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A pessoa deprimida pode não ter, necessariamente, dificuldade em “funcionar” ou em “chegar lá“, mas tem uma completa falta de ânimo, de interesse e até disposição para pensar no assunto.
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Disfunção sexual é a incapacidade de participar do ato sexual com satisfação, desde o desejo, excitação, execução até o orgasmo. Definições a parte, Disfunção Sexual é quando a pessoa não consegue satisfação quanto ao seu desempenho sexual.
A Disfunção Sexual pode se manifestar como uma diminuição da libido (falta de desejo sexual), como uma alteração da excitação ou do desempenho. Incluída na disfunção está a inibição da sensação genital, a disfunção erétil, falta de lubrificação, ejaculação precoce. Ainda faz parte do quadro os casos de retardo ou ausência do orgasmo, a dor durante, antes ou depois do ato sexual.
A Disfunção Sexual dos homens brasileiros foi mais bem estudada através do projeto Sexualidade (ProSex), do Hospital das Clínicas da USP, em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e Sociedade Brasileira de Urologia. O estudo entrevistou 71.503 brasileiros com idade entre 20 e 103 anos em 24 estados. O resultado mostra que 54% dos brasileiros, pelo menos 25 milhões de homens, sofrem com algum problema de ereção. A pesquisa também determina com precisão a relação direta entre Disfunção Sexual e doenças crônicas, tais como diabetes, hipertensão, depressão e problemas cardíacos.
Para o tratamento medicamentoso da Depressão em pacientes que ja se queixam de Disfunção Sexual prévia, ou que apresentaram esse problema como consequência dos antidepressivos, é imperioso a orientação e esclarecimento quanto ao aspecto reversível da Disfunção Sexual, discutir com eles as relações custo-benefício do tratamento e buscar antidepressivos com o mínimo comprometimento sexual.
Neste sentido é importante orientar também a(o) parceira(o), mostrando inclusive, que os riscos da Depressão Maior são grandes, assim como das possibilidades para novo episódio depressivo se o uso da medicação for interrompido, antes do término do tratamento.
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Disfunção sexual com antidepressivos contribui para abandono do tratamento.
Normalmente o tratamento com antidepressivos deve se estender por 6 a 9 meses em pacientes de baixo risco de recaída. Deve ir até um ano naqueles que têm antecedentes pessoais ou familiares de depressão e sem prazo para terminar para pacientes crônicos ou que tiveram mais de três recaídas (10% a 15% dos casos). A falta de adesão à terapia antidepressiva, ou seja, o abandono do tratamento, é bastante grande. Normalmente os motivos alegados são, por ordem decrescente: já estar se sentindo melhor, desconforto com efeitos adversos, preconceito em usar os remédios e, absurdamente, porque outro médico recomendou parar com “essas drogas”.
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Efeitos de alguns antidepressivos sobre a sexualidade | |
TRICÍCLICOS Desipramina |
Diminuição do desejo, disfunção orgástica, atraso ou ausência de orgasmo, disfunção de ejaculação e disfunção erétil. |
ISRS Citalopram |
Diminuição do desejo, disfunção orgástica, disfunção de ejaculação e diminuição da lubrificação. |
OUTROS | |
Bupropiona | Aumento do desejo (comum) e diminuição de excitação (raro). |
Nefazodone | Sem efeito no desejo e mínima disfunção orgástica. |
Mirtazapina | Sem efeito no desejo e mínima disfunção de excitação. |
Trazodone | Aumento do desejo, disfunção erétil e orgástica, priapismo (raro). |
Venlafaxina | Diminuição do desejo, disfunção orgástica, disfunção erétil. |
Depressão: causa ou consequência da Disfunção Sexual
Seja qual for a sua etiologia, a Depressão está presente em toda disfunção sexual. Desde o início, como origem ou fator desencadeante, ela pode caracterizar os mais diferentes quadros disfuncionais masculinos, como a disfunção erétil psicogênica. Já a disfunção sexual de base orgânica não escapa ao comprometimento psíquico secundário, sendo agravada pela depressão que se impõe.
Assim, a depressão é importante fator de risco para a Disfunção Sexual, causando sintomas como desinteresse, apatia, sensação de fadiga, entre outros que comprometem o desejo sexual. Por outro lado, o desempenho sexual insatisfatório pode agravar a depressão e gerar conflitos relacionais. Pode-se dizer que a depressão aumenta o risco para disfunção erétil e vice-versa.
No Estudo da Vida Sexual do Brasileiro, a correlação dos sintomas de depressão foi de 8,9% dos homens com disfunção erétil para 5,4% dos participantes sem disfunção erétil. Observa-se, portanto, que a incidência de sintomas ansiosos e depressivos é significativa em indivíduos com disfunção sexual.
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Fonte: Brito R, Benedetti SPC. Ansiedade, depressão e característica de personalidade em homens com disfunção sexual. Rev. SBPH, Rio de Janeiro , v. 13, n. 2, dez. 2010.
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A disfunção sexual tem alta incidência em pessoas de todas as idades.
Nem todos antidepressivos são bem tolerados por todas pessoas e, quanto mais seletivo sobre as estruturas cerebrais for o antidepressivo, menores serão os efeitos colaterais. É bom lembrar, inclusive aos pacientes, que os medicamentos anti-hipertensivos também podem causar Disfunção Sexual e o tratamento para hipertensão costuma ser para a vida toda. Ao lado tem um quadro sobre os efeitos que os antidepressivos podem, PODEM, causar.
A sexualidade pode ser tanto fonte de prazer, quanto de frustração, afetando diferentes âmbitos da vida dos indivíduos.
A disfunção sexual é considerada um problema de saúde pública por causa de sua alta incidência em homens de todas as idades. O desempenho sexual é um dos aspectos de grande influência sobre o bem-estar psicológico do ser humano, já que a sexualidade pode ser considerada um importante pólo estruturante da identidade e da personalidade das pessoas.
Casos de disfunção sexual podem tanto originar, quanto serem originados por estados emocionais, tais como ansiedade e depressão, bem como influenciar ou serem influenciados por aspectos da personalidade (Brito R, Benedetti SPC, 2010).
A pessoa deprimida pode não ter, necessariamente, dificuldade em “funcionar” ou em “chegar lá“, mas tem uma completa falta de ânimo, de interesse e até disposição para pensar no assunto. Isso aumenta ainda mais a angústia porque a pessoa não consegue corresponder ao apetite de seu par e, com isso, a autoestima, já severamente prejudicada, ficará mais baixa ainda.
Assim, muitas vezes, apesar dos possíveis efeitos dos antidepressivos sobre a sexualidade, o restabelecimênto do prazer e do ânimo produzidos pelo desaparecimento da Depressão restabelecem totalmente a função sexual.
Quando a Disfunção Sexual se refere ao impulso, além dos problemas emocionais, o mais provável é que o problema esteja nos hormônios. A prolactina, hormônio responsável pela produção do leite materno, inibe os neurotransmissores que ativam o desejo sexual. Na menopausa as alterações hormonais são violentas, com significativa diminuição do estrogênio, o hormônio que intumesce a mucosa da vagina preparando a mulher para o sexo. Ao mesmo tempo há diminuição da testosterona, que existe também no organismo feminino, porém, em quantidades menores.
Tanto o estrogênio, quanto a progesterona estão diretamente relacionados ao desejo sexual. Em cerca de 15% dos homens com mais de 40anos a testosterona diminui drasticamente. A terapia de reposição hormonal nessa fase da vida, seja no homem ou na mulher, envolve um delicado equilíbrio, sendo necesário avaliar seriamente os aspectos positivos e negativos.
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Os números da disfunção sexual nos pacientes deprimidos
A depressão é hoje a principal causa de incapacitação no mundo. Os principais quadros classificados desse transtornos são: o Transtorno Depressivo Maior e o Transtorno Depressivo Persistente ou Distimia. O Transtorno Derpressivo Maior está classificado nos casos de Depressão Recorrente ou nas fases depressivas do Transtormo Afetrivo Bipolar.
Os quadros depressivos foram responsáveis por acometer 4,4% da população mundial em 2015, segundo a Organização Mundial de Saúde. Entre os diferentes impactos negativos gerados por esses transtornos, a atividade sexual é uma que se destaca.
Apesar da ausência de consenso, alguns estudos estimam que 35% a 47% dos pacientes deprimidos possuem alguma disfunção sexual, o que corrobora a presença recorrente dessas queixas na prática clínica diária.
A sexualidade é um aspecto complexo da vida humana. Vários autores desenvolveram teorias a fim de conceitualizar as principais funções sexuais humanas, tendo o primeiro modelo de resposta sexual sido elaborado por Masters e Johnson na década de 1960.
Considerar a sexualidade academicamente sofreu modificações ao longo dos anos, mas ainda se utiliza o modelo constituído pelas funções desejo, excitação, orgasmo e resolução. Essa sequência ainda é utilizada como guia para as classificações das disfunções sexuais nos principais manuais diagnósticos vigentes.
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Interesse e prazer na depressão
Estudos encontram uma taxa de disfunção sexual entre 13% e 62% em pacientes com Transtorno Depressivo, sendo a prevalência maior em mulheres. Nos quadros de Distimia, a prevalência foi maior em homens (65%) do que nas mulheres (48%). Havia uma relação direta entre gravidade da depressão e alterações de função sexual.
Reduções importantes da atividade, interesse e satisfação com o sexo foram observados em 45% dos pacientes deprimidos. Alterações eréteis e ejaculatórias foram também bastante prevalentes, assim como redução na lubrificação nas mulheres em 18% a 79%. O mesmo aconteceu nos casos de Distimia (Gonçalves e outros).
As disfunções sexuais mais observadas em Transtorno Depressivo foram: disfunção de libido (52,8%), disfunção de excitação (34% nos homens e 5,6% nas mulheres), disfunção de lubrificação (24%), disfunção erétil (7%-24%), disfunção ejaculatória (14,6%), ejaculação precoce (3,3%) e disfunção de orgasmo (4%-67% dos homens e 8%-22% das mulheres).
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Investigando a Disfunção Sexual
A Disfunção Sexual pode ser primária, quando está presentes desde o início da vida sexual, ou secundárias, quando surge depois de um período de vida sexual normal. A Disfunção Sexual pode ainda ser generalizada, quando estiver presente em todas as relações, ou situacionais, quando depender das circunstâncias.
A investigação da Disfunção Sexual primária, deve-se questionar:
1. – doenças pessoais e familiares, hospitalização durante a infância;
2. – experiências sexuais infantis;
3. – atitudes e crenças dos pais e educadores sobre o sexo;
4. – conflitos pessoais.
Investigando a Disfunção Sexual secundária, deve-se questionar:
1. – perdas: emprego, parceiro (a), entes queridos;
2. – conflitos relacionais;
3. – conflitos pessoais: incapacidade de envolvimento e relacionamento;
4. – ansiedade, medo, raiva, culpa.
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Investigando a Disfunção Sexual generalizada, deve-se questionar:
1. – condições médicas: endocrinológicas, neurológicas, cardíacas, renais, hepáticas, psiquiátricas;
2. – efeito de medicamentos, especialmente anfetaminas, betabloqueadores, digoxina, interferon, metadona, cimetidina, indometacina, antidepressivos.
Investigando a Disfunção Sexual situacionais, deve-se questionar:
1. – o significado do sexo, num determinado relacionamento;
2. – conflitos no relacionamento com determinado (a) parceiro (a);
Situações específicas: uso de drogas ou álcool, falta de privacidade, filhos pequenos, etc.
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Para referir:
Ballone GJ – Depressão e Disfunção Sexual (Impotência), in. PsiqWeb, internet, in. PsiqWeb, Internet, disponível em http://www.psiqweb.net/, revisto em 2018
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1. Abdo, CHN – Descobrimento sexual do Brasil. São Paulo: Summus, 2004.
2. Abdo, CHN et al. – Perfil sexual da mulher no climatério. Rev. Ginecol. Obstet., v.8, n.1, 1997.
3. Feldman, HA et al. – Impotence and its medical and psychosocial correlates: results of the Massachusetts Male Aging Study. J Urol., v.151, n.1, 1994.
4. Gonçalves WS, Gherman BR, Abdo CHN, Nardi AE, Appolinário JCB. . Função e disfunção sexual na depressão: uma revisão sistemática. Jornal Brasileiro de Psiquiatria, 68(2), 110-120. Epub August 26, 2019.
5. Laumann, EO et al. – Sexual dysfunction in the United States: prevalence and predictors. JAMA. v.281 , n.6, 1999.
6. Montejo-Gonzalez, AL et al. – SSRI-induced sexual dysfunction: fluoxetine, paroxetine, sertraline, and fluvoxamine in a prospective, multicenter, and descriptive clinical study of 344 patients. J Sex Marital Ther., v.23, n.3, 1997.[/et_pb_text][/et_pb_column][/et_pb_row][/et_pb_section]