Cocaína é um alcaloide obtido das folhas de coca (Erythroxylon coca) ou derivado sinteticamente da ecgonina ou de seus derivados. O hidrocloreto de cocaína era comumente usado como anestésico local em odontologia, oftalmologia. Devido à sua ação vasoconstritora também era usada nas cirurgias de ouvido, nariz e garganta para redução das hemorragias locais.

Cocaína também é um poderoso estimulante do sistema nervoso central, usado não-medicamentosamente para produzir euforia ou “ligação”, porém, seu uso constante produz forte dependência. A cocaína ou “coca”, geralmente é vendida como cristais brancos e translúcidos, ou em pó (“farinha” ou “pó”), freqüentemente adulterada com açúcares ou anestésicos locais.

O pó é cheirado (aspirado pelo nariz) e produz efeitos euforizantes entre 1-3 minutos, os quais duram em torno de 30 minutos. A cocaína pode ainda ser ingerida oralmente, geralmente com bebidas alcoólicas ou injetada por via intravenosa.

Aquecendo-se o sal de cocaína com bicarbonato de sódio produz-se o crack. O crack é uma cocaína alcaloideo (básica), um composto amorfo que pode conter cristais de cloreto de sódio. O nome crack, refere-se ao som de estalido provocado quando o composto é aquecido.

O efeito intenso do crack, representado por um sentimento de exaltação, desaparecimento de ansiedade e um exagerado sentimento de confiança e auto-estima ocorre de 4-6 segundos após sua inalação. Há também uma perturbação do juízo crítico e o usuário tende a cometer atos irresponsáveis, ilegais ou perigosos, sem atentar para as conseqüências.

Os efeitos agradáveis terminam em torno de 5-7 minutos, depois disso o humor rapidamente muda para depressão e o consumidor é compelido a repetir o processo de forma a recuperar a euforia do ápice. A superdose parece ser mais freqüente com o crack que com outras formas de cocaína.

A interrupção do uso contínuo de cocaína é geralmente seguida por uma crise que pode ser vista como síndrome de abstinência, na qual a exaltação dá lugar à apreensão, depressão profunda, sonolência e inércia. Reações tóxicas agudas podem ocorrer no consumidor de cocaína e se traduzem por pânico, hiperpirexia, hipertensão (algumas vezes com hemorragia subdural ou subaracnoide), arritmias cardíacas, infarto do miocárdio, colapso cardiovascular, convulsões, estado de mal epiléptico e morte.

Outras sequelas neuropsiquiátricas incluem uma síndrome psicótica com delírios paranoides, alucinações visuais e auditivas e idéias de auto-referência. Nas grávidas que usam cocaína foram descritos efeitos teratogênicos (provocam malformações no feto), incluindo anormalidades do trato urinário e deformidade dos membros.