O fenômeno da Possessão tem caráter universal e a psicopatologia tenta explicá-lo em termos de sugestão ou auto-sugestão ou como resultado de desdobramentos do eu. Evidentemente a crença cultural em espíritos desempenha papel importante no aparecimento dessas possessões.

Oesterreich acha que através da provocação da Possessão, o ser humano primitivo procurou voluntariamente a presença consciente do metafísico e o desejo da presença divina, ambos oferecendo forte incentivo para continuar a cultivar estados de Possessão. Também os desejos de comunicação com ancestrais e outros parentes mortos desempenha importante papel na Possessão do moderno espiritismo. Em seu estudo, Oesterreich procurou destacar as relações da Possessão com as condições sócio-culturais existentes entre os povos onde o fenômeno é observado e, pode-se dizer que, na sociedade humana, a possessão começa a desaparecer assim que a crença nos espíritos vai perdendo influência. A partir do momento em que não se leva a sério a possibilidade da Possessão, começa a faltar a necessária auto-sugestão.

Na clínica psiquiátrica a Possessão é sempre acompanhada do sentimento de desdobramento da personalidade e se manifesta em sua forma típica no delírio de possessão demoníaca ou no Transtorno de Possessão. Há também um evidente aspecto de contaminação (normalmente entre pacientes histéricos) desses fenômenos de possessão, onde ocorrem “epidemias” de possuídos.