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O estado psíquico global com que a pessoa percebe a si mesma e sua realidade é determinado por sua Afetividade. Tal como as lentes dos óculos, os filtros da Afetividade fazem com que a vida seja percebida com maior ou menor brilho
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A AFETIVIDADE TRATADA AQUI, NÃO TEM O MESMO SIGNIFICADO DA AFETIVIDADE USADA NA EDUCAÇÃO E NA PSICOLOGIA RELACIONADA À APRENDIZAGEM, MAS SIM AFETIVIDADE RELACIONADA AOS TRANSTORNOS AFETIVOS OU TRANSTORNOS DO HUMOR
Há grande dificuldade na conceituação da Afetividade, tal como necessário à psicopatologia e a psiquiatria. As ideias de Edmund Husserl, o qual estabeleceu a escola da fenomenologia no século XIX, atendem ao conceito de afetividade aqui necessário.
O emprego da expressão “estado de ânimo” é uma tradução satisfatória do termo stimmung usada por Husserl. Stimmung, originalmente se referia à afinação no contexto musical, era referente à disposição afetiva natural do sujeito, disposição subjetiva de ânimo.
Para designar “estado emotivo habitual”, Husserl completava a ideia de disposição habitual de atitudes de pessimismo ou otimismo sobre os “acontecimentos da própria vida”. O estado emotivo habitual sugerido por Husserl foi útil para diferenciá-lo do “estado de ânimo”, este dando ideia de um sentimento atual, eventualmente temporário.
Estado emotivo habitual = duradouro (traço) = Humor
Estado de ânimo = temporário (reativo)
Desta feita, o estado de ânimo poderia designar um tipo de vivência temporária, eventualmente instável e o estado emotivo habitual de Husserl, uma situação mais definitiva.
Estava aqui definido por Husserl, o estado emotivo habitual como sendo “humor” ou “disposição” ou “tonalidade afetiva”. Esse é o significado que a psiquiatria e a psicopatologia atribuem ao termo Humor.
Para entender a Afetividade é necessário compreender também alguns elementos do mundo psíquico: as Representações, as Vivências, as Reações Vivenciais e os Sentimentos.
Durante a vida os fatos ou acontecimentos constituirão as experiências de vida e passarão a fazer parte da consciência. Os fatos e acontecimentos deixam registrados lembranças e sentimentos. As lembranças registram não apenas as experiências vividas mas, sobretudo, se elas foram agradáveis ou não, prazerosas ou não… lembraça boa, lembreança ruim.
Embora várias pessoas possam viver os mesmos fatos e acontecimentos, cada uma delas sentirá esses fatos e acontecimentos de maneira diferente e pessoal. Perder um mesmo objeto, sofrer a perda de um mesmo familiar, passar por um mesmo assalto, ouvir uma mesma música, comer uma mesma comida, etc., podem causar diferentes sentimentos em diferentes pessoas. (veja A Representação da Realidade na seção Psicopatologia)
O Humor e a Afetividade nesse trabalho, para facilidade didática, é a função psíquica que dá valor e representação de nossa realidade. É essa Afetividade, por exemplo, que também é capaz de representar um ambiente cheio de gente como se fosse ameaçador, ela é capaz de fazer imaginar que pode existir uma cobra dentro do quarto ou ainda, é capaz de produzir pânico ao fazer imaginar que a morte pode ocorrer de repente.
A Afetividade valoriza tudo o que é vivido, tudo aquilo que está fora do sujeito, como os fatos e acontecimentos (mundo objetivo), bem como aquilo que está dentro do sujeito (mundo subjetivo), tal como os medos, os conflitos, os anseios, etc. A Afetividade valoriza também os fatos e acontecimentos de nosso passado e nossas perspectivas futuras.
Vendo uma antiga fotografia de algum ente querido já falecido, algumas pessoas experimentam sentimentos tenros, suaves, saudosos e agradáveis. Outras pessoas podem experimentar sentimentos de angústia, tristeza, sensação de perda, pesar, enfim, sentimentos desagradáveis. O que, realmente, dentro das pessoas faz com que essa lembrança seja valorizada (representada) dessa ou daquela maneira é a Afetividade ou Humor.
O melhor exemplo para entender a Afetividade é compará-la aos óculos através dos “vê-se” o mundo. São esses hipotéticos óculos que fazem enxergar a realidade desse ou daquele jeito. Se esses óculos não estiverem certos as coisas serão percebidas maiores ou menores do que são, mais coloridas ou mais cinzentas, mais distorcidas ou fora de foco. Tratar da Afetividade significa regular os óculos através dos quais o mundo é percebido.
Porque uma pessoa portadora de Síndrome do Pânico acredita que pode morrer ou passar mal de repente? Porque ela acredita sofrer do coração, ou que está prestes a ter algum derrame, ou que está na iminência de perder o controle. Ora, nada disso faz parte da realidade objetiva e concreta. Trata-se de um juízo pessimista, uma avaliação negativa que a pessoa faz de si mesma. Trata-se de uma Afetividade que representa a pessoa negativamente para ela própria, como ela “enxerga” a si própria. Essa é a autoestima.
A Depressão, como transtorno afetivo ou transtorno do humor que é, faz a pessoa se sentir e acreditar-se pior do que realmente é. Isso produz insegurança e rebaixa a autoestima. Novamente aqui a Afetividade representa negativamente a pessoa para si mesma. A avaliação negativa de si mesma, achar que a vida não vale a pena, que a realidade é sofrível, sentir medo exagerado, achar-se doente e toda sorte de pensamentos ruins resultam do Afeto alterado.
Como exemplo ilustrativo, uma pessoa prestes a começar uma briga de rua sentirá um medo (ou ansiedade) diretamente proporcional ao tamanho de seu adversário; quanto maior o adversário, maior o medo. E como a pessoa avalia se o seu adversário é maior ou menor que ela? O tamanho do adversário, ou das adversidades, será avaliado sempre em comparação ao tamanho ou capacidade do próprio sujeito, pois, o único parâmetro de comparação será sempre a própria pessoa.
Não importa o adversário ser maior ou menor que uma outra pessoa qualquer, importa apenas ser maior ou menor que o próprio sujeito que irá enfrentá-lo. E quem diz se o sujeito é grande ou pequeno, forte ou fraco, esperto ou não, maior ou não que seu adversário será o apetrecho psíquico que dá valor à toda realidade e, principalmente, que estabelece o valor do próprio sujeito.
Se a Afetividade alterada fizer o sujeito acreditar ser pequeno, fraco, pouco esperto e piore, então ele terá medo em lutar até com uma criança. O sujeito assim amedrontado sentirá muita ansiedade diante de tudo na vida; diante das multidões, dos ambientes fechados, de viajar sozinho, da solidão, da ideia de estar doentes e assim por diante.
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O termo afeto, em neurofisiologia, é usado como sinônimo de humor. Seria aquilo que o sujeito manifesta (exprime) ou experimenta (sente) em relação a um objeto ou uma situação, em qualquer dia de vida, esteja de mau humor ou não, com humor inconstante ou não. Atonalidade afetiva é, pois, uma maneira de ser, mais do que estar.
Outros autores (Watson e Clark) propuseram uma dimensão de disposição qualitativa de humor, por um lado a denominada afetividade negativa. Esta tonalidade afetiva reflete uma diferença individual constitucional em emotividade negativa, com maior probabilidade de vivenciar níveis elevados de emoções negativas incluindo sentimentos subjetivos de nervosismo, tensão e preocupação, pessimismo, bem como tendência a ter autoestima baixa e a remoer erros, culpas, frustrações e ameaças passadas. A afetividade positiva seria o contrário da negativa.
Assim sendo, humor ou afeto pode ser entendido como uma tonalidade de sentimentos em relação à existência como um todo, é uma característica persistente que influencia o comportamento de uma pessoa e colore sua percepção de ser no mundo.
No âmago da questão vivencial, vamos concluir que nossa existência é sentida muito mais pelas representações afetivas que temos de nosso mundo e pelos sentimentos desencadeados por essas representações, do que da vida e do mundo em si mesmos.
Assim sendo, a responsabilidade por nossos sentimentos não pode recair exclusivamente sobre o teor dos fatos, objetos e acontecimentos. Esses sentimentos dependem fortemente da tonalidade afetiva do sujeito que vivencia tais acontecimentos, dependem daquilo que esses acontecimentos representam exatamente ao sujeito.
Sendo a Eutimia o equilíbrio do humor (ou afetivo), podemos considerar que, neste estado, a consciência da realidade vivida se acompanha de sentimentos equilibrados, nem exaltados e nem deprimidos, portanto, como queria Sêneca, com tranquilidade. Dessa forma, a Tranquilidade da Alma Sêneca será um estado ou uma disposição de nosso espírito (ou consciência) para com a vida. Desse jeito atribuimos para as coisas e para os fatos da vida valores compatíveis boa qualidade de vida emocional.
No ser humano a relação entre a consciência e o sentimento é tão íntima que, à cada consciência deve corresponder, obrigatoriamente, algum sentimento. A neurociência tem se esforçado em explicar o aspecto neurológico da consciência, sendo o modelo das assembléias ou redes neuronais um dos mais aceitos atualmente. Segundo esse modelo, os neurônios são capazes de se associarem rapidamente, formando grupos (assembléias) funcionais para realizarem uma determinada tarefa. Uma vez que esta tarefa esteja terminada, o grupo é dissolvido e os neurônios novamente ficam aptos a se engajarem em outras assembléias para cumprirem uma nova tarefa e assim, continuamente, as consciências vão se sucedendo . Evidentemente os sentimentos vão acompanhando as consciências que temos da nossa realidade.
Os transtornos do humor – transtornos afetivos – constituem um grupo importante de doenças psiquiátricas, consistindo em transtorno depressivo, transtorno bipolar e outros.
O Transtorno Afetivo mais típico é a Depressão, com todo seu quadro clínico conhecido. As duas classificações internacionalmente reconhecidas – CID.10 e DSM-5 – falam em transtornos afetivos e transtornos do humor, respectivamente.
Para um entendimento mais amplo, é muito proveitoso entender os transtornos ansiosos também como manifestações atípicas e indiretas de alterações afetivas.
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Sentimentos Não Normais
A Ansiedade exagerada, a Síndrome do Pânico, as Fobias, a Depressão ou a Angústia patológica são exemplos de sentimentos não-normais. A origem deles obedecem a três regras básicas:
1. – falta da causa objetivamente justificável;
2. – falta de proporção entre a vivência e a natureza da resposta;
3. – falta da relação no tempo entre o acontecido e a reação.
É claro que existem causas para Pânico, Fobia, Depressão ou Angústia, entretanto, não são causas objetivas, mas sim causas subjetivas, ou seja, causas que existem particularmente na intimidade de cada paciente e não no mundo concreto dos fatos e acontecimentos objetivos. Por isso as causas subjetivas são aquelas de maior interesse à psiquiatria.
Um caso de Fobia Social, por exemplo, onde a pessoa se sente mal (ansiedade excessiva) diante de muitas pessoas, em ambientes cheios de gente, etc, as outras pessoas representam uma ameaça. Porém, não se trata de uma ameaça concreta e objetiva, tal como representaria para a maioria das pessoas, mas sim uma ameaça subjetiva para a pessoa que está sofrendo de Fobia Social.
Neste caso, pessoas e ambientes cheios representam uma causa subjetiva de ameaça para os pacientes portadores de Fobia Social e a reação causada por essa ameaça subjetiva será de extrema ansiedade, sensação de vir a desmaiar, sufocamento, falta de ar, mão frias, sudorese, etc., Isso é uma Reação Vivencial não-normal.
A mesma coisa podemos dizer da Síndrome do Pânico, onde a pessoa reage emocionalmente como se, de repente, fosse morrer, passar mal, perder o controle ou acontecer algo ruim. Essas pessoas são levadas à Pronto Socorros e nada que possa estar ameaçando suas vidas é constatado. Bem entendido: não se constata nada de objetivo e concreto. Assim, os fatos e acontecimentos para tal medo, ou seja, achar que existe algum problema do coração, que estão prestes a ter algum derrame, etc., só existe no plano subjetivo. Trata-se de uma Reação Vivencial não-normal
Nos quadros de Depressão o paciente se sente triste e angustiado, julga-se pior do que é, acha que a vida não tem sentido, pensa que nada vale a pena e coisas assim. Todas essas ideias são julgamentos que existem em sua maneira de pensar, portanto, são causas subjetivas que não correspondem aos fatos concretos e objetivos. Assim, trata-se aqui também de uma Reação Vivencial Não-normal.
Conflitos Íntimos
Saber sobre os Conflitos íntimos é importante para o entendimento dos sentimentos decorrentes de causas subjetivas, ou seja, da Ansiedade, Angústia, Depressão, Pânico, Fobias que aparecem sem uma causa objetiva aparente.
O ser humano sempre viveu diante do dilema entre aquilo que ele quer realmente, aquilo que ele deve fazer e aquilo que ele consegue fazer. Portanto, nem sempre estamos fazendo aquilo que queremos, muitas vezes não queremos fazer aquilo que devemos, outras vezes queremos e devemos fazer aquilo que não conseguimos. Enfim, estamos constantemente diante desse conflito.
Essa situação não diz respeito apenas às questões de nossa vida prática, mas também aos nossos sentimentos. Se devemos gostar ou não de determinada pessoa nem sempre obedece ao fato de querermos gostar ou não. Às vezes odiamos ou gostamos mesmo não querendo, outras vezes mesmo não devendo, outras vezes ainda, mesmo devendo e querendo não conseguimos.
Ora, uma pessoa que não consegue gostar de sua mãe mesmo sabendo que deveria gostar (afinal, culturalmente deve-se amar as mães pelo simples fato de serem mães), ou de sua irmã, de seu pai, estará experimentando um desagradável conflito. Quem vive o drama de querer namorar uma pessoa embora devesse ficar com outra, também vive em conflito. Quem queria ser ator embora deva continuar sendo advogado, idem. Ou queria ter um filho homem e só consegue gerar mulheres, queria e devia ser respeitada pelo marido mas não está conseguindo, devia trabalhar mais mas não quer, ou quer ficar em casa mas deve sair para trabalhar e assim por diante… Como vimos, todas pessoas estão sujeitas fisiologicamente a Conflito.
Na saúde emocional a pessoa consegue conviver bem com seus Conflitos, entretanto, estando a Afetividade comprometida, poderá sucumbir à essa tensão. Na Depressão, por exemplo, um Conflito com o qual pessoa poderia estar convivendo pacificamente há muitos anos, passa agora a ser insuportável.
Algumas vezes não temos consciência plena do Conflito, eles podem ser inconscientes. Isso geralmente acontece em pessoas muito ativas e que nunca se detém para refletir sobre suas vidas, pessoas que suportam tudo porque se acreditam fortes, pessoas que consideram as emoções uma coisinha trivial. Mesmo essas pessoas se esgotam. A Afetividade abalada ou esgotada poderá fazer com que os Conflitos inconscientes sejam capazes de causar uma ansiedade tão grande ao ponto de produzirem uma Síndrome do Pânico, ou Fobia, etc.
Outras vezes a Afetividade depressiva ou esgotada mexe e remexe no baú do psiquismo e os fatos, vivências, Conflitos e traumas praticamente esquecidos voltam à tona, incomodam e torturam. É como se uma cicatriz de anos e para a qual não se dava tanta importância passasse a incomodar muito, fazendo a pessoa sentir-se magoados, frustrada ou infeliz por causa dela.
Os Conflitos íntimos, juntamente com as frustrações presentes e passadas, os traumas presentes e passados e os complexos compõem aquilo que chamamos de causas subjetivas para as Reações Vivenciais Não-Normais. Serão sempre não-normais pelo fato de se originarem sem uma causa objetiva detectável. E as causas subjetivas causarão tanto mais incômodos e tanto mais Reações Vivenciais Não-Normais quanto mais alterada estiver a Afetividade. Portanto, a correção da Afetividade alterada será o primeiro e mais importante passo para o tratamento de todos esses quadros emocionais.
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Estado Afetivo Momentâneo, Humor e/ou Afetividade
O estado psíquico global com o qual a pessoa se apresenta e vive sua realidade reflete a sua Afetividade. Tal como as lentes dos óculos, os filtros da Afetividade fazem com que o sol seja percebido com maior ou menor brilho, que a vida tenha perspectivas otimistas ou pessimistas, que o passado seja revivido como um fardo pesado ou, simplesmente, lembrado com suavidade. Interfere assim na realidade percebida por cada pessoa, mais precisamente, na representação que cada pessoa tem do mundo, de seu mundo.
Podemos pensar na Afetividade como o tônus energético capaz de impulsionar o indivíduo para a vida, como uma energia psíquica dirigida ao relacionamento do ser com sua vida e o humor necessário para conferir uma determinada valoração às vivências.
A Afetividade colore com matizes variáveis todo relacionamento do sujeito com o objeto, faz com que os fatos sejam percebidos desta ou daquela maneira e que despertem este ou aquele sentimento.
Estado Afetivo Momentâneo ou Estado de Ânimo
Há sempre um Estado Afetivo Momentâneo para cada pessoa, um tônus afetivo neste exato momento atribuindo os devidos valores às vivências, seja a tristeza na tragédia ou a alegria na comédia, em condições normais.
Este estado afetivo momentâneo é variável de momento para momento numa mesma pessoa; ora o humor está mais elevado, ora mais rebaixado. Um mesmo fato que nos parece demasiadamente desagradável no meio do dia poderá parecer-nos muito mais ameno à noite, ou uma mesma brincadeira que nos fez rir ontem poder irritar-nos hoje.
Nestes casos não estaria havendo variação ou mudança nos fatos, mas sim na representação deles, segundo os “filtros” do afeto.
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Reação Vivencial
Os fatos e acontecimentos com os quais temos contacto e, tratados por nossa Afetividade, serão chamados de Vivências. Essas vivências devem ser sempre capazes de determinar um sentimento ou resposta emocional na pessoa. A este sentimento causado pelaVivência chamamos de Reação Vivencial. Para entender melhor, comparamos as Reações Vivenciais às Reações Alérgicas, que são os acontecimentos determinadas pelo contacto do organismo com algum produto alérgeno.
As Vivências, portanto, são os fatos ou acontecimentos vividos e representados particularmente por cada um de nós. E essas vivências causam sentimentos variados: ansiedade, medo, alegria, angústia, raiva, apreensão, etc.
Assim sendo, Reações Vivenciais são as reações de nosso psiquismo às Vivências. Assim como as reações alérgicas produzem alergia, as Reações Vivenciais produzem sentimentos. Assim como as reações alérgicas produzem tipos diferentes de alergia nas diferentes pessoas, também as Reações Vivenciais determinam sentimentos diferentes nas diferentes pessoas, diferentes quanto ao tipo e quanto a intensidade.
Nas Reações Vivenciais, portanto, os sentimentos, serão sempre proporcionais ao significado que os fatos têm para as pessoas, ou seja, dependerão daquilo que os fatos representam para a pessoa. Um mesmo fato ou acontecimento poderá determinar sentimentos diferentes em diferentes pessoas porque eles representam também algo diferente para diferentes pessoas.
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Lidando com a Afetividade Alterada
Os transtornos emocionais afetivos podem existir de duas maneiras:
– a pessoa está afetivamente abalada ou;
– ela é afetivamente problemática.
É a distição que se pode fazer entre estar doente e ser doente. Pessoas que estão afetivamente abaladas normalmente são aquelas cuja personalidade original não tem traços naturais de instabilidade ou sensibilidade afetiva exagerada mas que, por razões circunstanciais acabam tendo problemas afetivos. Entre essas razões circunstanciais as mais comuns, hoje em dia, são o estresse continuado, as perdas e decepções, as exigências de adaptação do cotidiano, entre outras.
Esse tipo de transtorno afetivo surge em algum momento na vida de uma pessoa afetivamente normal e pode ser entendido como uma espécie de esgotamento decorrente da sobrecarga de vivências tensas e traumáticas.
O segundo tipo, aquele que é afetivamente problemático, existe em pessoas com traços na personalidade de sensibilidade afetiva mais intensa. Para essas pessoas a vida normalmente é sentida com mais emoções e as vivências tendem a ser experimentadas com maior sentimento. São pessoas ansiosas por natureza, naturalmente sentimentais, pessoas que podem se magoar com facilidade, costumam ter excesso de responsabilidade.
A diferença entre ser e estar com problemas afetivos será de fundamental importância para o tratamento. Se o caso é ser afetivamente problemático o tratamento tende a ser mais duradouro e, em alguns casos, até definitivo. É a mesma coisa que ser hipertenso, ser diabético, ser asmático, ser reumático, enfim, são casos que caracterizam uma maneira de ser e não de estar. Os preconceitos acerca d necessidade de um tratamento mais prolongado para esses casos são rejeitados por conta de nossa cultura.
Por outro lado, no caso da pessoa estar passando por uma fase de problemas afetivos decorrentes de circunstâncias momentâneas o tratamento será igualmente momentâneo, ou seja, durante um prazo de tempo suficiente para que a pessoa restabeleça sua harmonia afetiva.
Bases do tratamento
Aqui, como em tantos outros casos da psiquiatria, os medicamentos podem ser indispensáveis e insuficientes. Diz-se que são indispensáveis porque sem eles o tratamento pode ser impossível e insuficientes, porque só com eles também pode ser impossível. A associação entre medicamentos e psicoterapia pode ser o mais indicado, tanto para os casos que são problemáticos quanto para aqueles que estão com problemas.
A alteração da afetividade implicada nos problemas emocionais tipo Pânico, Fobia, Ansiedade e a própria Depressão, é o rebaixamento afetivo. Voltando ao exemplo que comparamos a Afetividade aos óculos através dos quais se enxerga a realidade, corrigir esses óculos é o objetivo do tratamento da Afetividade alterada.
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para referir:
Ballone GJ – Afetividade – in. PsiqWeb, Internet – disponível em http://www.psiqweb.net/, revisto em 2020
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