Os Antidepressivos são drogas que aumentam o tônus psíquico melhorando o humor e, consequentemente, melhorando o desempenho psíquico global.

A ação terapêutica das drogas antidepressivas tem lugar no Sistema Límbico, o principal centro das emoções. Este efeito terapêutico é consequência de um aumento dos neurotransmissores na fenda sináptica, principalmente da norepinefrina (NE) e/ou da serotonina (5HT) e/ou da dopamina (DO), bem como alteração no número e sensibilidade dos neuroreceptores. O aumento de neurotransmissores na fenda sináptica pode se dar através do bloqueio da recaptação desses neurotransmissores no neurônio pré-sináptico ou ainda, através da inibição da Monoaminaoxidase (MAO), a enzima responsável pela inativação destes neurotransmissores. Será, portanto, os sistemas noradrenérgico, serotoninérgico e dopaminérgico do Sistema Límbico o local de ação das drogas antidepressivas empregadas na terapia dos transtornos da afetividade.

Podemos dividir os antidepressivos em 4 grupos:1 – Antidepressivos Tricíclicos (ADT)
2 – Antidepressivos Inibidores Seletivos da Recaptação da Serotonina
3 – Antidepressivos Atípicos
4 – Inibidores da Monoaminaoxidase (IMAO)

ANTIDEPRESSIVOS TRICÍCLICOS
Os Antidepressivos Tricíclicos (ADT) sofrem metabolização hepática por oxidação e hidroxilação numa via metabólica, noutra via sofrem dimetilação originando metabólitos também ativos. Eles têm uma forte tendência em ligar-se às proteínas plasmaticas, embora a fração livre tenha também uma grande importância na ação terapêutica. Apenas 5% da dose ingerida é excretada em sua forma original.

Como os metabólitos dos ADT são ativos terapeuticamente, as diferenças individuais de metabolização fa-zem com que as doses equivalentes prescritas resultem, com freqüência, em níveis plasmaticos muito discre-pantes de uma pessoa para outra.

O local de ação dos ADT é no Sistema Límbico aumentando a NE e a 5HT na fenda sináptica. Este au-mento da disponibilidade dos neurotransmissores na fenda sináptica é conseguido através da inibição na re-captação destas aminas pelos receptores pré-sinápticos. Parece haver também, com o uso prolongado dos ADT, uma diminuição do número de receptores pré-sinápticos do tipo Alfa-2, cuja estimulação do tipo feedback inibiria a liberação de NE.

Desta forma, quanto menor o número destes receptores, menor seria sua estimula-ção e, conseqüentemente, mais NE seria liberada na fenda. Portanto, dois mecanismos relacionados à recap-tação; um inibindo diretamente a recaptação e outro diminuindo o número dos receptores.

Alguns autores tentam relacionar subtipos de depressão de acordo com o envolvimento do sistema seroto-ninérgico ou noradrenérgico. Teríamos então, bioquímica e farmacologicamente, a depressão por déficit de 5HT, considerada depressão ansiosa e a depressão por déficit de NE, depressão inibida.

Importa, em relação à farmacocinética dos ADT, o conhecimento do período de latência para a obtenção dos resultados terapêuticos. Normalmente estes resultados são obtidos após um período de 15 dias de utilização da droga e, não raro, podendo chegar até 30 dias.

Os ADT são potentes anticolinérgicos e, esta característica, juntamente com a afinidade por receptores muscarínicos explicam a maioria de seus muitos efeitos colaterais. Enquanto os efeitos terapêuticos exigem um período de latência, o mesmo não acontece com os efeitos colaterais. Estes aparecem imediatamente após a ingestão da droga e são responsáveis pelo grande número de pacientes que abandonam o tratamento antes dos resultados desejados.

INIBIDORES SELETIVOS DE RECAPTAÇÃO DA SEROTONINA
Os Inibidores Específicos da Recaptação de Serotonina (ISRS) atuam no neurônio pré-sináptico inibindo específicamente a recaptação desse neurotransmissor, logrando daí seu efeito antidepressivo. Por não terem efeitos anticolinérgicos e nem por apresentarem afinidade com receptores adrenérgicos, muscarínicos, colinér-gicos, histamínicos ou dopamínicos, deixam de apresentar a expressiva maioria dos efeitos colaterais encontra-dos nos antidepressivos tricíclicos e, emboral alguns deles tornem o ato sexual mais prolongado, decididamente não diminuiem a libido.

Os ISRS interagem muito pouco com o álcool, portanto, limitam menos o nível social dos pacientes. Estudos realizados por períodos de até um ano demonstram que a maioria dos ISRS não causa ganho de peso ou causam muito pouco ganho, ao contrário do que ocorre em muitos pacientes em uso de antidepressivos tricíclicos. Os efeitos antidepressivos dos ISRS começam a ser observados de 2 a 4 semanas após o início do tratamento, normalmente após a segunda semana. O efeito máximo ocorre após 5-6 semanas de uso.

Recomenda-se a utilização de 20 a 60 mg/dia, via oral, para a maioria das substâncias ISRS, dose esta que pode ser em uma única tomada, devido sua meia-vida mais longa. A Nefazodona e o Citalopram são ministra-dos em doses maiores.

ANTIDEPRESSIVOS ATÍPICOS
São os antidepressivos que não se caracterizam como Tricíclicos, como ISRS e nem como Inibidores da MonoAminaOxidase (IMAOs). Alguns deles aumentam a transmissão noradrenérgica através do antagonismo de receptores 2 (pré-sinápticos) no sistema nervoso central, ao mesmo tempo em que modulam a função cen-tral da serotonina por interação com os receptores 5-HT2 e 5-HT3 , como é o caso da Mirtazapina. A atividade antagonista nos receptores histaminérgicos H1 da Mirtazapina é responsável por seus efeitos sedativos, embo-ra esteja praticamente desprovida de atividade anticolinérgica.

Outros atípicos são inibidores da recaptação de serotonina e norepinefrina, inibindo também, a recaptação de dopamina. É o caso da venlafaxina. Essa droga também reduz a sensibilidade dos receptores beta-adrenérgicos, inclusive após administração aguda, o que pode sugerir um início de efeito clínico mais rápido.