O conceito principal de Rogers, e a pedra fundamental sobre a qual repousa a personalidade é a experiência. A experiência é tudo o que está potencialmente disponível à atenção do organismo. Esta totalidade de experiências constitui o campo (experiencial) fenomenal da pessoa. As experiências do organismo são sempre válidas e, enquanto agirmos de acordo com elas, a personalidade não será perturbada.

Dentro desse campo fenomenal, cria-se uma região que Rogers chama de eu ou conceito do eu. As experiências desse sistema do eu são as que se referem ao “ego”. São as maneiras nas quais vive-se a experiência de si mesmo . Declarações como as que se seguem são expressões de experiências do ego“Eu não sou atraente”. “Eu sou honesto”. “Eu não sou muito inteligente”.

Por serem essas avaliações algumas vezes positivas e outras vezes negativas, a criança aprende a fazer a diferença entre as ações e os sentimentos que convêm (aprovados) e os que não convêm (reprovados). As experiências inconvenientes tendem a ser excluídas do conceito do eu, mesmo que sejam organisticamente válidas. Isso resulta em um conceito que, em parte, destoa das experiências organísmicas. A criança procura ser o que os outros querem que ela seja ao invés de ser o que realmente é. Postulados da teoria fenomenológica de Rogers:

1. A fé na capacidade do indivíduo. Num ambiente favorável a pessoa tem capacidade de enfrentar de forma construtiva os aspectos da vida que podem aflorar o campo da consciência, desenvolvendo suas potencialidades e enfrentando a vida social e profissional.
2. Tendência à atualização. Impulso à auto-realização e à regulação do organismo por si mesmo. tendência natural a atualizar-se, manter-se e desenvolver-se.
3. Self (auto-imagem) . Idéia ou imagem de si mesmo, formada das percepções referentes ao próprio indivíduo em relação com os outros, com o seu ambiente, com a vida em geral (campo da experiência).
4. Abertura à experiência. Capacidade do indivíduo de reconhecer como se passam as vivências dentro de si próprio. Não significa que deva ter consciência de tudo que se passa no seu íntimo. O mais importante é enfrentar barreiras.
5. Congruência. Quando se é o que é. Relação autêntica sem “máscara” ou fachada. Tendência de manter a própria organização. Se organizar sempre que ocorrer uma percepção distorcida da realidade. Defesa ou reação à ameaça de uma configuração do seu eu.

O comportamento congruente como processo contínuo deve passar pelas seguintes fases: A. O indivíduo sentir o que está acontecendo no seu organismo, isto é, experimentá-lo como algo real que existe e que está passando em si;
B. Perceber tal como está sentindo, isto é, representar adequadamente na consciência a experiência que está tendo.
C. Aceitar o que está percebendo, e tal como está percebendo – isto é, “assumir” como sua a experiência que está sendo representada, como algo que lhe pertence, como parte “natural” de si;
D. Manifestar a experiência tal como é aceita, isto é, expressar-se tal como pensa e sente.
Rogers considera a vida como “um processo que flui, que se altera e onde nada está fixado”.

A vida é força positiva que constrói o indivíduo. Todos os recursos, de que alguém precisa para o seu desenvolvimento encontram-se nas experiências que ela oferece. Saber reconhecer estas experiências e aproveitá-las convenientemente é o mais fundamental que cada um dispõe para alcançar sua própria realização. Não ajuda a ninguém viver uma vida que não é sua ou rejeitar ser o que realmente é. São desvios que trazem insatisfações e desajustamentos, impedindo a eficácia pessoal e criando obstáculos para o progresso.

Na orientação não-diretiva, considera-se que a base necessária para mudanças desejáveis é a aceitação de si, aqui e agora: a partir do que o indivíduo realmente é, os recursos atualmente existentes podem ser descobertos, reconhecidos e utilizados para as mudanças necessárias numa direção mais construtiva.

A relação de ajuda, no enfoque não-diretivo, pretende dar ao indivíduo oportunidade para se conhecer como realmente é, aceitando o seu próprio processo de vida e nele se inserindo, a fim de utilizar os recursos pessoais, que as experiências lhe oferecem, para transformações construtivas de atitudes e comportamento.

Objetivos Educacionais da Teoria Rogeriana
Verdadeira e democraticamente, é proporcionar aos alunos condições para se tornarem pessoas, indivíduos. A O aluno só torna-se pessoa quando é capaz de tomar decisões pessoais, sentindo-se por elas responsável, em espírito crítico, adaptando-se com maleabilidade e inteligência a novas situações problemáticas.
B. O professor rogeriano tem confiança na pessoa do aluno, aceitando tal como ele é, levando em conta seus sentimentos. Não ensina, mas facilita a aprendizagem, criando um clima de liberdade e responsabilidade. Facilita uma aprendizagem significativa.
C. Ultrapassa o nível intelectual, possibilitando a expressão dos sentimentos.
D. Necessidade de abandono da atitude onipotente, de dono do saber. Aceitar suas limitações. Ensinar é aprender, estar disposto a mudar. Levar o aluno a conquistar mais autonomia.
E. Não despreza as técnicas propostas pelo behaviorismo, mas não as considera essenciais.
F. Aprendizagem significativa acontece quando o aluno percebe a relevância do conteúdo a ser estudado para seus objetivos de aprendizagem.
A pessoa aprende melhor o que busca e aprende por si. O conteúdo que decorre da curiosidade do aluno é mais facilmente assimilado.
G. A aprendizagem implica numa mudança de organização do self, mobiliza a percepção de si mesmo.
H. Incrementar um clima de liberdade favorece a autocrítica e o desabrochar da criatividade, bem como permite o aparecimento das divergências e das discordâncias, tanto a nível intelectual como emocional. Lidar com as discordâncias é uma aprendizagem a ser encarada. Estimular métodos que não visem unicamente conteúdo.