Psicodrama é uma técnica psicoterápica que utiliza a improvisação de cenas dramáticas sobre determinado tema, por um grupo de indivíduos (crianças ou adultos) que apresentam distúrbios nervosos similares. Os psicoterapeutas participam, habitualmente, desse jogo dramático, analisando-o e orientando-o. No Psicodrama, utiliza-se o papel de tarefa explícita e o jogo de um personagem ou de vários. É então o jogo de um papel no grupo.
No que se refere à terapêutica do grupo, é necessário mencionar esta invenção de J. L. Moreno que necessitou de todo um material e realizou uma verdadeira cena de teatro. O sujeito pode ser normal ou doente. Há um chefe de grupo que deve solicitar as reações e fornecer as interpretações, considerado o terapeuta principal. Há, contudo, terapeutas auxiliares requisitados, eventualmente, como protagonistas da ação. Existe, também, um público que vai representar a reação social. Procede-se, antes, a uma discussão preparatória sobre um tema, depois do jogo dramático começa. O indivíduo representa uma cena ou um papel, preferencialmente, de um membro de sua família ao qual substitui. Terminada a cena, sua discussão se efetua.
É necessário aptidão especial para preencher o papel de chefe do jogo e nesse sentido a personalidade de Moreno facilitou seu emprego, ressaltando-se a facilidade com a qual os enfermos entram no esquema sugerido. O Psicodrama é pouco praticado na França, onde se empregam técnicas da mesma inspiração.
Na técnica de Moreno, objetivada em numerosas divergências, o conflito cuja importância se manifestou durante a discussão em grupo, é, no sentido literal do termo, “representado” e dramatizado. Quando acontece, por exemplo, que um membro da equipe analisada, em certo momento de sua vida, teve intenção de cometer um grave comportamento e que estas idéias parecem possuir ainda uma certa carga afetiva, e posta a oportunidade de realizá-lo livremente numa rápida interpretação teatral. Procede-se, então, à encenação.
As cenas são dispostas de tal modo, que apresentam um cunho de realidade. O paciente pode assim “viver” o comportamento patológico de maneira tão completa quanto possível, como se o tivesse efetuado realmente.
Moreno chega, assim, a realizar cenas dramáticas, realmente vividas, das quais dificilmente se pode fazer uma ideia, lendo friamente a narrativa. Também os outros elementos do grupo sofrem uma forte impressão. Percebe-se, de imediato, os princípios terapêuticos colocados em prática por este método e a forte descarga afetiva que produz. Admite-se em princípio, que a cura pode ser obtida, não unicamente pelo desatar dos complexos e das dificuldades “passadas”, mas, principalmente, ao exteriorizar e examinar, num quadro social real, as dificuldades atuais de adaptação à vida. A contribuição do Psicodrama, na terapêutica de grupo, parece, assim, um aspecto promissor no campo da psicanálise.