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De fato, a realidade em si interessa praticamente nada à consciência humana. O que interessa à pessoa é sim a Representação que ela tem da realidade.
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Nossa percepção não identifica o mundo exterior como ele de fato, mas sim de acordo com as transformações proporcionadas pelos nossos órgãos dos sentidos. Assim transformamos fótons em imagens, vibrações em sons e ruídos e reações químicas em cheiros e gostos específicos. Na verdade, o universo é incolor, inodoro, insípido e silencioso, excluindo-se a possibilidade que temos de percebê-lo de outra forma.
Para a moderna neurociência o real conceito de percepção começou a brotar quando Weber e Fechner descobriram que o sistema sensorial extrai quatro atributos básicos de um estímulo: modalidade, intensidade, tempo e localização.
O ser humano se espalha pela Terra em muitas localidades geográficas, em diversas culturas e sociedades. Acompanhando essa diversidade existem também variações nos mundos percebidos pelas pessoas, há diferenças na maneira pela qual os mesmos objetos são percebidos em diferentes sistemas culturais.
Uma criança que vive em nossos centros urbanos, por exemplo, pode distinguir sem hesitação um grande número de diferentes marcas de carros ao presenciar o trânsito das ruas, enquanto uma criança que vive em regiões mais rurais e distantes desses grandes centros não veria senão maiores diferenças entre as marcas e modelos observando o movimento da mesma rua. Por outro lado, uma criança urbana ficaria maravilhada diante da facilidade com que seus colegas rurais reconhecem diferentes modelos de ninhos de aves e de sua capacidade para distinguir as menores variações nos tipos de árvores.
O que percebemos?
De fato, perguntas distintas podem ser feitas sobre essa questão: o que percebemos e o que sentimos. Para percebermos o mundo ao redor temos de nos valer dos nossos sistemas sensoriais. Cada sistema é nomeado de acordo com o tipo da informação: visão, audição, tato, paladar, olfato e gravidade. Esta última ligada à sensação de equilíbrio. Portanto, vamos falar antes da Sensação e depois da Percepção.
Sensação
Em seu significado preciso, a sensação é um fenômeno muito mais neurológico que psíquico. É um evento elementar que resulta da ação de estímulos externos sobre os nossos órgãos dos sentidos. Entre o estado psicológico atual e o estímulo exterior há um fator causal e determinante ao qual designamos sensação, portanto, deve haver uma concordância entre as sensações e os estímulos que as produzem.
As sensações podem ser classificadas em três grupos principais: externas, internas e especiais. As sensações externas são aquelas que refletem as propriedades e aspectos de tudo humanamente perceptível que se encontra no mundo exterior. Para tal nos valemos dos órgãos dos sentidos; sensações visuais, auditivas, gustativas, olfativas e táteis. A resposta específica de cada órgão dos sentidos aos estímulos que agem sobre eles é conseqüência da adaptação desse órgão a esse tipo determinado de estímulo (sensação).
As sensações internas refletem os movimentos de partes isoladas do nosso corpo e o estado dos órgãos internos. Ao conjunto dessas sensações se denomina sensibilidade geral. Discretos receptores sensitivos captam estímulos proprioceptivos que indicam a posição do corpo e de suas partes, enquanto outros, que recebem estímulos denominados cinestésicos, são responsáveis pela monitorização dos movimentos, auxiliando-nos a realizar outras atividades cinéticas, segura e coordenadamente. Os receptores dessas sensações se acham localizados nos músculos, nos tendões e na superfície dos diferentes órgãos internos. Portanto, esse grupo engloba três tipos de sensações: motoras, de equilíbrio e orgânicas.
As sensações motoras nos orientam sobre os movimentos dos membros e do nosso corpo. As sensações de equilíbrio provêm da parte interna do ouvido e indicam a posição do corpo e da cabeça. As sensações orgânicas são, de fato, as proprioceptivas, e se originam nos órgãos internos: estômago, intestinos, pulmões etc. Seus receptores estão localizados na face interna desses órgãos. Outros sensores sutis são capazes de captar informações mais refinadas, tais como temperatura, excitação sexual e volume sanguíneo.
A sensação especial se manifesta sob a forma de sensibilidade para a fome, sede, fadiga, de mal-estar ou bem-estar. Essas sensações internas vagas e indiferenciadas que nos dão a sensibilidade de bem-estar, mal-estar, etc., têm o nome de cenestesia.
No processo do conhecimento e do auto-conhecimento objetivo as sensações ocupam o primeiro grau. São as sensações que nos relacionam com nosso próprio organismo, com o mundo exterior e com as coisas que nos rodeiam. O conhecimento do mundo exterior resulta das sensações dele captadas e quanto mais desenvolvidos forem os órgãos dos sentidos e o sistema nervoso do animal, mais delicadas e mais variadas serão as suas sensações.
Percepção
Ainda que dois seres humanos comunguem a mesma arquitetura biológica e genética, talvez aquilo que um deles percebe como uma cor ou cheiro não seja exatamente igual à cor e cheiro que o outro percebe. Nós damos o mesmo nome a esta percepção mas, com certeza, não sabemos se elas relacionam à realidade do mundo externo exatamente da mesma maneira que a realidade percebida por nosso semelhante. Talvez nunca saberemos.
O termo percepção designa o ato pelo qual tomamos conhecimento e consciência de um objeto do meio exterior. A maior parte de nossas percepções conscientes provém do meio externo, pois as sensações dos órgãos internos não são conscientes na maioria das vezes e desempenham papel limitado na elaboração do conhecimento do mundo. Trata-se, a percepção, da apreensão de uma situação objetiva baseada em sensações, acompanhada de representações e freqüentemente de juízos.
A percepção, ao contrário da sensação, não é uma fotografia dos objetos do mundo determinada exclusivamente pelas qualidades objetivas do estímulo. Na percepção, acrescenta-se aos estímulos também os elementos da memória, do raciocínio, do juízo e do afeto, portanto, acoplamos às qualidades objetivas dos sentidos outros elementos subjetivos e próprios de cada indivíduo.
A sensação visual de um objeto arredondado, vermelho e com parte de seu corpo enegrecido, somente será percebido (percepção) como uma maçã podre se a pessoa souber, antecipadamente, o que é uma maçã, e dentro deste conhecimento souber ainda que maçãs apodrecem e, quando apodrecem adquirem certas características perfeitamente compatíveis com o estímulo sentido.
Poderíamos, para simplificar, considerar que as sensações seriam determinadas por fatores exclusivamente neurofisiológicos, enquanto as percepções seriam acrescidas de fatores predominantemente psicológicos. Entretanto, nem isso podemos dizer. Ocorre que em determinados estados emocionais até as sensações podem estar comprometidas. É o que acontece, por exemplo, nos estados muito ansiosos e histriônicos através de alterações nas sensações corpóreas: anestesias, parestesias, hipoestesias, etc. Desta forma, o mais correto seria considerar que as sensações, nas pessoas normais, envolvem predominantemente elementos neurofisiológicos e as percepções, envolvem predominantemente elementos psicológicos.
A percepção consiste na apreensão de uma totalidade e sua organização consciente não é uma simples adição de estímulos locais e temporais captados pelos órgãos dos sentidos. Nossa experiência (consciência) do mundo revela que não temos apenas sensações isoladas dele, ao contrário, o que chega à consciência são configurações globais, dinâmicas e perfeitamente integradas de sensações. Embora as sensações não nos ofereçam em si mesmas o conhecimento do mundo, elas representam os elementos necessários ao conhecimento sem os quais não existiriam percepções.
A percepção se relaciona diretamente com a forma da realidade apreendida, enquanto a sensação se relacionaria à fragmentos esparsos dessa mesma realidade. Ao ouvirmos notas musicais, por exemplo, estaríamos captando fragmentos mas, à partir do momento em que captamos uma sucessão e seqüência dessas notas ao longo de uma melodia, estaríamos captando a forma musical.
A percepção se transforma na realidade consciente e remete à uma subjetividade ou à um significado consciente. Ela não se permite circunscrever apenas ao mundo exterior e passa a pertencer ao mundo interior do sujeito. Trata-se da ponte que une o objeto ao sujeito (o mundo objectual ao sujeito), tal como uma porta que introduz o mundo exterior para dentro da subjetividade. Entretanto, esta percepção que se transforma na realidade consciente é somente uma porta de entrada e será sempre, ao mesmo tempo uma passagem do objeto ao sujeito. A percepção pode ser posterior à realidade consciente, como sendo uma percepção que reforça a cognição pré-existente e, à partir dela, constrói novos elementos subjetivos.
Digamos que, enquanto a sensação oferece à pessoa o fundamental da realidade, na percepção esse fundamental se organiza de acordo com estruturas específicas, conferindo originalidade pessoal à realidade apreendida. A partir da percepção que se transforma na realidade consciente, o sujeito passa a oferecer às suas sensações um determinado fundo pessoal sobre o qual se assentarão as demais futuras sensações. Dessa forma, o objeto sensível está sempre se relacionando com esse fundo perceptivo individual e existirá sempre uma apreciável diferença subjetiva entre o objeto em si e o fundo pessoal sobre o qual ele se faz representar.
As formações psíquicas advindas do ato perceptivo compõem as configurações conscientes da realidade e essas configurações contém mais do que a simples soma do fundamental sentido. A percepção proporciona dados sobre o fisicamente sentido, porém esses dados variam de acordo com as condições do fundo pessoal e a forma percebida passa a transcender o objeto simplesmente sentido.
A percepção transcendente a realidade simplesmente apreendida pela sensação e poderá ser modificada em conseqüência de condições pessoais. Momentaneamente a percepção dependerá da fadiga, da ansiedade ou do afeto. Os estímulos externos podem ser captados como sensações agradáveis ou desagradáveis, assim como também se alteram pela ação de determinadas substâncias químicas ou em determinadas doenças orgânicas.
Em toda percepção existe um componente afetivo que contribui para a representação dessa realidade. Algumas impressões podem ser captadas mais intensamente que outras, dependendo da atenção, do interesse afetivo, da atitude pensada, do estado de ânimo e da situação emocional de quem percebe. A seleção das impressões sensoriais apreendidas depende de uma série de processos ativos que transforma a percepção numa função anímica por excelência.
Sensopercepção
Hoje não mais se admite, como acontecia no passado, que o nosso universo perceptivo resulte do encontro entre um cérebro simples e as propriedades físicas de um estímulo. Na verdade, as percepções diferem, qualitativamente, das características físicas do estímulo, porque o cérebro extrai dele informações e as interpretam em função de experiências anteriores com as quais ela se associe. Nós experimentamos ondas eletromagnéticas, não como ondas, mas como cores e as identificamos pautados em experiências anteriores.
Experimentamos vibrações mas como sons, substâncias químicas dissolvidas em ar ou água como cheiros e gostos específicos. Cores, tons, cheiros e gostos são construções da mente, à partir de experiências sensoriais. Eles não existem, como tais, fora do nosso cérebro.
Assim, já se pode responder a uma das questões tradicionais dos filósofos: Há som, quando uma árvore desaba numa floresta, se não tiver alguém para ouvir ? Não, a queda da árvore gera vibrações e o som só ocorre se elas forem percebidas por um ser vivo capaz de identificar tais vibrações como estímulos sonoros.
A peculiaridade da resposta de cada órgão sensorial é devida à área neurológica onde terminam as vias aferentes provindas do receptor periférico. O sistema sensorial começa a operar quando um estímulo, via de regra, ambiental, é detectado por um neurônio sensitivo, o primeiro receptor sensorial. Este converte a expressão física do estímulo (luz, som, calor, pressão, paladar, cheiro ) em potenciais de ação, que o transformam em sinais elétricos. Daí ele é conduzido a uma área de processamento primário, onde se elaboram as características iniciais da informação: cor, forma, distância, tonalidade, etc, de acordo com a natureza do estímulo original.
Em seguida, a informação, já elaborada, é transmitida aos centros de processamento secundário do tálamo. Se a informação é originada por estímulos olfativos, ela vai ser processada no bulbo olfatório e depois segue para a parte média do lobo temporal. Nos centros talâmicos, à informação se incorpora à outras, de origem límbica ou cortical, relacionadas com experiências passadas similares.
Finalmente, já bastante modificada, esta informação é enviada ao seu centro cortical específico. A esse nível, a natureza e a importância do que foi detectado são determinados por um processo de identificação consciente a que denominamos percepção.
No ato perceptivo se distinguem dois componentes fundamentais: a captação sensorial e a integração significativa, a qual nos permite o conhecimento consciente do objeto captado. Portanto, as percepções serão subjetivas por existirem em nossa consciência, e objetivas pelo conteúdo que estimula a sensação.
Unidade dos Sentidos
Para maior eficiência dos sentidos os vários órgãos devem funcionar integradamente. A percepção do mundo objectual não depende exclusivamente do aparelho sensorial específico, através do qual os objetos são apreendidos, isto é, não depende exclusivamente do sentido da visão, ou da audição, o do tato, etc. Geralmente não é apenas um sentido que atua na percepção dos objetos, além disso, os sentidos funcionam juntos e se completam. O gosto de uma comida depende muito do funcionamento conjunto dos receptores do sabor e do aroma. É por isso que a comida parece insípida quando nosso nariz está entupido.
Uma determinada qualidade perceptual, como por exemplo a grandeza, pode ser a mesma para vários sentidos. Dessa forma, um objeto pode ser visto grande, soar grande, dar a impressão de grande ao tato e, talvez, até cheirar grande. Os estímulos devem ser localizados de maneira idêntica, através dos olhos, dos ouvidos e das mãos, objetos podem ser vistos, ouvidos e sentidos em movimento simultaneamente.
A tendência de integração, cooperação e concordância dos vários sentidos é tanta que, as vezes, apesar das discrepâncias na situação física real, nosso sistema sensorial “dá um jeito” para que a situação se acomode. Quando vemos uma fita de cinema, por exemplo, ouvimos as vozes como vindo diretamente dos lábios em movimento dos autores, embora, na realidade, o som provenha dos alto-falantes colocados em lugares inteiramente diferentes.
Basicamente, é através da ação cooperativa dos sentidos que conseguimos um quadro consistente, útil e realista do ambiente físico que nos cerca. As impressões dos vários sentidos são, de certa maneira, combinadas ou organizadas para apresentar um quadro mais ou menos estável da realidade à nossa volta.
Fatores pessoais
A organização perceptual muitas vezes reflete os fatores pessoais de quem percebe, tais como suas necessidades, emoções, atitudes e valores. A extensão em que isso ocorre depende do despertar, por esses fatores centrais, das predisposições adequadas.
Necessidades. Quanto mais forte for a necessidade de uma pessoa, mais fortemente estará perceptualmente predisposta para determinados aspectos significativos à essa necessidade no campo perceptual. Muitos estudos experimentais foram feitos a respeito desse fato aparentemente óbvio. Palavras incompletas (por ex., car__, re___.) são mais comumente completadas como palavras referentes a alimento (por ex., carne, refeição e não carro ou reflexo) por pessoas com fome, do que por pessoas alimentadas. Também sujeitos com mais fome, ao olhar para imagens pouco estruturadas projetadas numa tela, tendem a ver mais objetos de alimentação do que os sujeitos com menos fome.
Emoções. O estado emocional da pessoa pode provocar uma predisposição que influi nos processos de percepção e de pensamento. Por exemplo, as crianças de um acampamento de verão julgaram as características de fisionomias em retratos de várias pessoas antes e depois de assistirem um filme assustador de assassinatos; os julgamentos feitos depois do filme mostraram maior proporção de características de maldade em algumas fisionomias de fotos do que quando as viram antes do filme.
Valores e Atitudes
Uma pessoa tem tendência para estar predisposta a perceber de acordo com seus valores éticos, morais, culturais e suas atitudes. Um teste que consta da projeção rápida de uma lista de palavras mostra maior facilidade para percepção de algumas palavras atreladas à valores da pessoa que as reconhecem.
Há tendências nítidas para o reconhecimento mais rápido nas palavras relacionadas com os valores do indivíduo. Por exemplo, a palavra “sagrado” era mais rapidamente reconhecida por pessoas que apresentavam elevado valor religioso do que por pessoas com outros valores predominantes. Além disso, existia tendência para percepção distorcida de palavras estimuladoras dos valores da pessoa, por exemplo, havia maiores tendências em reconhecer palavra “scared” (atemorizado) pelas pessoas religiosas como se fosse a palavra “sacred” (sagrado).
Todavia, é complexo e difícil afastar as variáveis de tais experimentos pelo fato das palavras mais valorizadas serem também aquelas que, provavelmente, também são as que mais frequentemente aparecem na experiência da pessoa.
Portanto, há certas predisposições perceptuais determinadas pelo desejo, vontade ou necessidade da pessoa que variam quanto a saliência, especificidade, duração, relação com outras predisposições.
Algumas predisposições dominam inteiramente a consciência do percebedor. Se alguém está insistentemente em busca de chave perdida numa gaveta em desordem, tem uma saliente predisposição para ver a chave entre as coisas esparsas da gaveta. Outras predisposições são menos salientes. Ao procurar a chave, a pessoa pode encontrar imediatamente uma caneta que procurava há muitos dias, embora possa não observar outros objetos. Nesse caso, a predisposição para a chave era a mais saliente, a predisposição para a caneta a menos saliente, e não existia predisposição para outros objetos.
As predisposições variam quanto ao seu grau de especificidade ou generalidade. A pessoa pode estar a procura de uma chave específica para sua garage, ou pode estar em busca de qualquer tipo de chave que possa ser usada como peso de papel, por exemplo.
As predisposições diferem também quanto à sua duração. Algumas são extremamente rápidas e outras mais duradouras. A mãe, por exemplo, está predisposta durante 24 horas por dia, para ouvir o choro de seu nenê, e pode ouvi-lo mesmo quando em meio a outros ruídos ou quando outras pessoas não conseguem ouvi-lo.
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Os texto abaixo, sobre Sensopercepção, é baseado no texto do prof. Eunofre Marques.
A percepção objetiva do mundo, isto é, a percepção do mundo objetivo, incluindo o próprio corpo, é sempre proporcionada e limitada pelos sentidos. Entretanto, a representação da realidade não se resume apenas na apreensão de informações sensoriais, que é um fenômeno neurológico. A representação da realidade é uma atividade intrinsecamente psíquica que se vale das informações fornecidas pela neuropercepção, mas vai além disso. É uma atitude que integra as imagens, formas e as representa na consciência.
A esta percepção enriquecida psiquicamente do mundo nós damos o nome de sensopercepção. Sensopercepção é, pois, a atividade de incorporar o mundo objetivo ao mundo interno ou subjetivo, é trazer o mundo físico para o mundo mental, é colocar-nos em contato direto com o que pudemos apreender do mundo que nos cerca.
Com a sensopercepção podemos construir em nosso mundo próprio todo nosso universo existencial. Assim podemos analisar, sintetizar, desmembrar, unificar, como se estivéssemos manipulando o mundo objetivo. A sensopercepção nos permite uma nova conquista do mundo. Se ela não fosse razoavelmente fiel ao mundo externo, isto é, se as suas referências básicas não viessem da realidade objetiva, o nosso mundo interno seria uma imaginação fantasiosa, delirante e irreal. Exatamente por se tratar de uma atividade muito confiável, apesar das suas limitações, podemos nos valer dessa sensopercepção para lidar com a realidade fora da realidade e, daí, descobrirmos como tornar real o resultado do nossa representação do mundo.
Deve ser ressaltado a propriedade exclusivamente intrapsíquica da sensopercepção e as possibilidades que ela nos apresenta de composição da consciência, jindo muito além de uma simples reprodução da realidade ou uma mera atividade sensorial. Na percepção do mundo temos, na verdade, três níveis: o nível sensorial, onde obtemos informações possibilitadas pelas limitações da cada sensorialidade, o nível neuropsíquico, que nos fornece informações sem conteúdo, e o nível sensoperceptivo, que nos abre todas as potencialidades que o conhecimento da realidade pode oferecer. A primeira é um campo puro da neurologia, a segunda da neuropsicologia e a terceira é restrita à psicologia (médica) e à psicopatologia. O fato de representarem campos profissionais distintos é também um dado que revela o quanto tais atividades se diferenciam entre si.
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Sobre a influência do estado emocional na intensidade das percepções:
O grau de interesse do sujeito pelo objeto foco atual da consciência, pode aumentar ou reduzir a acuidade perceptual para esse objeto. Isto também vale para os objetos relacionados ao objeto do foco principal e a todo o ambiente no mesmo campo perceptual.
Se o sujeito estiver apenas interessado em um único objeto, no livro que está lendo, por exemplo, poderá “apagar” todos os registros perceptuais de tudo o que não seja do foco visual de seu interesse. Se o sujeito está em um ambiente novo, onde tudo interessa, seu campo perceptual se amplia até os limites possíveis da sensorialidade, com grande grau de acuidade no foco da consciência. Aqui se trata, na verdade, de uma alteração intencional do grau de lucidez da consciência e da contração ou expansão dos seus foco e campo. Isto quer dizer que o interesse do sujeito pelo objeto altera a acuidade perceptiva da consciência.
Existem estados normais que exacerbam a acuidade perceptiva. Assim, se o sujeito está à noite caminhando numa rua suspeita, o medo pode tornar sua acuidade perceptiva muito maior do que aquela que costuma apresentar em condições normais, não suspeitas. Tal fenômeno não vem acompanhado de hiperlucidez, isto é, a reação de alerta produzida pelo medo não altera a sensopercepção pela consciência, mas de modo direto, primário.
Outra condição que pode exacerbar a acuidade perceptiva é o êxtase, um estado afetivo especial que altera as condições da consciência, gerando um estado de hiperlucidez. Este fenômeno é completamente diferente do que ocorre no medo. Se o sujeito está muito cansado, a fadiga pode reduzir drasticamente sua acuidade perceptiva. A fadiga não costuma vir acompanhada de variação da lucidez, indicando que a influência da fadiga na acuidade é direta e primária. A sonolência também reduz a acuidade perceptual. Esta, diferente da anterior, influi na sensopercepção através da variação da lucidez, pois a sonolência é um estado de hipolucidez, isto é, depende do estado da consciência. Existem muitas condições normais que produzem variações da acuidade perceptual para mais ou para menos. Não se tratam de distúrbios da sensopercepção, mas apenas variações das suas condições habituais, sendo, portanto, fenômenos absolutamente normais.
As variações no sentido de aumento da acuidade sensoperceptiva são chamadas de hiperestesias e para menos de hipoestesias. Alguns autores guardam esses termos apenas para as variações quantitativas patológicas, outros as usam indiferentemente também para as variações normais.
Em relação ao desenvolvimento da capacidade cognitiva e simbólica do ser humano, Renato da Silva Queiroz, professor do departamento de antropologia da USP, comenta em um livro chamado A Pré-História da Mente, de Steven Mithen, onde destaca o tópico “As origens da arte, da religião e da ciência”
A mente dos humanos modernos produz conhecimentos e os redireciona para propósitos diversos daqueles aos quais se aplicavam originalmente. Tal capacidade mental requer um cérebro poderoso e multifacetado, organizado de tal modo que os processos cognitivos em seu interior, a despeito de especializados, possam fluir e recombinar-se sem restrições. Disso decorrem a flexibilidade e a criatividade do comportamento humano. O surgimento desse tipo de mente, única entre os seres viventes, é produto de um longo trajeto evolucionário, cuja pormenorizada reconstituição encontra-se neste instigante livro de Steven Mithen, arqueólogo inglês que, para tanto, recorre a saberes da biologia, antropologia e psicologia, entre outras disciplinas científicas.
Todavia é o método arqueológico que o conduz pelas sendas das demonstrações. “Se quiserem conhecer a mente, não procurem apenas psicólogos e filósofos: certifiquem-se de também procurar um arqueólogo”, adverte Mithen, enfatizando que a mente humana resulta tanto da nossa história evolutiva quanto dos contextos em que os indivíduos se desenvolvem. A mente dos humanos modernos é fruto do processo de expansão cerebral, conhecido como “encefalização”, e do desenvolvimento de inteligências especializadas, cujos conhecimentos, antes nelas aprisionados, se integraram graças ao mecanismo gerenciador exercido pela consciência.
Essas inteligências múltiplas -e o autor propõe a existência de pelo menos quatro delas: social, naturalista, técnica e lingüística-, que se foram desenvolvendo de forma mais ou menos estanque ao longo do processo evolucionário, em resposta a numerosas pressões seletivas, se integraram, finalmente, na transição do Paleolítico Superior ao Médio. Pode-se identificar o período em que se deu tal integração, caracterizada por uma enorme fluidez cognitiva, observando-se as primeiras manifestações de percepção estética traduzidas em obras de arte (figuras esculpidas e pinturas rupestres) e a emergência de representações religiosas.
Escassas são as peças que se oferecem à reconstituição da pré-história da mente humana. Até o aparecimento das primeiras modalidades de escrita, surgidas há uns 5.000 anos, os vestígios que nos foram legados pelos nossos ancestrais nos últimos 2,5 milhões de anos não vão muito além de utensílios de pedra, restos de alimentos, figuras fixadas em pequenas esculturas e pinturas rupestres. Entretanto esse exíguo material, submetido ao rigoroso exame do autor e por ele confrontado com o comportamento de chimpanzés e grupos de caçadores-coletores modernos, conferiu suporte às suas convincentes interpretações. Um dos fundamentos da reconstituição empreendida por Mithen é o princípio da recapitulação, segundo o qual a ontogenia recapitula a filogenia, postulando o autor que se podem vislumbrar nas etapas de desenvolvimento mental da criança as fases da evolução cognitiva dos nossos ancestrais. Nessa medida, tem-se, num primeiro período evolucionário, uma inteligência geral, indiferenciada, incapaz de sustentar a elaboração de padrões complexos de comportamento, inteligência suficiente apenas para a aquisição de condutas relativamente simples, sujeitas a erros freqüentes e dependentes de um ritmo lento de aprendizado. Depois, despontam as inteligências especializadas, cada uma delas tomando conta de um domínio comportamental específico, com o que se amplia a capacidade das operações cognitivas.
Ocorre, porém, que nessa etapa intermediária os conhecimentos pertinentes a cada um dos domínios ainda estão contidos em seus módulos específicos (a imagem é a das lâminas de um canivete suíço), não se verificando, pois, significativo fluxo de informações entre eles. Finalmente, adquire-se a fluidez cognitiva, donde a dramática ampliação das capacidades mentais e a plena configuração da mente do homem moderno -criativa, flexível e imaginativa.
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Dependendo da motivação afetiva, por exemplo, as imagens percebidas podem ter representações diferentes (um cálice ou duas pessoas frente a frente… preparando-se para um beijo).
SELEÇÃO NATURAL
O mais importante arquiteto da mente, a seleção natural, processo lento e gradual, desprovido de direção ou de objetivos predeterminados, terminou por favorecer a integração das inteligências múltiplas, dando margem à riqueza dos processos mentais, que se traduzem em metáforas e analogias, e à nossa inesgotável imaginação. Dessa perspectiva, a capacidade simbólica e os estados mentais que se expressam por meio da arte, da religião e da ciência, criações exclusivas do homem moderno, já germinavam nas mentes de nossos ancestrais. Steven Mithen rastreou o percurso da construção dessa mente dotada de fluidez cognitiva, sem a qual os humanos seriam incapazes de construir e representar o ambiente culturalmente complexo que fizeram para si mesmos.
Em seus comportamentos se entranham dimensões práticas e simbólicas, neles interligando-se profundamente a manipulação e a transformação de objetos físicos, coordenadas pela inteligência técnica, a interação com o mundo natural, orientada pela inteligência naturalista, a habilidade de reconhecer indivíduos e inferir os seus estados mentais, favorecida pela inteligência social, e a aquisição e os múltiplos usos da linguagem, possibilitados pela inteligência linguística. O autor data as primeiras formas de expressão artística em aproximadamente 40 mil anos, situando-as no continente europeu e na “explosão criativa” do Paleolítico Superior.
Contudo novas descobertas parecem localizá-las em terras africanas, há uns 80 mil anos. Mesmo estando corretas essas derradeiras estimativas, vê-se que a emergência do homem moderno é bastante recente. Logo, prematura pareceria qualquer conclusão quanto à capacidade dessa mente, tão complexa e cognitivamente tão fluida, de prover a nossa espécie não só das artes de subsistência como também -e sobretudo- de uma ciência que nos proteja da extinção.”
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Ambiente, Circunstâncias e Personalidade
Essas comparações antropológicas do funcionamento perceptual entre diferentes culturas nos fazem supor que as diferenças da percepção nas propriedades dos objetos físicos fundamentam-se nos diferentes de nível de aprendizagem e diferentes experiências passadas com esses objetos, assim como em diferenças na capacidade para identificar tais objetos, embora essas diferenças não se fundamentem em diferenças mais profundas no processo geral de funcionamento da percepção.
Fatores Culturais
Os valores culturais atribuídos aos objetos, às relações e aos acontecimentos, também podem desempenhar um papel significativo na maneira pela qual os objetos são percebidos. Os habitantes das ilhas Trobriand (Nova Guiné), por exemplo, apegavam-se a uma crença básica, segundo a qual uma criança não poderia jamais ser fisicamente semelhante à sua mãe ou a seus irmãos e irmãs mas apenas ao seu pai. Mesmo quando, para um estranho, havia uma notável semelhança física entre dois irmãos, os nativos eram incapazes (ou não queriam ser capazes) de descobrir qualquer semelhança. Além disso, havia uma tendência inversa para exagerar o menor grau de semelhança facial entre o pai e os filhos.
Como existe considerável amplitude quanto aos aspectos de um objeto que a pessoa pode focalizar e acentuar, também podem existir notáveis diferenças a respeito desses aspectos entre várias culturas. As experiências perceptuais que se tem ao olhar um borrão de tinta, por exemplo, são descritas de maneiras bem diferentes, por pessoas de diferentes sociedades. Essas diferenças, na ênfase perceptual, podem ser interpretadas como reflexos dos valores culturais desses povos.
Personalidade e o Mundo Percebido
Há um conjunto cada vez maior de pesquisas sobre relações entre as características da personalidade e a maneira de perceber o estímulo físico. É de observação corrente, por exemplo, que nossa percepção das coisas pode ser alterada pelo nosso conhecimento, pela nossa motivação, por nosso estado emocional e por outras condições fisiológicas. Estes estados influenciam tanto a sensibilidade a objetos, como as propriedades percebidas neles.
Ao falarmos de diferenças de personalidade estamos falando das variações de fenótipo (a pessoa aqui e agora) e englobam variações na constituição biológica, na capacidade sensorial e cerebral, na idade e na experiência, no contexto geográfico e cultural. A singular constituição da pessoa, suas habilidades específicas, seus motivos, seus valores e seus traços constituem sua personalidade. Há diferenças significativas na percepção do mundo, associadas a diferenças de personalidade. Na realidade, uma das maneiras pelas quais se tentam descrever e classificar as pessoas, sob o ponto de vista personal, é através do estudo de sua maneira de perceber o mundo.
Circunstâncias
A experiência com um objeto também leva a mudanças significativas na maneira pela qual este é percebido: seu reconhecimento se torna mais fácil, o objeto é organizado perceptivamente de maneira diferente, aparecem novas propriedades atreladas à ele… Na realidade, nossas capacidades sensoriais, capacidades para descobrir os estímulos e distingui-los uns dos outros, pode ser aperfeiçoada com a prática. As mudanças na percepção são aspectos essenciais no processo da aprendizagem.
A compreensão científica dos processos de motivação e emoção abrange o estudo da maneira pela qual os estados de motivação influem na percepção. O alimento, por exemplo, é notado mais rapidamente pelo faminto do que pelo saciado e, além disso, parece também mais apetitoso ao faminto; uma mulher pode ser percebida pelo homem de uma determinada maneira antes do ato sexual e de outra, bem diferente, depois do mesmo ato; a pessoa amedrontada tem uma consciência mais nítida de cada pequeno ruído, na casa solitária, enfim, dependendo da motivação as percepções podem ser modificadas.
Há também influências fisiológicas nas percepções, encontradas, por exemplo, em estados excepcionais associados à doença, à gravidez, à menstruação, etc. Na mulher grávida, por exemplo, a capacidade para perceber os aromas é diferente.
A experimentação científica concorda haver influências impressionantes na percepção, produzidas por drogas e pelo álcool. A maconha, por exemplo, pode fazer com que as cores sejam vistas com um brilho incrível. O sentido do tempo fica deformado. O alcoolismo agudo e crônico pode ser acompanhado por períodos em que ocorrem experiências perceptuais apavorantes, tais como as de ver ratos sanguessugas no quarto, ou sentir vermes que perfuram a pele. Ainda seja obscura a classificação desses fenômenos, não pode haver dúvida de que esses estados estão também associados a variações marcantes na percepção
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para referir:
Ballone GJ – Realidade – representação da – in. PsiqWeb, Internet, disponível em www.psiqweb.net, revisto em 2019
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