Ansiedade é um estado bio-psicológico onde o ser (humano ou animal, exceto dos répteis para baixo) se encontra mobilizado para uma adaptação necessária. Com certeza, até por uma questão biológica, podemos dizer que a Ansiedade sempre esteve presente na jornada humana desde a caverna até a nave espacial. A novidade é que só agora estamos dando atenção à quantidade, tipos e efeitos dessa Ansiedade sobre o organismo e sobre o psiquismo humanos, de acordo com as concepções da prática clínica, da medicina psicossomática e da psiquiatria.

Nosso potencial ansioso sempre se manteve fisiologicamente presente e sempre carregando consigo o sentimento do medo, sua sombra inseparável. É muito difícil dizer se era diferente o estresse (esta revolução orgânica e psíquica) que acometia o homem das cavernas diante de um urso invasor de sua morada daquilo que sente hoje um cidadão comum diante do assaltante que invade seu lar. Provavelmente não. Faz parte da natureza humana certos sentimentos determinados pelo perigo, pela ameaça, pelo desconhecido e pela perspectiva de sofrimento.

Ansiedade passou a ser objeto de distúrbios quando o ser humano colocou-a, não a serviço de sua sobrevivência como fazia antes, mas a serviço de sua existência, com o amplo leque de circunstâncias quantitativas e qualitativas desta existência . Assim, o estresse passou a ser o representante emocional da Ansiedade, sua correspondência psíquica e egoicamente determinada. O fato de um evento ser percebido como estressante não depende apenas da natureza do mesmo, como acontece no mundo animal, mas do significado atribuído à este evento pela pessoa, de seus recursos, de suas defesas e de seus mecanismos de enfrentamento. Isso tudo diz respeito mais à personalidade que aos eventos do destino em si.

Embora a Ansiedade favoreça a performance e a adaptação, ela o faz somente até certo ponto, até que nosso organismo atinja um máximo de eficiência. À partir de um ponto excedente a Ansiedade, ao invés de contribuir para a adaptação, concorrerá exatamente para o contrário, ou seja, para a falência da capacidade adaptativa.