem como tristes ou “na fossa”. Em crianças e em alguns adolescentes o humor, originariamente deprimido, pode se traduzir por comportamento irritável, rebelde ou opositor.
Já o Episódio Depressivo Maior, que é um quadro depressivo franco e exuberante em sintomas, tem histórico em 50% dos casos de sintomas depressivos significativos anteriores, antes de ser diagnosticado o episódio depressivo.
Um Episódio Depressivo não tratado costuma durar de 6 a 13 meses. Quando tratado pode resolver-se em cerca de 3 meses. O número médio de episódios depressivos ao longo de um período de 20 anos é cinco ou seis.
De 5 a 10% dos pacientes portadores de Transtorno Depressivo Recorrente podem vir a desenvolver um episódio maníaco dentro de 6 a 10 anos. Aí o diagnóstico seria refeito para Transtorno Afetivo Bipolar. Isso em geral se dá aos 32 anos após o paciente já ter tido 4 episódios depressivos (veja mais na página Distimia, neste mesmo capítulo Depressão).
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para referir:
Ballone GJ – Depressão: O que é isso? – in. PsiqWeb, Internet, disponível emwww.psiqweb.net, 2015
Referencias Bibliográficas e recursos da internet
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