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Ao contrário do senso comum, o comportamento perverso nas crianças e adolescentes é freqüente e acarreta em prejuízos importantes para a sociedade.
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Um dos grandes equívocos está em acreditar que basta ser criança para ser um poço incondicional de bondade inocente. Costumava causar impacto ao afirmar, politicamente incorreto, que as crianças são naturalmente más (parodiando Hobbes e seu Estado Natural). São elas que agridem os menores, pisam em formiguinhas, tocam fogo no rabo do gato, são egoístas ao extremo, querem tudo para elas próprias, judiam dos mais fracos e participam do fenômeno conhecido por Bullying. De fato, isso não é ser bonzinho (veja Violência e Agressão da Criança e Adolescente).
O termo Bullying, que não existe na língua portuguesa, significa atos de violência física ou psicológica intencionais e repetidos, praticados por um indivíduo ou grupo de indivíduos, causando dor e angústia e sendo executadas dentro de uma relação desigual de poder. Mais pontualmente ou mais comumente, são formas de agressões intencionais repetidas exercidas por estudantes e que causam angústia ou humilhação a outro.
Mas a atitude de bullying pode ser mais generalizada, ultrapassando o mundo estudantil, portanto, compreendendo todas as formas de atitudes agressivas, intencionais e repetidas dentro de uma relação desigual de poder e sem motivações evidentes por parte de uma ou mais pessoas contra outra(s), causando dor e angústia.
Dessa forma mais abrangente o Bullying se encontra presente, possivelmente, em variadíssimas situações, tais como colocar apelidos, ofender, zoar, gozar, sacanear, humilhar, discriminar, excluir, isolar, ignorar, intimidar, perseguir, assediar, aterrorizar, amedrontar, tiranizar, dominar, agredir, bater, chutar, empurrar, ferir, roubar, quebrar pertences, etc.
O fenômeno do assédio escolar é bastante conhecido e tem denominação auto-explicativa em português, “assédio escolar“, sem nenhuma necessidade de se recorrer à outro idioma para tal, entretanto, tendo em vista a grande abrangência do significado da palavra da língua inglesa, o título desse artigo será mesmo Bullying.
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Indícios de Bullying no filho
O assédio tipo Bullying é definido como o uso da força ou do status de uma pessoa para intimidar, lesionar ou humilhar ou- tras pessoas mais fracas ou de status inferior.
O Bullying classifica-se como físico, verbal ou social. O físico envolve lesão física ou ameaça de lesão a alguma pessoa. O verbal refere-se a provocação ou insulto a alguém. O social caracteriza-se pelo uso da rejeição ou exclusão dos pares para humilhar ou isolar uma vítima.
Muitas vezes as crianças ou adolescentes não falam para os pais que estão sendo vítimas de Bullying. Porém, algumas alterações fáceis de serem observadas podem sugerir isso.
Em geral aparecem alterações no humor da pessoa, pouca tolerância ou paciência, irritabilidade, mais isolamento social, da família e dos parentes do que de costume, mais apatia, introspecção e retraimento, piores resultados na escola.
São comuns as queixas físicas, tais como dor de cabeça, de estômago, fadiga e outras suficientes para desestimular a ida à escola ou atividade social.
Sinais de alerta:
Explosividade e Irritabilidade
Frustração frequente
Raiva e Impulsividade
Autoagressão
Isolamento
Dificuldade de atenção e concentração
Inquietação
A idade da vítima de bullying mais prevalente se situa entre 11 e 13 anos, sendo menos freqüente na educação infantil que no ensino médio (Eslea, 2001). Os agressores masculinos são prevalentes, entretanto, as meninas podem exercer formas mais sutis ou, como vimos, mais indiretas de bullying, dificultando assim a percepção da agressão.
Há boas razões para se acreditar que a prevalência do bullying esteja sendo subestimada, tendo em vista o fato de que a maioria dos atos de bullying ocorrem fora da visão dos adultos e de que a maioria das vítimas não queixa da agressão, seja por constrangimento ou por saber que pouco farão por elas.
A prevenção do bullying é um trabalho bastante complexo e se constitui em medida necessária de saúde pública e de relevância sócio-política, já que está relacionada ao pleno desenvolvimento da personalidade das pessoas, ao preparo para a convivência social sadia e segura.
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As esferas do Bullying
O bullying costuma ser observado em quatro esferas distintas: física, relacional, verbal e cyberbullying. Avaliações forenses costumam começar com uma indicação de um advogado, do tribunal ou da família.
Após obter uma história abrangente do incidente de bullying, o avaliador precisa determinar se o supostobullying teve impacto negativo sobre a saúde mental e o bem-estar da vítima. Em alguns casos, investigadores relataram índices mais elevados de suicídio tanto no praticante de bullying quanto na ví- tima. Um estudo relatou que as vítimas de cyberbullying tentam o suicídio duas vezes mais do que outros jovens.
Vítimas de Bulliyng e comportamento agressivo
Psiquiatras da infância e adolescência podem ser procurados para avaliar crianças e adolescentes expostos a evento adverso ou traumático e que exibem diversos comportamentos violentos e delinquentes.
É possível que o psiquiatra tenha que determinar se a criança ou o adolescente está sofrendo de Transtorno de Estresse Pós-Traumático ou se sintomas similares foram causados por exposição a um evento adverso tipo bulliyng.
Está claro, a partir de pesquisas com adolescentes delinquentes, que há relação entre Transtorno de Estresse Pós-Traumático, história anterior de trauma e abuso e comportamento agressivo consequente.
Parece que circuitos cerebrais envolvidos na agressividade de pessoas vítimas de bullying seja uma resposta a ameaças, geralmente desproporcionais. Esses circuitos partem do núcleo medial da amígdala até o hipotálamo medial e matéria cinzenta periaquedutal, são excessivamente reativos na resposta agressiva.
Essas estruturas neurológicas envolvidas na agressividade podem ter sido desreguladas por ativação emocional traumática, podem ter sido causadas pela falta de diferenciação entre emoções, tais como tristeza, raiva e medo.
O resultado é que qualquer estresse é percebido como uma ameaça e ativa o sistema de “defesa”, causando comportamento de luta ou fuga nas vítimas pregressas de bullying. A resposta final parece ser “luta”, uma resposta ativada durante antigas situações abusivas ou potencialmente letais.
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O Bullying propriamente dito
Devido a dificuldade em traduzi-lo para outras línguas a adoção do termo bullying passou a ser universal. Em 2005, durante a realização da Conferência Internacional Online School Bullying and Violence, concluiu-se que o amplo conceito da palavra bullying dificulta a escolha de um termo correspondente em outros idiomas, entre eles o alemão, francês, espanhol e português (Visionary.net).
A palavra “bully” em inglês significa valentão, assim, bullying é um termo utilizado para descrever atos de violência física ou psicológica, intencionais e repetidos, praticados por um indivíduo ou um grupo com o objetivo de intimidar ou agredir outro indivíduo incapaz de se defender. Assim sendo, o termo bullying descreve uma forma de ofensa ou agressão de uma pessoa ou um grupo sobre alguém mais fraco ou mais vulnerável.
A rigor a psiquiatria não teria nada a ver com o bullying em si, principalmente por se tratar de um comportamento vindo de pessoas supostamente normais, pessoas apenas com carência de valores morais e com elevada dose de maldade. A psiquiatria não deve se envolver em ambiente tão sórdido, deixando para essas questões éticas soluções éticas e de responsabilidade de nosso sistema sociocultural.
Mas a psiquiatria deve se ocupar sim, das conseqüências extremamente patológicas e mórbidas que o bullying pode produzir em suas vítimas. Nesse caso a psiquiatria pode e deve envolver-se, juntamente com a cumplicidade de outros setores da sociedade, pois não se trata de poucas pessoas envolvidas. Estudos indicam que a prevale^ncia de vítimas de bullying varia entre um mínimo de 8% a um máximo de 46%. Os agressores aparecem nas pesquisas entre um mínimo de 5% e um máximo 30% (Neto – Fekkes).
Segundo artigo de Aramis Antônio Lopes Neto e Lauro Monteiro Filho o Bullying pode se manifestar de quatro formas diferentes: verbal, físico, psicológico e sexual. Referem pesquisas onde a maioria dos alunos vitimados por Bullying destaca como a situação mais freqüente a identificação por apelido com maldade e com propósitos de humilhação, seguido do roubo de pertences (39%), a indução ao uso de drogas (30%) e os ataques violentos (25%).
Normalmente existem três tipos de pessoas envolvidas nessa situação de violência: o expectador, a vítima e o agressor. O expectador é aquele que presencia as situações de Bullying e não interfere. Sua omissão deve-se por duas razões principais: por tornar-se inseguro e temeroso e por isso sentir medo de sofrer represálias ou, ao contrário, por estar sentindo prazer com o sofrimento da vítima e não tem coragem de assumir a identidade de agressor. Os expectadores do primeiro tipo (os mais medrosos), apesar de não sofrerem as agressões diretamente, podem se sentir incomodados com a situação e com a incapacidade de agirem.
A vítima, por outro lado, costuma ser a pessoa mais frágil, com algum traço ligeiramente destoante do modelinho culturalmente imposto ao grupo etário em questão, traço este que pode ser físico (uso de óculos, alguma deficiência, não ser tão bonitinho…) ou emocional, como é o caso da timidez, do retraimento…
A vítima costuma ser uma pessoa que não dispõe de habilidades físicas e emocionais para reagir, tem um forte sentimento de insegurança e um retraimento social suficiente para impedi-la de solicitar ajuda. Normalmente é uma pessoa retraída e com dificuldades para novas amizades ou para se adequar ao grupo. A vítima é frequentemente ameaçada, intimidada, isolada, ofendida, discriminada, agredida, recebe apelidos e provocações, tem os objetos pessoais furtados ou quebrados. No ambiente familiar a vítima apresenta sinais de evitação, medo ou receio de ir para escola, mas, não obstante, como dissemos, não procura ajuda dos familiares, professores ou funcionários da escola.
Tudo isso acaba fazendo com que a vítima troque de escola frequentemente, ou pior, que abandone os estudos. Nos casos mais graves a vítima contumaz acaba desenvolvendo uma severa depressão, podendo chegar a tentar ou cometer o suicídio.
Os agressores no Bullying são, comumente, pessoas antipáticas, arrogantes e desagradáveis. Alguns trabalhos sugerem que essas pessoas vêm de famílias pouco estruturadas, com pobre relacionamento afetivo entre seus membros, são debilmente supervisionados pelos pais e vivem em ambientes onde o modelo para solucionar problemas recomenda o uso de comportamento agressivo ou explosivo.
Há fortes suspeitas de que as crianças ou jovens que praticam o Bullying, principalmente os líderes, têm grande probabilidade de se tornarem adultos com comportamentos antissociais, psicopáticos e/ou violentos, tornando-se, inclusive, delinquentes ou criminosos. Normalmente o agressor acha que todos devem atender seus desejos de imediato e demonstra dificuldade de colocar-se no lugar do outro.
O Bullying é um problema mundial, é um problema do ser humano imaturo, logo, deve acompanhar a humanidade desde a pré-história. É um fenômeno encontrado em toda e qualquer grupamento humano, não é restrito a nenhum tipo específico de instituição: primária ou secundária, pública ou privada, rural ou urbana, em qualquer país.
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O conceito de Bullying pode também ser aplicado na relação de pais e filhos e entre professor e aluno, citando como exemplos, aqueles adultos que ironizam, ofendem, expõe as dificuldades perante o grupo, excluem, fazem chantagens, colocam apelidos preconceituosos e têm a intenção de mostrar sua superioridade e poder, usando deste comportamento frequentemente.
De acordo com Rosana Maria César Del Picchia de Araújo Nogueira e Kátia Kühn Chedid, em Portugal um em cada cinco alunos (22%), de 6 a 16 anos, já foi vítima de Bullying na escola, sendo o local mais comum de ocorrência de maus-tratos os pátios de recreio (78% dos casos) e os corredores (31,5% dos casos). Na Espanha a incidência do Bullying se situa em torno de 15% a 20% nas pessoas em idade escolar, quase o mesmo observado em Portugal e em outros países da Comunidade Europeia.
Muitas crianças, vítimas de Bullying, desenvolvem medo, pânico, depressão, distúrbios psicossomáticos e geralmente evitam retornar à escola. Por outro lado, posteriormente muitas vítimas de bullying podem desenvolver comportamentos agressivos e impulsivos.
A fobia escolar geralmente tem como causa algum tipo dessa violência. Outras crianças que sofrem Bullying, dependendo das características de suas personalidade e das relações com os meios onde vivem, em especial entre suas famílias, poderão não superar totalmente os traumas sofridos na escola. Elas poderão crescer com sentimentos negativos e com baixa autoestima, apresentando sérios problemas de relacionamento no futuro.
Poderão, outrossim, assumir um comportamento agressivo, vindo a praticar o Bullying no ambiente sócio-ocupacional adulto e em casos extremos, poderão tentar ou a cometer suicídio.
Esses casos de suicídio acontecem, em geral, nas pessoas que não suportaram a grande pressão psicológica do Bullying. Observa ainda o pior efeito da pressão sofrida nos casos de Bullying seja, talvez, fazer a Vítima se sentir absolutamente inexpressiva, insignificante, abjeta, desprezível, enfim, uma agressão que combina fazer de conta que a Vítima não existe, aniquilando totalmente a autoestima, suprimindo, inclusive, as condições para ela desabafar com alguém.
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Segundo Tânia Paias, do Portal Bullying, o bullying se apresenta como uma subcategoria das condutas agressivas, devendo ser bem delimitado, já que nem todas as formas de agressividade são consideradas bullying.
Trata-se o bullying, como subtipo de violência, de uma violência instrumental. É um abuso de poder sistemático de um ou mais colegas, sendo que um aluno é agredido ou torna-se uma vítima quando está exposto, de forma repetitiva e durante um espaço de tempo, a ações negativas por parte de um ou vários colegas. As atitudes do bullying podem ser:
1) agressão
2) verbal;
3) psicológica;
4) intimidação;
5) rejeição;
6) ciberbullying
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Ambiente Escolar e Social
Estudos das influências do ambiente escolar sobre o desenvolvimento acadêmico do jovem já são bastante conhecidos. Entretanto, é importantíssimo também a influência do ambiente escolar na saúde emocional da pessoa, no presente e no futuro (Samdal).
O acolhimento no ambiente escolar não é importante apenas para a qualidade da vida emocional da pessoa, mas também é relevante em relação ao aproveitamento e desenvolvimento escolar. Algumas pesquisas mostram que o relacionamento inter-pessoal e a aceitação pelos colegas é muito importante, tanto nas crianças quanto nos adolescentes (Ravens-Sieberer).
O bullying e a vitimização representam diferentes tipos de envolvimento em situações de violência na infância e adolescência. O bullying é uma forma de afirmação de poder interpessoal através da agressão e humilhação. A vitimização, por sua vez, ocorre quando uma pessoa se faz receptora do comportamento agressivo de uma outra mais poderosa ou popular inconscientemente. Tanto o bullying como a vitimização têm conseqüências negativas imediatas e tardias, seja para os agressores ou para as vítimas e observadores.
Uma das dificuldades para a participação da escola no manejo do bullying é que esse tipo de comportamento agressivo é tradicionalmente admitido como natural, fisiológico, aceito por ignorância ou comodidade como se fosse próprio da juventude, portanto, não é valorizado pelos educadores e nem pelos pais, exceto pelos pais da vítima.
Se a escola e a sociedade têm esmerada preocupação com o Estatuto da Criança e do Adolescente, que é um documento onde estão previstos os direitos da criança e do adolescente ao respeito e à dignidade, como ficamos quando as próprias crianças e adolescentes desrespeitam seu próprio estatuto em relação às outras crianças e adolescentes? (veja nesse site Violência da Infância e Adolescência)
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Comportamento violento e intimidativo
Mostram as pesquisas, que grupos de comportamento violento antes da puberdade tendem a ter atitudes cada vez mais agressivas, ações cada vez mais graves na adolescência e persistência de comportamento violento na fase adulta. É como se a sociedade toda fosse apenada por não ter coibido energicamente o comportamento violento quando deveria… tenha sido tal omissão inconseqüente feita em nome do tal “estatuto da criança e adolescente“, fosse por conta de alguma interferência pseudo-humanista e demagógica de frações sociais barulhentas e mal informadas.
O termo “violência escolar”é bastante abrangente. Seu estudo analisou, inicialmente por volta da década de 80, as depredações e agressões ao patrimônio escolar. Na década de 1990 os estudos se voltam para as relações interpessoais agressivas, envolvendo alunos e professores. No início da década de 2000 o bullying finalmente chama atenção dos pesquisadores. Sposito, 2001). Portanto, as pesquisas sobre bullying são relativamente recentes, aparecem mais a partir da década de 90, principalmente com o sueco Olweus, Smith e Sharp, Ross e Rigby, conforme citado por Aramis Lopes Neto.
O termo “violência escolar“, por sua vez, é mais abrangente, envolve o bullying e muito mais. Diz respeito a todos comportamentos agressivos e anti-sociais, incluindo o bullying, as agressões interpessoais, danos ao patrimônio e outros atos criminosos que têm a escola como cenário. Uma das características mais evidentes do bullying é o desequilíbrio de poder entre o agressor ou agressores e a vítima, seja esse assédio produzido na escola, universidade, trabalho, clube, etc. Por isso, talvez, o termo intimidação, em português, seja mais adequado que assédio escolar.
O comportamento do bullying tem forte componente de humilhação. Ele pode ser de dois tipos; direto e indireto. O tipo direto, próprio da agressão masculina, se faz diretamente sobre o agente agredido, sem intermediários, e deve ter as seguintes características:
1. O comportamento é maldoso, agressivo e negativo com objetivo de produzir dolo;
2. Esse tipo de comportamento é repetitivo;
3. Esse tipo de comportamento ocorre em desequilíbrio de poder, com vantagem do agente agressor em comparação ao agente agredido.
O assédio intimidativo não envolve obrigatoriamente um ato criminoso ou uma violência física. Isso aumentaria as chances de coibição, proibição e punição. Muitas vezes o sofrimento é ocasionado dissimuladamente por meio de abuso psicológico ou verbal. No entanto, as cicatrizes emocionais são tão ou mais duráveis que aquelas produzidas por agressões físicas.
Exemplos de atitudes de assédio intimidativo
Insultos e depreciações diretas
Ataques físicos ou psicológicos repetidos
Desrespeito e destruição de propriedades da vítima
Divulgar rumores depreciativos sobre a pessoa
Obrigar a vítima a comportamentos que ela não quer
Envolver a vítima em situações problemáticas e complicadas
Depreciar publicamente a família da vítima
Estimular outras pessoas ao bullying contra a mesma vítima
Depreciar a aparência, orientação sexual, religião, etnia, nível de renda, nacionalidade ou qualquer outra inferioridade da vítima
Favorecer o isolamento social da vítima
Envergonhar a vítima na frente das pessoas.
O tipo indireto de assédio escolar é a forma mais comum de bullying do sexo feminino. Geralmente a conseqüência é forçar a vítima a se sentir diminuída e ao isolamento social, obtido por meio de várias técnicas. Isso inclui:
1. Espalhar comentários (fofocas);
2. Recusar acolher ou socializar com a vítima;
3. Intimidar outras pessoas que possam acolher a vítima;
4. Ridicularizar a vítima através de vários meios (internet e outros), e sobre diversos aspectos pessoais (incluindo etnia, religião, situação sócio-econômica, aspecto físico, incapacidades, etc.).
Existe também o chamado cyberbullying, que é a utilização dos meios da internet para exercer o bullying, tais como criar páginas, comunidades ou perfis falsos e negativos sobre a vítima, principalmente em sites de relacionamento, publicação de fotos comprometedoras, etc. Algumas vezes o bullie (que é o valentão ou valentona chefe do bullying) usa da grafitagem depreciativa como método de agressão.
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E a escola?
Por uma série de vícios sociais politicamente corretos a escola tem grande dificuldade em aplicar a disciplina que a sociedade espera dela. Primeiro, na escola particular, alguns pais com o péssimo e quase esquizóide habito de achar seus filhos têm sempre razão, defendem suas atitudes incondicionalmente em detrimento das tentativas disciplinadoras da escola. Com isso esses pais acabam estendendo à escola a incapacidade que têm em estabelecer limites e responsabilidades aos seus filhos. Caso não sejam satisfeitos os privilégios dessas crianças, ameaçam tirá-los da escola.
Na escola pública, por outro lado, embora o entendimento dos pais em relação às condutas de seus filhos seja a mesma dos pais da escola particular, não tendo eles o instrumento da ameaça econômica tirando seu filho da escola, eles ameaçam fisicamente professores e diretores. Ou pior ainda; dizem que vão à televisão reclamar do abuso cometido contra a fragilidade de seus filhos quase delinquentes.
Essas variáveis e dificuldades fazem com que a escola seja completamente ou quase completamente omissa na questão do bullying, por interesse, medo ou comodidade. Assim sendo, a aparente aceitação dos adultos e a conseqüente impunidade favorecem a perpetuação desse comportamento agressivo.
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O que fazer
A maioria dos alunos não se envolve diretamente em atos de bullying e geralmente se cala por medo de ser a próxima vítima, por não saberem como agir ou, infelizmente, por já estarem descrentes das atitudes da escola, da instituição e da autoridade.
Esse silêncio e omissão acaba sendo interpretado pelos autores do bullying como aval para suas atitudes ou confirmação de seu poder, o que ajuda a perpetuar a situação e acobertar os autores desses atos. Por isso os adultos devem sempre estimular seus filhos a denunciarem o bullying, senão à própria escola, no mínimo através deles, pais.
Lopes Neto mostra que grande parte dos alunos que testemunham o bullying sente simpatia pelas vítimas e condena o comportamento dos agressores. Cerca de 80% dos alunos não aprovam os atos de bullying e deseja que os professores e a escola intervenham mais efetivamente. Segundo esse autor, quando as testemunhas interferem e tentam cessar o bullying, tais ações são efetivas na maioria dos casos. Por isso é importante incentivar o uso do poder do grupo contra o autor ou os autores do bullying, fazendo com que eles se sintam sem nenhum apoio social.
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Os Valentões do Bullying
Algumas condições adversas parecem favorecer a agressividade nas crianças e adolescentes. Essas condições podem ser constitucionais, psicológicas e ambientais. O fator constitucional mais grave e irreversível que invariavelmente proporciona conduta delinquencial é o chamado Transtorno de Conduta (Veja mais).
Felizmente o Transtorno de Conduta não é tão comum, mas quando aparece é definitivo e não comporta tratamento. Tendo em vista sua gravidade, o Transtorno de Conduta só deve ser diagnosticado se satisfizer os critérios dos manuais de classificação.
O Transtorno do Controle dos Impulsos, tipo Explosivo Intermitente, é outra condição constitucional capaz de se manifestar com agressividade, baixíssimo limiar de tolerância e impulsividade, mas não necessariamente com maldade.
Outros fatores individuais predominantemente constitucionais também influem nos comportamentos agressivos, como por exemplo, a hiperatividade, impulsividade, distúrbios comportamentais, dificuldades de atenção, pouca inteligência e desempenho escolar deficiente.
As condições psicológicas determinantes da agressividade do bullying parecem mais comuns que aquelas constitucionais. Um tipo comum de agressor é aquele que tem opiniões positivas sobre si mesmo, geralmente é mais forte que sua vítima, sente prazer em dominar, causar danos e sofrimentos aos outros.
Geralmente o autor do bullying se empenha muito em ser popular, é tipicamente expansivo, barulhento, tende a se envolver em comportamentos infratores e anti-sociais (Griffin). Pode tratar-se de pessoa impulsiva, mas não obrigatoriamente e vê sua agressividade como qualidade, provavelmente por ser um comportamento reforçado pelo meio.
Via de regra o agressor tem uma personalidade autoritária e uma forte necessidade de controlar ou dominar. Também tem sido observado no autor de bullying uma deficiência em habilidades sociais e pontos de vista preconceituosos. Algumas pesquisas mostram que os agressores são mais envolvidos em comportamentos de risco para a saúde, tais como: fumar, beber em excesso (King) ou usar drogas (DeHaan).
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Consequências
Embora o bullying tenha efeitos variados entre as crianças e adolescentes, em geral existe uma relação direta de suas conseqüências com a freqüência, duração e severidade das agressões. Suas vítimas sofrem conseqüências a curto e longo prazo. As dificuldades emocionais e escolares são as mais imediatas. As dificuldades emocionais persistem por muito mais tempo, sendo a depressão com baixa autoestima a principal seqüela.
Os autores de bullying, por sua vez, a longo prazo podem apresentar conseqüências sociais e legais. Quanto mais jovem for a criança agressiva e autora do bullying, maior será o risco de apresentar problemas associados a comportamentos anti-sociais em adultos, tais como a instabilidade no trabalho, nos relacionamentos afetivos, nas questões éticas (Due).
O testemunho de atos de bullying acompanhado de omissão é, por si só, um ato culposo. Isso pode trazer conseqüências de arrependimento, sensação de impotência, culpa, omissão. Presenciar o bullying pode proporcionar nos demais alunos uma malformação de caráter, de valores, descrença na instituição, banalização da contravenção, inversão de valores morais, de justiça, entre outros.
O comportamento dos pais dos alunos agressores é importantíssimo para a prevenção do problema. Na questão do bullying, nenhum pai deve se sentir mais aliviado porque seu filho não está sendo vítima. Os agressores terão seríssimos problemas de conduta, comportamento e moral no futuro, caso não sejam prontamente corrigidos. As outras crianças que “não tomam partido“, estão longe de serem inocentes. São cúmplices.
Os pais das vítimas do bullying devem ter conduta fortemente intervencionista. A indiferença e a falsa crença de que isso “é coisa de criança” pode fazer com que a vítima sofra intensos sentimentos de abandono. O inconformismo, a revolta e a ira podem comprometer o desenvolvimento da personalidade dessas crianças. A negação ou indiferença da escola e dos professores pode gerar na criança a sensação de traição ou a descrença e desconfiança no sistema, pode ainda estimular uma falsa crença no triunfo da injustiça e no sucesso da maldade.
Medidas preventivas
Avaliar o bom desempenho dos alunos pelas notas ou cumprimento das tarefas não e´ suficiente. A escola deve monitorar as habilidades ou possíveis dificuldades que seus alunos possam ter em seu convívio social, no relacionamento com os colegas. Esta é uma atitude obrigatória da instituição em quem se confia a responsabilidade pela educação e segurança de seus alunos.
A prevenção do bullying deve envolver a todos, ou seja, os pais, a escola, os colegas e até a mídia. Para a melhor prevenção é necessário perceber o bullying precocemente. Se a escola deve cumprir seu papel de observação atenta, mais atenta ainda deve ser a família.
A criança vítima de bullying apresentará algumas alterações obrigatoriamente. O sofrimento emocional se traduz em diferenças no comportamento ou em representações orgânicas, assim, pode-se dizer que essas alterações acontecem na esferacomportamental, escolar, emocional e, muitas vezes, físico. Não é necessário que a criança apresente todas alterações referidas abaixo como indício de assédio escolar, mas quanto mais graves forem as agressões mais sintomas aparecerão.
O comportamento reflete insegurança em relação à escola, atitudes evasivas e evitativas em relação às aulas. A criança pode ainda mostrar irritabilidade, tendência ao isolamento, inibição social. Há choro fácil e mau humor. O rendimento escolar pode sofrer prejuízo, mas isso não é obrigatório.
Embora não seja tão comum, pode haver alterações alimentares, tais como a perda de apetite, mais comum em meninos e bulimia, predominante em meninas. Além das alterações do sono, a criança ofendida pelo bullying pode fazer xixi na cama (enurese noturna) e ser aterrorizado por pesadelos.
Organicamente é possível haver diarréia crônica (síndrome do intestino irritável), gastrite, asma brônquica, dermatites e alergias, tudo isso de fundo emocional. A criança pode apresentar ainda depressão emocional, crises de tristeza, ansiedade, medo e pânico.
A escola e os pais devem encorajar os alunos a participarem ativamente da vigilância e do desestímulo dos atos de bullying, uma vez que o enfrentamento por parte dos outros alunos mostra a falta de apoio ao agressor ou agressores.
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Quanto às condições ambientais envolvidas no bullying, algumas pesquisas identificam no agressor uma certa desestrutura familiar, um relacionamento afetivo pobre, excesso de tolerância, permissividade ou falta de limites. Há ainda maior incidência de maus-tratos físicos ou comportamentos explosivos dos pais como afirmação de poder.
Quando se percebe a combinação de baixa auto-estima com atitudes agressivas e provocativas de bullying, há maior probabilidade de que o agressor tenha alterações psicológicas merecedoras de atenção especial, tais como, por exemplo, quadros depressivos. No entanto, isso é raro e há poucas evidências de que os autores de bullying sofram de qualquer déficit de autoestima. Por outro lado, a inveja e o ressentimento podem ser motivos para a prática do assédio escolar, ao mesmo tempo estima-se que aproximadamente 20% dos autores de bullying tambe´m tenham sido vítimas dele.
Os alunos que testemunham o bullying e ao invés de qualquer participação reparadora ou aliviatória, limitam-se a rir dos episódios de agressão, devem ser classificados como auxiliares ou cúmplices, pois funcionam como incentivadores, incitadores e estimuladores do autor. Muitos desses alunos que começam sendo apenas testemunhas omissas acabam acreditando que o uso de comportamentos agressivos contra os colegas é o melhor caminho para alcançarem a popularidade e o poder. Com isso podem acabar aderindo ao bullying por pressão dos colegas.
Outros alunos são apenas observadores protetores, preferem se afastar ou defender a vítima. Alguns desses alunos seguindo uma boa orientação familiar, chegam a chamar um adulto para interromper a agressão.
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para referir:
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