O sono é um estado em que nossa consciência diminui espontaneamente, quando então passamos a reagir menos aos estímulos externos. É o inverso do estado de vigília, sendo um período de descanso para o corpo.

Durante o sono o cérebro apresenta importante e muito característica atividade elétrica. O sono é fundamental para as funções biológicas. É noturno e seu tempo de duração varia de pessoa para pessoa, sendo de maior duração na infância, diminuindo com a idade.

Freqüentemente a diminuição do tempo de sono que ocorre normalmente na terceira idade é confundida com insônia ou qualquer outro distúrbio de sono. O critério de sono satisfatório é a sensação de noite bem dormida, independente do tempo dormido. A falta de sono leva à fadiga, irritabilidade, e a problemas de memória.

Há vários distúrbios do sono, como a sonolência excessiva, o sonambulismo, o terror noturno, a insônia, etc. A sonolência excessiva é uma alteração incomum e pode estar relacionada a alterações metabólicas como a desidratação ou o descontrole de moléstia como o diabetes .

O ronco e a apnéia são fatores que podem prejudicar o sono, e em geral estão relacionados à obesidade. No ronco excessivo a pessoa acorda com o barulho do ronco tornando o sono interrompido. A apnéia é um problema respiratório que leva a curtas pausas na respiração durante o sono, prejudicando a qualidade do mesmo. Nestas duas situações são fundamentais a perda de peso alem de se evitar dormir de barriga para cima. Em situações mais graves pode haver necessidade de se utilizar uma placa dentária especial ou mesmo a realização de cirurgia para aumentar o espaço das vias aéreas.

O sonambulismo e o terror noturno são distúrbios do sono, mais freqüentes na infância, e na maioria das vezes estão relacionados a emoção, mas podem estar relacionados a uso de certos medicamentos. O sono é estudado, em laboratório, através do polissonograma. Este exame obriga a pessoa a dormir no local do exame e proporciona estudo detalhado do sono.

Alguns cuidados são muito importantes para se ter um bom sono: horários constantes para dormir e acordar; evitar dormir mais que o necessário; estar relaxado e tranqüilo ao ir dormir e se possível tomar um banho quente antes; procurar dormir sempre no mesmo lugar; evitar bebida estimulante (café e álcool, por ex) e fumo antes de dormir; evitar refeições pesadas antes de dormir. A melhor posição para se dormir é de lado, com os joelhos flexionados, sobre um colchão resistente mas não duro e travesseiro da altura dos ombros.

Deve se evitar a utilização de colchão muito macio, como o de molas.

A insônia é uma situação muito freqüente, e o seu diagnóstico correto é fundamental na escolha da terapia. Caracteriza-se pela dificuldade para dormir, tanto no que diz respeito ao inicio do sono como também à sua duração, propiciando uma sensação de noite mal dormida com cansaço ao acordar. Na terceira idade a duração do sono tende a diminuir e também a tornar-se mais interrompido, sem que seja caracterizada a insônia. O principal critério de avaliação do sono é a sensação de noite bem dormida ao se acordar, o que nunca ocorre na insônia.

A insônia pode se manifestar de três formas: a demora para se iniciar o sono, o acordar durante a noite ou o despertar muito cedo. A insônia persistente pode levar a problemas de humor e de comportamento, como a depressão, e sempre produz sensação de noite mal dormida. A pessoa que não dorme bem está mais sujeita a sofrer acidentes de automóvel, ao aumento na consumo de álcool e sonolência durante o dia. A insônia, entretanto, pode ocorrer de maneira transitória, durante um período de maior preocupação ou “stress” ou após viajem muito longa (“jet lag”), por ex.

A insônia que persiste por mais de três semanas é denominada crônica e sempre deve ser muito bem investigada. Não é uma doença e sim um sintoma de distúrbios orgânicos e/ou psíquicos. Pode ser devida a determinados hábitos: horário irregular para dormir, uso abusivo de café, tabagismo, alcoolismo, etc. Problemas ambientais como barulho, luz excessiva, frio ou calor, incompatibilidade com parceiro(a) etc., também são importantes. Algumas doenças, como a demência e o Parkinson podem ser acompanhada de insônia. O estado febril e a dor produzem insônia. Doenças que levam ao desconforto respiratório (enfisema e insuficiência cardíaca, por ex) são causas de alterações no ritmo do sono. Grandes altitudes podem levar à insônia durante os dias de adaptação.

Na grande maioria dos casos, entretanto, a insônia está relacionada a distúrbios psíquicos como a depressão, ansiedade, angustia, ou stress. Alguns estudos demonstram ser a insônia mais freqüente entre pessoas divorciadas e viúvas.
É sempre fundamental a identificação de uma ou de diversas causas da insônia.
No tratamento da insônia a higiene do sono é fundamental, isto é, a eliminação daqueles fatores ambientais importantes. O hábito de praticar exercícios regulares, de comer coisas leves antes de dormir, e manter horários fixos para dormir ajudam a evitar a insônia. O excesso de alimentos e de bebidas (café, refrigerantes ou bebidas alcoólicas ) é um hábito que deve ser evitado no período que antecede o sono. A “soneca” durante o dia deve ser evitada. O estado psíquico da pessoa deve ser sempre bem avaliado e conseqüentemente orientado.

O controle da insônia com medicamentos deve ser feito com muito cuidado. Os medicamentos ditos soníferos ou reguladores do sono nada mais são que psicotrópicos (derivados dos benzodiazepínicos) que devido a sua ação depressiva sobre o sistema nervoso central induzem ao sono. São drogas úteis para a indução rápida do sono em situações especiais, como nos momentos que antecedem a uma cirurgia (pré-operatório) ou em viajem longa, por ex. O uso regular destas drogas deve ser evitado, pois levam a dependência, distúrbios da coordenação motora e de comportamento, diminuição da memória e produzem depressão, e no fim, pioram a insônia.

As estatísticas mostram que os soníferos estão entre as drogas mais consumidas na idade adulta. A sua utilização deve ser feita levando-se em conta que o seu uso prolongado leva ao acúmulo da droga no organismo, alem de produzir aumento de seus efeitos colaterais.

Alguns cuidados devem nortear a utilização de substâncias psicotrópicas no controle do sono: usar doses pequenas (mínima dose eficiente) e de maneira intermitente (2 a 3 vezes por semana), por curto espaço de tempo (no máximo quatro semanas) e ser retirada gradualmente.

Os psicotrópicos melhores são aqueles de mais rápida eliminação: triazolam (“Halcion”), zolpidem (“Stilnox”) e midazolan ( “Dormonid”). No idoso a dose deve ser sempre menor que aquela utilizada para o adulto jovem. A utilização de antidepressivos, principalmente aqueles relacionados à serotonina (trazodone, nefazodone, paroxetine), melhoram a qualidade do sono e estão sendo cada vez mais utilizadas com bons resultados.

Algumas substâncias antialérgicas (anti-histamínicos) podem ser utilizadas para induzir o sono. A melatonina pode ser eficiente, principalmente em idosos. A utilização de substâncias pouco agressivas ao organismo, como chás, especialmente o de valeriana (derivado da planta Valeriana officinalis) pode ser útil no tratamento, com a vantagem de ser inócuo.