A técnica psicanalista das Associações Livres foi uma decorrência direta e estruturada do conceito da Associação de Ideias. A prova das associações livres pode ser considerada como a técnica clássica da psicanálise freudiana para a identificação das perturbações emocionais oriundas dos mais diversos tipos de complexos.

Associações Livres consistem, essencialmente, em um processo de evocação espontânea de ideias, em estado consciente e sem a interferência direta do terapeuta. Isso permitiria a localização de ideias e desejos reprimidos, que se encontram na raiz dos sintomas mórbidos apresentados pelo paciente, produz uma descarga geral da tensão psíquica, sendo este o seu efeito terapêutico mais simples e imediato.

O procedimento usual é o seguinte: o paciente é convidado a deitar-se sobre um divã, em uma sala semi-obscura e silenciosa, devendo colocar-se em posição de completo relaxamento e repouso, numa atitude inteiramente disponível. Postando-se por trás dele o médico lhe pede então que deixe a mente vagar descontraída, numa espécie de devaneio proposital, e vá dizendo em voz alta tudo o que lhe ocorrer no momento.

É importante conseguir que o sujeito diga tudo, absolutamente tudo, sem a mínima inibição ou crítica, portando-se como mero espectador, completamente neutro, do próprio pensamento. O analista se limita a ir anotando ou gravando em um aparelho de som com imparcial fidelidade, as palavras e frases proferidas pelo paciente.

As idéias assim evocadas revelarão invariavelmente certas associações (das quais o próprio sujeito não tem consciência) a partir das quais é possível descobrir ligações lógicas e emocionais entre os sintomas de seus distúrbios e experiências anteriores traumatizantes por ele vividas.

Essas associações espontâneas, involuntariamente estabelecidas pelo sujeito durante seu solilóquio em presença do terapeuta, são portanto “significativas” em relação aos sintomas apresentados e servem como pista indicadora capaz de levar o terapeuta à identificação das causas mais profundas dos males de seu paciente.

Uma série de indicações e convergências de “sentido” darão ao terapeuta um quadro elucidativo da situação patológica em seu conjunto e lhe permitirão – com a ajuda das leis gerais das associações de idéias – conjeturar e reconstruir o material “esquecido” e recalcado que deu origem aos sintomas mórbidos atualmente verificáveis no paciente.

Durante todo o processo, o terapeuta jamais intervém no próprio curso das associações, deixando o paciente inteiramente à vontade, como se estivesse falando sozinho. Apenas quando o rumo dos acontecimentos se mostrar decididamente improdutivo, poderá haver uma intervenção do analista. Nesse ponto ele pode sugerir uma palavra, um tema ou imagem que lhe pareça particularmente fecunda e a partir da qual o paciente passará a estabelecer novas associações.

Com isto, o método já se aproximará de uma técnica correlata, que é a prova das associações condicionadas, a qual é aliás preferida por muitos terapeutas desde o início das sessões. Ao final de cada sessão o terapeuta pedirá ao paciente para “explicar” e ampliar as associações por ele expressas durante o “devaneio”. Juntos, procurarão assim uma interpretação satisfatória da situação.

Entre as críticas que se fazem sobre a validade e eficácia de tal método psicanalítico, costuma-se chamar a atenção para o fato de que o paciente pode facilmente imprimir uma orientação subjetiva e intencional às próprias associações.

Além disto, sua disposição momentânea, bem como a própria tensão gerada pela tarefa proposta, podem influir decisivamente no rumo dado a essas associações que, desse ponto de vista, já não seriam realmente “livres” e espontâneas.

A atitude preconcebida do próprio terapeuta (como por exemplo, a tendência em querer explicar tudo em termos de sexo) poderá influir negativamente no curso do trabalho, desviando e falsificando o verdadeiro sentido dos dados obtidos. Mas estes parecem ser riscos óbvios, inerentes a qualquer tipo de interpretação psicanalítica.