Herpes, imunidade e emoções

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Amkraut, em 1972, percebeu que ratos dotados de maior comportamento de luta tinham maior resistência imunológica à indução de vírus tumorais. Kamen-Siegel constatou em idosos que um estilo pessimista em relação à vida se correlacionava com baixa imunidade.

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Pessoas deprimidas estão mais sujeitas à infecções de variadas naturezas: herpes, enterocolites, erisipelas, infecções urinárias, ginecológicas e assim por diante. Relacionar a Imunologia com a psiquiatria tem sido fácil, atraente e extremamente didático. Parece que o termo Depressão não se restringe ao psíquico. Ele envolve todo o organismo holisticamente. Aqui interessa a depressão imunológica.

Há uma variedade de evidências que justificam o relacionamento entre as emoções e vários componentes do Sistema Imunológico, justificando assim o agravamento e/ou desencadeamento de uma série de doenças físicas por razões emocionais.

A reciprocidade entre o Sistema Nervoso Central e o Sistema Imunológico estimula o desenvolvimento de uma nova e interessante área médica; a psiconeuroimunologia. Os tópicos de estudo da psiconeuroimunologia seriam as perturbações de um sistema que se reflete no outro e vice-versa.

De fato faz muito sentido que estes dois sistemas estejam fortemente integrados, pois ambos são responsáveis pelo relacionamento do organismo com o mundo externo, ambos avaliam se os elementos da realidade externa à pessoa são inócuos ou perigosos, ambos servem à defesa e adaptação, ambos possuem memória e aprendem pela experiência, ambos contribuem para o equilíbrio do ser no mundo e consigo próprio.

Como reforço a esta analogia, podemos citar ainda que os erros nesses dois sistemas podem produzir doenças; por um lado, as doenças imunológicas, auto-imunes, alergias e a vulnerabilidade a toda sorte de infecções e, por outro lado, as fobias, pânico, transtornos adaptativos e por estresse.

Desde 1984 Blalock se referia ao Sistema Imunológico como uma espécie de “sexto sentido” orgânico, remetendo informações do ambiente acessíveis aos cinco sentidos ao cérebro. Para ele, as evidência da interação entre Sistema Imunológico e elementos do Sistema Nervoso Central (SNC) incluem:

1- As alterações psicológicas que ocorrem no início e no curso das doenças infecciosas, cancerígenas, alergias e doenças autoimunes;
2- As evidentes influências dos hormônios do estresse (cortisol e adrenalina) na imunidade;
3- Os constatados efeitos dos neurotransmissores e neuropeptídeos na imunidade;
4- Os muitos efeitos experimentais do estresse na imunidade dos animais e dos humanos;
5- Os efeitos de drogas psicoativas sobre a imunidade;
6- A correlação das diferenças psicológicas individuais com as diferenças na imunidade individual;
7- A ocorrência de anormalidades imunológicas em doenças emocionais, como por exemplo a depressão, o estresse e a esquizofrenia.

A sabedoria antiga já tinha sólido conhecimento da integração corpo-mente. Aristóteles disse:

…”a psique (alma) e o corpo reagem complementariamente uma com outro, em meu entender. Uma mudança no estado da psique produz uma mudança na estrutura de corpo, e à inversa, uma mudança na estrutura de corpo produz uma mudança na estrutura da psique“.

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Estresse e imunidade

A psiconeuroimunologia mostra que o estresse e a imunidade baixa têm estreita ligação. Vê-se continuamente a comprovação dessas relações imuno-emocionais, principalmente observando-se situações estressantes e emocionais naturais tais com, luto, brigas conjugais, exposição a concursos ou exames e mesmo em pessoas cuidadoras de doentes crônicos. 

A relação entre o estresse e a imunidade foram avaliados em portadores de doenças depressivas, como mostrou inicialmente um relatório de Schleifer, Keller e Stein, sobre a função deus tipo de leucócitos; as Células T. A ideia foi corroborada também pelo relatório de Irwim sobre a função das células NK. Mas para compreender bastante bem os efeitos do estresse social, importantes experimentos foram iniciados com primatas, por Laudenslager e Coe.

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Psicoimunologia

Há cada vez mais interesse científico nos mecanismos psicoimunológicos. Esses conhecimentos proporcionam uma visão mais ampla e holística do paciente e exige grupos multidisciplinares para um tratamento mais completo ao paciente.

O sistema imune determina a distinção entre o que próprio do organismo e o que é estranho.

A reação imune é uma resposta a exposição do organismo a antígenos externos, é um esforço para manter a homeostase corporal ou o equilíbrio orgânico.

As respostas imunes do organismo são consideradas específicas, quando forem representadas por anticorpos especificamente criados para combater antígenos identificados como perigosos, e imunidade não específicas, mediada por células chamadas neutrófilos, bem como por complexas reações inflamatórias.

As funções imunes não específicas são, então, atribuídas a células que capturam antígenos e corpos estranhos ao organismo. São células fagocíticas (neutrófilos, monócitos e macrófagos) e sistema imune do complemento.

Este último é composto por um conjunto de proteínas do sangue, sistema também chamadas de imunidade natural e não têm memória como a imunidade específica.

As substâncias denominadas de anticorpos ou imunoglobulinas são classificadas em IgG, IgM e IgA, sendo que Ig significa imunoglobulina. 

Quando se aplica a vacina Sabin (poliomielite) ou Tríplice (tétano, coqueluche e difteria), o sistema imune é induzido a produzir os anticorpos protetores específicos do tipo IgG, IgM e IgA. 

Se o sistema imune produzir o anticorpo da classe IgE, essa classe de anticorpo produz as alergias, como a asma e a rinite.

Nosso corpo tem uma classe especial de células derivadas de um órgão chamado timo, que ajuda a proteger o organismo. Timo em grego significa energia da vida.

Quando o sistema está funcionando perfeitamente bem, o organismo mantem-se saudável, mas quando o mesmo sistema está deprimido, facilita-se o aparecimento de doenças ou até mesmo do câncer.

Quando o sistema se torna ativo, mas disfuncional, facilita-se o aparecimento das doenças auto-imunes como o lúpus e a artrite reumatóide.

A existência de uma íntima relação entre o cérebro e o sistema imune tem sido demonstrado há mais de 60 anos com base em resultado de numerosos estudos (Fessel, Friedman e Gil). 

Mediadores autônomos específicos formam a base biológica deste interrelacionamento, como tem sido extensamente demonstrado.

A visão que se tem da interação entre o cérebro e o sistema imune tem sido bidirecional, preferida à aquela onde a direção dessa interação era exclusivamente do cérebro para o sistema imune, com uma variedade de estudos mostrando que o sistema imune é apto para enviar mensagens para o SNC e influenciar suas funções.

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Herpes Simples

No final da década de 1950 experimentos com animais mostraram que o estresse poderia afetar a imunidade. Tanto em sua imunidade humoral – específica –  quanto em sua imunidade celular – não específica. Rasmussem, Marsh e Bril constataram que os ratos, expostos à importante estresse, foram mais susceptíveis em contrair infecção pelo vírus do Herpes Simples. Um pouco mais tarde, Solomom, Levine, e Kraft demonstraram que nos primeiros anos de vida da criança o estresse poderia afetar a futura resposta de seus anticorpos na vida adulta.

Existem dois tipos de herpes, o Herpes Simples, mais comum, que reaparece de vez em quando através de recaídas e o Herpes Zoster, que só ataca uma única vez e imuniza a pessoa para o resto da vida. O Herpes Simples é contagioso e geralmente aparece no contorno dos lábios, ao lado da boca, nos órgãos genitais, nádegas e até dentro dos olhos em casos mais raros, podendo levar à cegueira.

O Herpes Simples Genital é uma infecção viral, contagiosa, causada pelo vírus Herpes Simplex II (HS-II) que afeta principalmente os órgãos genitais de homens e mulheres. Esse vírus é também responsável por várias viroses, como a varicela ou catapora, a mononucleose e o herpes oral ou labial.

Apesar do vírus Herpes Simplex afetar preferencialmente os genitais, a doença é mais freqüentemente observado em mulheres. Nestas, a doença pode acometer a vulva (os lábios ao redor da vagina), o orifício vaginal, o colo uterino e o ânus. Entretanto, provavelmente o herpes genital não afeta o útero, as trompas e nem os ovários, portanto, não causa infertilidade.

Nos homens, as lesões do herpes genital podem ser encontradas no pênis e bolsa escrotal. O Herpes Simples também pode acometer outras áreas da pele, tais como as nádegas, pernas ou dedos das mãos.

Sintomas

Quando labial, a pele aonde irá aparecer a lesão começa a ficar mais sensível e a coçar alguns dias antes da lesão aparecer. Inicia-se um pequeno inchaço, formando-se pequeninas bolhas, que geralmente são bastante dolorosas. Quando as bolhinhas se rompem surge uma ferida com secreção clara.

É nesta fase que o vírus pode ser facilmente transmitido. Os sintomas são mais graves nas primeiras infecções, onde o processo de cicatrização pode levar até 4 semanas, mas normalmente após alguns dias a ferida começa a secar e finalmente inicia-se o processo de cicatrização.

O primeiro episódio de Herpes Genital costuma provocar dor na região afetada. Aparecem também grupos de pequenas bolhas (vesículas) na área genital. Estas vesículas provocam coceira e se tornam dolorosas. A seguir, essas pequenas vesículas se transformam em bolhas maiores e se rompem, deixando no seu lugar áreas ulceradas e dolorosas.

Devido a essas lesões pode haver aumento dos gânglios na virilha (íngua) e, algumas vezes, febre. Estes sintomas podem durar de 10 a 14 dias. O Herpes Genital intra-vaginal ou no colo uterino pode provocar corrimento e algum sangramento, mas não costuma causar dor.

É importante assinalar que algumas pessoas com Herpes Genital não sabem reconhecer nem identificar os sinais dessa infecção e, portanto, podem ser portadoras mas nem saber que têm a doença.

Recaídas

Quase mais importante que a primeira infecção por Herpes Simples são as recaídas (recidivas), praticamente presentes em todos pacientes. Depois do primeiro episódio o mais comum é o vírus torna-se inativo e, portanto, não provoca mais infecção nem prejuízo. Mas, ele costuma ser reativado de tempos em tempos, reaparecendo os sinais e sintomas da doença.

Em geral, a recidiva é menos dolorosa que o primeiro surto. Pouco antes de sua ocorrência o paciente pode referir coceira (prurido), irritação ou maior sensibilidade na região onde habitualmente aparecem as lesões. Os sinais e sintomas que antecedem o aparecimento dos surtos são denominados pródromos.

Os pródromos, que prenunciam o surgimento de nova lesão, são percebidos como uma sensibilidade maior em uma determinada parte do corpo. Trata-se de um sintoma benéfico, na medida em que o paciente pode iniciar o tratamento precoce para reduzir o tempo das lesões. É importante assinalar que a recidiva eventualmente pode não causar nenhum sintoma. Felizmente as crises tendem a ser menos freqüentes e menos intensas com o decorrer do tempo.

As situações que podem provocar o reaparecimento do Herpes costumam ser vários, tanto fatores ambientais quanto individuais. Podem desencadear um novo episódio de Herpes fatores tais como, por exemplo, o excesso de calor, a fricção continuada da região da pele, a fadiga, menstruação, durante estados gripais, fadiga, exposição intensa ao sol ou ao frio intenso e, principalmente, durante transtornos emocionais e estresseEntretanto, estes fatores desencadeantes podem variar de pessoa a pessoa.

De qualquer forma, é importante que a pessoa que tem Herpes aprenda a reconhecer quais os fatores que podem desencadear uma recidiva e tome todas as precauções possíveis para evitar estes estímulos, mantendo, assim, o vírus em estado inativo e a doença em remissão.

O surgimento do Herpes pode significar que a pessoa esteja passando por um momento de medo, ansiedade, raiva, frustração, depressão e até mesmo pânico, constrangimento ou vergonha. A única atitude correta nesta fase é procurar um dermatologista e, preferentemente, um tratamento emocional.

A Transmissão

O Herpes Genital é geralmente transmitido através de contato sexual. Portanto, toda pessoal sexualmente ativa corre o risco de infectar-se com o vírus. É importante saber que, quando uma pessoa teve ou tem herpes genital, ela pode disseminar ou propagar o vírus e infectar seu parceiro sexual, mesmo sem apresentar sinais de infecção ativa.

Existem circunstâncias que aumentam a probabilidade de se adquirir herpes. A existência de vários parceiros sexuais e o início precoce da atividade sexual na adolescência são fatores de risco para a contaminação.

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Imunidade e emoções

Nos anos de 1960, algumas observações foram feitas em relação às alterações emocionais que surgiam no início e durante o curso das doenças autoimunes, principalmente na Artrite Reumatóide, no Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) e na Doença de Graves, que é um tipo tireoidite, entre outras patologias.

Tentava-se, nessa época, avaliar a força dos elementos emocionais no desenvolvimento de algumas doenças. Uma das observações mais intrigantes, talvez tenha sido o fato dos parentes saudáveis de pacientes com Artrite Reumatóide também apresentarem uma sorologia característica de anticorpo para essa doença, o chamado fator reumatóide ou Anti-IgG.

Apesar de portarem anticorpos contra a doença, sugerindo potencial de ter a doença, esses parentes não apresentavam a doença. Eles tinham em comum uma capacidade superior de adaptação psicológica à vida. A associação de boa adaptação-ausência da doença sugeria que o bem-estar psicológico poderia ter uma influência protetora contra a doença, até mesmo contra uma predisposição genética (Solomon).

De fato, os clínicos mais sensíveis e observadores têm conhecido as alterações emocionais que alguns pacientes apresentam no começo e no curso de determinadas doenças. Por conta disso, Sir Wiliam Osler dizia, com relação ao prognóstico da tuberculose pulmonar, “ser tão importante conhecer o que está se passando na cabeça do paciente, quanto o que está se passando em seu peito”.

Ainda em relação à tuberculose, na década de 1950 o célebre fisiologista britânico George Day dizia que o problema de adaptação é muito evidente nos 18 a 24 meses anteriores ao surgimento dessa doença.

Em 1985 sai o primeiro trabalho sobre o hipotálamo e a evidência direta da modulação neurológica da imunidade (Guillemim). Os neurônios do hipotálamo disparam de maneira seqüencial depois da administração de um antígeno (corpo estranho) ao organismo. E o eixo hipotálamo-hipófise-suprarrenal se ativa por esse antígeno e por toxinas elaboradas por células pró-inflamatórias (cito-toxinas), num estado semelhante ao estresse (para entender melhor veja Suprarrenais e Estresse, nessa seção Psicossomática).

Também se sabe que órgãos imunes, como é o timo, o baço e a medula óssea, recebem inervação do Sistema Nervoso Autônomo, mais precisamente, de sua porção simpática, havendo sinapses nas uniões entre os terminais nervosos simpáticos e as células munológicas. Portanto, a imunidade é regulada através do cérebro, havendo maior influência do córtex cerebral esquerdo na maturação e na função de Linfócitos T, as células imunológicas por excelência.

Algumas alterações emocionais podem surgir no início e durante o curso de muitas doenças autoimunes. Essas alterações podem incluir forte tensão, sentimentos de insegurança, retraimento social, dificuldade para expressar sentimentos e sensibilidade afetiva muito aumentada.

Psicologicamente, pode haver perda da adaptação, ou melhor, perda da habilidade para atitudes que antes eram eficazes na adaptação. Solomon estudou essas alterações particularmente na Artrite Reumatóide, uma doença autoimune. Essas alterações emocionais também já tinham sido observadas em relação a outras doenças auto-imunes, como no Lúpus Eritematoso Sistêmico, por exemplo (Fessel).

Com respeito às alergias, alguns trabalhos da década de 1990 têm constatado que o estresse, a ansiedade e a depressão, retardam significativamente a atividade dos Linfócitos T, proporcionando hipersensibilidades, dermatites e asma (Paciant, Gil, Djuric).

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As células imunológicas

As células do sistema imunológico formam um forte exército, cujos principais elementos são linfócitos. Os linfócitos B são células que produzem anticorpos circulantes. Os anticorpos são pequenas proteínas membros da família das imunoglobulinas (Ig), que atacam bactérias, vírus e outros invasores externos (antígenos) .

Os anticorpos se “encaixam” às moléculas de antígeno que atacam como uma chave que se ajusta à fechadura. Cada anticorpo é específico e ataca apenas um tipo de antígeno – p. ex, um vai atacar o vírus do resfriado, enquanto o outro ataca uma bactéria – e cada linfócitos B produz apenas um tipo de anticorpo.

Os linfócitos T ou células T, não produzem anticorpos. Essas células atacam o invasores externos ou trabalham junto com outras células que o fazem ( “T “vem do Timo, onde essas células se desenvolvem).

Os vários grupos de células T possuem diferentes funções: as células T citotóxicas, junto com outras células sangüíneas citotóxicas naturais (NK – natural Killer) patrulham constantemente o organismo em busca de células perigosas. Quando encontram essas células T “associam-se” às células invasoras e liberam substâncias químicas microscópicas que as destroem.

Cada célula T citotóxica , assim como cada anticorpo, ataca apenas um alvo muito específico: alguns atacam células que foram infectadas por vírus, outros atacam células cancerosas e alguns atacam tecidos e órgãos transplantados.

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Imunologia do câncer e emoções

 O Sistema Imunológico é o responsável pela vigilância do organismo contra a proliferação de células cancerígenas. Algumas células do Sistema Imunológico são destinadas a destruir essas células anômalas que poderiam transformar-se em câncer e que nosso organismo, em seu estado natural, está sujeito à produzir esporadicamente. Entre essas células vigilantes estão as Células NK (Natural Killer).

Muitos estudos experimentais e clínicos em humanos e em animais têm mostrado que as Células NK, importantíssimas na vigilância contra as células neoplásicas e na prevenção de metástases de câncer, podem ser sensíveis à influência de fatores estressores e psicossociais.

Constata-se, cada vez mais, que o estresse pode aumentar substancialmente a extensão e a probabilidade de metástases em câncer de mama em ratas devido à supressão da função das Células NK (Ben-Eliyahu). 

Cada célula citotóxica natural (NK), por sua vez, tem uma ampla gama de alvos e pode atacar tanto células tumorais quanto uma variedade de micróbios infecciosos. Dois outros tipos de células T, chamada de células T “auxiliar ou LT helper” e “supressores” são especialmente importantes devido aos seus efeitos regulatórios sobre o sistema imunológico.

Essas células comunicam-se entre si produzindo interferons, interleucinas e outros mensageiros químicos que determinam a atividade das células do sistema imunológico.

Como células NK e LAK (que é a NK ativada por linfocina) distinguem uma célula normal de uma célula infectada por vírus ou maligna? Células NK e LAK têm dois tipos de receptores em sua superfície – um receptor ativador de função assassina ou receptor KAR (do Inglês Killer Activacting Receptor) e um receptor inibidor de função assassina ou receptor KIR (do Inglês Killer Inhibiting Receptor).

Quando KAR encontra o seu ligante, um ligante ativador de função assassina (KAL) na célula-alvo a célula NK ou LAK, é capaz de matar o alvo. Entretanto, se o KIR também se liga a este ligante então a morte é inibida mesmo que KAR se ligue a KAL. Os ligantes para KIR são moléculas de MHC classe I.

Assim, se uma célula-alvo expressa moléculas de MHC classe I esta não vai ser morta por células NK ou LAK mesmo que o alvo também tenha um KAL que não pode se ligar a KAR.Células normais constitutivamente expressam moléculas de MHC classe I na sua superfície, entretanto, células infectadas por vírus e células malignas têm diminuída a expressão de MHC classe I. Dessa forma, células NK e LAK matam seletivamente células infectadas por vírus e células malignas, deixando livres as células normais.

A proporção entre células auxiliares/supressores devem ser equilibrada para a saúde do organismo. As células T auxiliar ajudam os linfócitos B a produzir anticorpos, enquanto as célulasT supressores desativam a ação das células T auxiliares, quando o número de anticorpos produzidos é suficiente.

Um estudo de intervenção psicoterapêutica em pacientes com câncer de pele (melanoma) foi realizado há muito tempo por Fawsy (1993). Comparou-se um grupo pacientes com melanoma maligno e que participaram de um grupo de atenção psiquiátrica durante seis meses, com um grupo controle, composto de pacientes portadores da mesma doença mas sem acompanhamento psicoterápico.

Todo esse funcionamento imunológico, seja através de sua parte celular, seja a parte humoral dos anticorpos, reflete a intensidade com que os elementos emocionais interferem na eficácia imunológica ou em seu fracasso. 

Cada vez mais os interesses estão sendo focados nesses mecanismos psiconeuroimunológicos, gerando muitos questionamentos e hipóteses para serem pensados em grupos multiprofissionais e aprimorando o tratamento ao paciente.

Os pacientes com melanoma maligno e participantes do grupo psiquiátrico, mostraram menos dor e maior atividade das Células NK que o grupo controle, de pacientes com esse mesmo quadro mas não participantes do programa de atenção psicoterapêutica. Os pacientes do programa de atenção psicoterapêutica mostraram ainda menos recorrência e metástases, além de uma sobrevida maior que seis anos. 

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Fatores Predisponentes

A relação entre as respostas fisiológicas e os transtornos psicossomáticos tem sido o ponto de partida de muitas teorias explicativas. Entre as diversas emoções com respostas fisiológicas importantes devem ser destacadas a ansiedade e a raiva.

Supõe-se que para se desenvolver e manter um transtorno psicofisiológico, são necessários dois fatores:

O primeiro fator será de predisposição individual, pelo qual a pessoa tende a experimentar maiores reações fisiológicas diante da emoção. Significa que essa pessoa tem uma certa excitabilidade aumentada do Sistema Nervoso Autônomo, bem como dos sistemas endócrino e imunológico.
O segundo fator ao estímulo estressor, mais do que à personalidade da pessoa. Aqui leva-se em conta a próprio estímulo emocional, sua duração e intensidade. Ele, o estímulo, deve ser suficiente para manter níveis altos de ansiedade ou raiva. 

Há anos estudam-se as características do perfil de resposta de pessoas com diferentes transtornos psicofisiológicos, tais como a hipertensão arterial, asma, a úlcera digestiva, as dores de cabeça, vários tipos de dermatites, etc.

Os resultados indicam que as pessoas que apresentam tais transtornos costumam ter níveis mais altos de ansiedade do que outras pessoas da mesma idade e sexo.

A mesma emoção negativa pode ainda se apresentar com características internas ou externas, variando de acordo com a capacidade de controle e dissimulação da pessoa. Assim, segundo Cano (Cano-Vindel & Fernández Rodríguez), as pessoas com hipertensão essencial têm níveis maiores de raiva interna que os grupos controle, sem hipertensão.

Os pacientes com asma, por exemplo, apresentam níveis maiores de raiva externa do que as pessoas sem asma. A raiva, neste caso, ajudaria a manter níveis altos de ativação fisiológica.

A maioria das pessoas com estilo repressivo de enfrentamento de suas emoções negativas não costuma ter consciência de sua alta ativação fisiológica e, inclusive, podem referir-se a si mesmas como pessoas relaxadas, calmas e tranqüilas.

Na realidade não são bem assim. Elas aparentam ser calmas e controladas apenas externamente.

Embora essas pessoas apresentem baixas pontuações nos testes para ansiedade, apresentam uma alta ativação fisiológica. Esta alta ativação fisiológica continuada será um fator de vulnerabilidade para o desenvolvimento de transtornos psicofisiológicos.

Segundo Cano, em testes de laboratório os indivíduos submetidos a tarefas estressantes e com maiores tendências para ocultação e dissimulação das emoções apresentaram maior reatividade cardiovascular com resposta de aumento da pressão arterial diastólica.

O estilo repressivo de enfrentamento das emoções negativas também é um fator que pode introduzir um certo grau de imunodepressão (Cano-Vindel, del Rosal, Sirgo, Pérez Manga e Miguel-Tobal).

Uma alta ativação fisiológica mantida ao longo do tempo pode provocar alterações no Sistema Imunológico, tornando a pessoa mais vulnerável à enfermidades infecciosas ou à doenças auto-imunes.

Assim, por exemplo, pacientes com câncer que apresentam estilo repressivo de enfrentamento das emoções têm uma menor expectativa de vida (Cano-Vindel, Sirgo y Díaz-Ovejero).

Deve ser destacado que as emoções são reações naturais, universais e têm uma finalidade adaptativa, não obstante, quando elas são demasiadamente intensas e/ou freqüentes, essas mesmas reações emocionais podem provocar alterações patológicas na saúde.Se essas emoções não podem ser relacionadas diretamente ao desenvolvimento de doenças, no mínimo elas provocam uma alteração na qualidade de vida capaz de favorecer o desenvolvimento patológico.

A ansiedade, a tristeza e a raiva, quando em níveis demasiadamente intenso, frequentes e mantidas por um tempo mais longo, tendem a determinar mudanças na conduta e atitudes não sadias, como por exemplo, o consumo de fumo, álcool, sedentarismo, apatia, falta de exercícios, transtornos alimentares (hipo ou hiperfagia), etc.

Hoje, mediante técnicas cognitivas, comportamentais e farmacológicas, a medicina psicossomática tem se ocupado em ajudar pessoas a controlar e diminuir sua ativação fisiológica, a reduzir o mal estar psicológico e a facilitar uma expressão emocional mais sadia. Com isso pretende-se melhorar a qualidade de vida e a saúde das pessoas.

As pessoas reagem diferentemente ao estresse, inclusive em termos de eventuais doenças psicossomáticas. Ao estudarmos o Afeto, entendemos que parece haver uma espécie de filtro através do qual os fatos e eventos são percebidos desta ou daquela forma pelo sujeito. Isto faria distinguir situações percebidas como estressantes para alguns e não estressantes por outros (veja em Afetividade).

A sensibilidade pessoal e diferenciada diante da vida exerce um potencial atenuante ou agravante aos eventos, efeito este que depende mais da própria personalidade que das eventos em si. Isso definirá o modo de ser, de reagir, de enfrentar e de se adaptar ao estresse.

Assim sendo, pode-se dizer que a elevação da pressão arterial diante do estresse, por exemplo, parece depender mais da avaliação pessoal (subjetiva) que o indivíduo faz de sua situação do que da própria situação em si, objetivamente considerada.

Alguns observadores notaram que os hipertensos tendem ao pessimismo, antecipando consequências negativas dos fatos, assim como a interação interpessoal e social é também vivida por eles como fonte de ansiedade e estresse.

A “opção” somática das emoções

É no Sistema Límbico, uma área nobre do Sistema Nervoso Central, que tem início a função avaliadora da situação existencial, dos fatos e eventos de vida. Esse modo de avaliação sempre leva em consideração algumas variáveis, tais como, a personalidade prévia, a experiência vivida, as circunstâncias atuais e as normas culturais.

É devido a esse aspecto multifatorial que uma dada situação vivida pelo indivíduo sofrerá um processamento interno envolvendo sua avaliação quanto à natureza do evento e sua possível ameaça, bem como um processamento interno acerca da escolha ou decisão da melhor maneira de enfrentamento, resultando, finalmente, numa dada resposta.Tanto os fatores constitucionais de personalidade, quanto as experiências anteriores de vida representariam o núcleo desse sistema de avaliação.

Já na década de 1960 o pesquisador canadense Hans Selye dizia que a “preferência” de um agente estressor por um determinado órgão ou sistema, bem como a intensidade dessa resposta, parece ser determinada por fatores condicionantes internos e externos ao indivíduo, ou seja, depende de características herdadas e adquiridas.

De acordo com esse aspecto extremamente pessoal da resposta do sujeito ao objeto estresse, podemos entender porque diante de situações semelhantes, diversos indivíduos reagirão de formas diferentes. Isso resultará sempre no modo peculiar de cada pessoa avaliar as situações e o que é estressante para um, pode não ser para outro.

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A Desistência Depressiva

Outro tipo de situação capaz de gerar ou agravar doenças físicas é a chamada desistência depressiva de viver. Trata-se de um estado de espírito típico dos deprimidos, onde o indivíduo “desiste” de viver, permitindo assim que a doença física o acometa. Situações de perda familiar, perda de situação econômica e social ou outras perdas que dêem ao indivíduo a sensação de não ter saída, parecem estar na base desse estado depressivo de auto-abandono.

Existem dois Mecanismos de Defesa, principalmente, capazes de gerar somatização. São eles a identificação e a conversão. Identificar-se é sentir-se como o outro. É tornar seu algo que é do outro. Na identificação, sentir-se doente pode ser uma forma de identificar-se com alguém que está ou esteve doente. Assim, por exemplo, o transtorno menstrual conhecido por dismenorréia pode ser conseqüência da identificação de uma adolescente com sua mãe, a qual apresentou ou apresenta esse quadro. As identificações também assumem importantíssimos papéis na dinâmica das patologias relacionadas aos estados histriônicos e hipocondríacos.

Na conversão, por sua vez, o hipocondríaco é capaz de se sentir e acreditar-se doente e o histérico é capaz de expressar exuberantemente essa doença. Ele desmaia, paralisa, arma a cena e exibe seu sintoma. Parece ter uma ação mais expressiva que o hipocondríaco. Mas, mesmo assim, seus sintomas expressam seus conflitos reprimidos. É uma forma simbólica (e somática) de falar que utiliza o corpo como meio de comunicação.

Doenças autoimunes

Doenças Autoimunes ou de auto-agressão são aquelas em que se desenvolvem reações imunológicos contra constituintes naturais do organismo (self), produzindo lesões localizadas ou sistêmicas. Fazem parte deste grupo de doenças a artrite reumatóide, lúpus eritematoso sistêmico, esclerose sistêmica progressiva, polimiosite, dermatomiosite, tireoidite autoimune, miastenia grave, colite ulcerativa, entre muitas outras.

Essas doenças ocorrem devido à formação de anticorpos contra constituintes do próprio organismo. Nesse casos, tais constituintes próprios do corpo da pessoa passam a representar, erroneamente, agressores (antígenos) ao Sistema Imunológico.

Quando o anticorpo adere ao antígeno há ativação de proteínas plasmáticas que estimulam uma cadeia de reações que culminam na destruição celular e necrose do tecido com muitas conseqüências sobre a função do órgão e sobre o próprio organismo.

Muitas indagações têm sido feitas no sentido de se determinar por que, de repente, um constituinte orgânico próprio do organismo passa a ser reconhecido como “corpo estranho”. Supõe-se este tipo de reação anômala seja facilitada por uma atividade diminuída de células imuno-supressoras.

Assim sendo, a falência da atividade imuno-supressora explicaria o surgimento de certas doenças autoimunes e, como já vimos ao tratar das infecções e emoções, o estresse pode perfeitamente ser capaz de modificar as atividades das Células T, incluindo a atividade supressora.

Sabe-se também que os fenômenos autoimunes tendem a aumentar com o envelhecimento, e este fato tem, inclusive, sido aventado como de importância na etiologia do câncer.

Outro aspecto já muito estudado diz respeito ao condicionamento genético destas doenças. Quando estudamos as causas das chamadas doenças autoimunes, veremos que se tratam de doenças tipicamente multifatoriais, de múltiplos fatores envolvidos em sua etiologia, e aqui se inserem o estresse e os fatores psicossociais no desenvolvimento, evolução, agravamento.

Pessoas resistentes à idéia da relação das emoções com essas doenças autoimunes poderiam citar que algumas pesquisas atuais consideram, dentro desta multifatoriedade, algumas ações virais. Neste sentido, lembram, já se sabe que o antígeno da panarterite nodosa, doença do grupo das colagenoses, é o vírus da hepatite B e, quanto à artrite reumatóide, já se sabe que vírus do tipo Baar-Epstein, o mesmo da mononucleose infecciosa, ao parasitarem os linfócitos tipo B, produziriam o fator reumatóide, uma gamaglobulina presente no sangue destes pacientes.

Também foi evidenciado a importância dos vírus HIV e outros tipos do tipo Picorna na poliomiosite, doença na qual os vírus Coxakie parecem desempenhar um papel patogênico em casos de crianças.

Mas esses argumentos não excluem, em absoluto, o envolvimento emocional, pois, como vimos acima, as emoções estariam fortemente presentes na vulnerabilidade imunológica e na suscetibilidade a infecções.

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ESTRESSE, SISTEMA IMUNOLÓGICO e INFECÇÃO

O tema deste subtítulo diz respeito diretamente à psiconeuroimunologia é o relacionamento entre os fatores psicológicos e estresse com as doenças infecciosas. Um exemplo claro da influência das emoções sobre as “lesões”, conforme preceitos da medicina psicossomática.

Uma das mais importantes funções do equilíbrio do organismo (homeostasia) é protegê-lo das agressões infecciosas, ou seja, impedir a multiplicação de agentes infecciosos e a formação de colônias em seu interior, bem como proporcionar resistência às infecções.

Como mecanismos inespecíficos desse sistema de defesa existem a integridade das barreiras naturais, compostas pela pele, pelos cílios e pelos, pela presença de ácidos nas superfícies, substâncias inibidoras da proliferação dos germes nos humores e outros. Os mecanismos específicos de nossas defesas estão representados por um combate muito mais eficaz conduzida pelo sistema imunológico.

Os anticorpos do Sistema Imunológico, por exemplo, facilitam extremamente a atração, a aderência e a fagocitose dos germes invasores pelas células brancas e macrófagos, participando também da neutralização de partículas virais circulantes. Graças à participação celular da resposta imunológica, as células infectadas por vírus ou por outros parasitas intracelulares podem ser destruídas e isso se dá às custas das células chamadas Linfócitos T.

O estresse desempenha importante papel no Sistema Imunológico, inibindo ou estimulando seus componentes, ou seja, aumentando a morbidade e mortalidade, por excesso ou por falta desses mecanismos. Plaut e Friedman reportam uma tremenda variabilidade da morbidade e mortalidade por invasão de germes em animais de laboratório, dependendo da natureza do organismo patogênico, da qualidade e quantidade do estresse e de fatores genéticos e ambientais.

Depois de enfatizar a natureza multifatorial das doenças infecciosas, Amkraut e Solomon escrevem: “Pequenas mudanças no processo imunológico podem causar alterações iniciais para permitir o estabelecimento de infecções, alterar o curso da doença depois da infecção instalada, ou mesmo, permitir a invasão de organismos não patogênicos, como acontece no caso da gengivite aguda necrozante, a qual é fortemente associada com o estresse emocional”.

Esses autores também ilustram sua posição dando como exemplo o caso da infecção pneumocócica, lembrando que este germe costuma estar naturalmente presentes no trato respiratório de pessoas normais e nem atravessam a mucosa ou entram nos pulmões em número significativo.

Em condições normais a natureza da mucosa, as secreções desta e a flora normal impedem a proliferação e penetração dessas bactérias. Entretanto, essas condições normais da mucosa e a flora normal que aí se encontra podem ser modificadas pelo estresse, permitindo a multiplicação e passagem de microrganismos.

Quando essas bactérias invadem a mucosa em pequeno número, podem ser eficazmente atacados por células da defesa, os macrófagos. Mas, não obstante, a vigilância dos macrófagos pode ser afetada por hormônios ou pelo estresse, possibilitando o início da doença. Macrófagos alterados pelo estresse podem ser menos eficientemente.

Também devemos levar em conta que as proteínas capsulares dos pneumococos estimulam os linfócitos B diretamente e, por causa do estresse, uma leve diminuição da atividade destes, pode levar a uma produção inadequada de anticorpos. Também, lembram os autores, que esta inibição da capacidade de remover as bactérias encharcadas de anticorpos dos macrófagos pode diminuir significativamente as defesas imunológicas.

Contribuindo ainda para a deficiência da vigilância imunológica, a redução dos níveis de complemento do paciente (proteínas que se ligarão aos agressores) ou de um particular componente do sistema de complemento, pode aumentar a severidade da doença infecciosa.

Tem sido muito observado por aqueles que lidam com a tuberculose, as relações entre melhoras e pioras dos pacientes e seus problemas emocionais. Já em 1919, Ishigami, citado por Schindler, escreveu sobre isso quando, estudando a fisiopatologia da tuberculose observou a diminuição da atividade fagocitária das células imunológicas durante episódios de excitação emocional, atribuindo-os ao estresse da vida.

Wittkower, já na década de 1950, escrevia que “algumas vezes pode ser mais adequado firmar o prognóstico do paciente na base de sua personalidade e conflitos emocionais que na base das imagens de suas radiografias“. Por causa dessas observações é que se firmou o ditado, segundo o qual, na doença, “a agressão depende mais do agente agredido que do agente agressor”.

A própria psicoterapia de grupo nasceu, na década de 30, para o atendimento de pacientes tuberculosos em pequenos grupos, para possibilitar um processo educativo em relação a suas enfermidades, bem como a perspectiva de melhor lidarem com elas, favorecendo a alta e a reabilitação.

Também servem de exemplo da influência das emoções no curso e evolução das doenças, os famosos trabalhos de Renée Spitz, sobre crianças internadas em instituições. Várias situações mórbidas descritas pelo autor, como por exemplo a Depressão Anaclítica, marasmo e hospitalismo, ele constatava também um expressivo aumento da mortalidade por maior suscetibilidade a infecções. Em suas preciosas observações, Spitz descreveu como a simples presença da mãe, junto à criança internada, fazia reverter o curso, evolução e prognóstico das doenças.

Jacobs propôs-se a estudar os problemas psicossomáticos da pneumologia, e constatou que as pessoas em situações de mudança de vida, que estavam usando mal seus mecanismos psicológicos de adaptação adoeciam, sobretudo, de infecções das vias aéreas superiores. De fato, tanto os médicos quanto os leigos, sabem que as situações de resfriado, gripe ou bronquite ocorrem em pessoas fatigadas emocionalmente ou mesmo deprimidas.

Para sistematizar academicamente as antigas suspeitas da influência das emoções sobre a recuperação de doenças infecciosas, Greenfield e cols realizaram um interessante trabalho experimental. Aplicaram um inventário de avaliação psicológica, o Minnesota Multiphasic Personality Inventory (MMPI), em 38 pessoas que estavam em recuperação de um processo de mononucleose infecciosa.

Eles dividiram os pacientes em dois grupos: os de longa recuperação e os de curta recuperação. O grupo que se recuperou mais rapidamente apresentava significativos escores de maior força de ego do que o grupo que se recuperou mais lentamente. Na discussão desse trabalho, escrevem, “… parece-nos que há uma substancial evidência empírica para a assertiva de que a saúde psicológica e a somática são separáveis apenas arbitrariamente.”. Bioquimicamente é importante também o trabalho de Gruchow, que conseguiu detectar elevações de catecolaminas três dias antes de episódios infecciosos.

Oliveira, na área da Hanseníase, por várias vezes constatou uma recorrência dos sintomas e das lesões cutâneas durante ou após episódios traumáticos ou conflitivos intrafamiliares. Após três anos de psicoterapia grupal,  mantida a medicação que já faziam uso anteriormente, praticamente todas as pacientes se mostraram beneficiadas por este processo, fosse através de uma melhoria de suas enfermidades, fosse por uma atitude menos hipocondríaca, culpada ou submissa. E as exacerbações das lesões cutâneas que se seguiam aos estresses praticamente desapareceram.

O Herpes Simples é uma das viroses que mais tem estimulado estudos psicossomáticos. Amkraut e Solomon recordam que os anticorpos contra o vírus do herpes coexistem tanto com a infecção aberta quanto com a inaparente (veja melhor o Herpes em Psiconeuroimunologia, Emoção e Imunidade 1, na seção Psicossomática). A doença se dissemina por transferência do vírus, célula a célula. Trata-se de uma falência da vigilância imunológica dos linfócitos T, os quais deveriam estar diuturnamente monitorando as células infectadas. Esses linfócitos podem destruir os vírus diretamente, por ação citotóxica, ou através da ativação de macrófagos da vizinhança.

Pois bem. O estresse perturba o equilíbrio presença de vírus-defesa do organismo, possibilitando a proliferação do vírus, o que também se dá por febre ou radiação ultravioleta. Um dos alvos sabidos do estresse são as células NK, ou células matadoras (natural killers) de vírus e de outras células neoplásicas.

Na prática médica, qualquer clínico experiente constata, facilmente, a interação entre situações de estresse e crises herpéticas. Até mesmo os próprios pacientes, com o tempo, aprendem a diagnosticar as situações de estresse que serão capazes de desencadear a recaída da doença. Não é raro encontrarmos crises de herpes genital relacionadas com a situação conjugal.

Atualmente a AIDS tem sido outro terreno muito fértil para a pesquisa psicossomática. Além de tratar-se de uma doença infecciosa, de uma virose, ela provoca várias situações somatopsíquicas. Desde o estresse representado por seu diagnóstico até as angústias sócio-culturais atreladas à doença.

Atualmente muito se tem pesquisado sobre as implicações do abuso de drogas, do excesso de parceiros e do coito anal na incidência da AIDS. Outro grupo procura estabelecer relações sobre o estresse cultural do homossexual em uma sociedade homofóbica juntamente com as comorbidades emocionais dos usuários de drogas, embora não se negue, de forma alguma, a capacidade imunossupressora dos opiáceos exógenos intravenosos. Se um sistema imunológico já está comprometido por opiáceos ou por infecção virótica, é compreensível que o estresse possa ser mais imunossupressor agravante.

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para referir:
Ballone GJ  Herpes, Imunidade e Emoções – in. PsiqWeb, Internet, disponível em www.psiqweb.net, revisto em 2021

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Bibliografia
– Greenfield NS. Ego strength and length of recovery fron infectious mononucleosis. J. Nervous Ment. Dis., n. 128. p. 125, 1959.

– Gruchow HW. Catecholamine activity and infections disease episodes, J. Hum. Stress, n. 128, p. 125, 1979.
– Jacobs MA et al. Incidence of psychosomatic predisposing factors in allergic disorders. Psychosom Med, n. 26, p. 679, 1966.
– Oliveira EL, Abulafia LA, Mello Filho J. Grupoterapia com pacientes de hanseníase. Informação Psiquiátrica. v. 7, n. 2, p. 64, 1988.
 Papi AComunicação pessoal. 1983. Fatores emocionais nas doenças do colágeno. Trabalho apresentado à 1a. Reunião Nacional da Associação Brasileira de Medicina Psicossomática, Rio de Janeiro, 1965.
– Plaut SW, Friedman, SH. Psychosocial factors in infections disease. In: Psychoneuroimmunology, New York: Academic Press, 1981.
– Schindler R. Stress, affective disorders, and immune function. Medical Clinics of North America, n. 69, p. 505, 1985.
– Solomon, GF. Psychon innunologic approaches to research on AIDS, Am York Academy Sciences, n. 496, p. 647, 1987.
– Wittkower, ED, Durost, HS, Laing, WAR. A psychosomatic study of the course of pulmonary tuberculosis. Ann. Rev. Tuberc. Pulm. Disease, n. 71, p. 201. 1955.

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