Existencialismo é o termo usado para designar a filosofia de pensadores que se preocupam com a existência finita do homem no mundo, descartando questões metafísicas como a imortalidade e a transcendência.
Tem sido, o Existencialismo, aplicado a filósofos tão diferentes que há quem negue sua existência como escola de pensamento. Os nomes mais identificados com o existencialismo são os franceses Jean-Paul Sartre (1905-1980) e Maurice Merleau-Ponty (1908-1961). É um movimento do século XX, mas tem fortes raízes na obra de filósofos de origem alemã do século XIX, como Sören Kierkegaard (1813-1855) e Friedrich Nietzsche (1844-1900).
Os existencialistas rejeitam o princípio do cartesianismo de que o homem existe porque pensa. Para eles, o ser humano pensa porque existe. A consciência, para os existencialistas, não antecede a experiência, portanto, o Existencialismo tem um parentesco muito próximo do Empirismo (John Locke).
A consciência é parte da existência que, por sua vez, é construída com a vivência, o contato com outras pessoas e objetos. O próprio homem cria essa existência em função de seus sentimentos, desejos e, principalmente, de suas ações. Ele se forma a partir de suas escolhas.
Por isso, os existencialistas prezam a liberdade e a responsabilidade, ao mesmo tempo em que rejeitam o conformismo. Para Sartre e outros autores, essa posição se estende à política. Depois da 2ª Guerra Mundial, o movimento influenciou muito a literatura.
O Desespero Humano (1844), do teólogo dinamarquês Sören Kierkegaard, é a obra apontada como referência do início do existencialismo, que se modela mais vincadamente a partir da Segunda Guerra Mundial, com Martin Heidegger, Karl Jasper, Jean-Paul Sartre, Simone de Beauvoir, Gabriel Marcel, Albert Camus, Samuel Beckett, Franz Kafka e Jacques Maritain, entre outros.
Para Sören Kierkegaard, a angústia é o eixo de rotações da existência, o que se explicita numa abordagem de Rafael Gambra : ” A filosofia daquela época correspondia rigorosamente, segundo o filósofo dinamarquês, ao ambiente cultural que imperava: a burguesia egoísta e preguiçosa, que vivia satisfeita num mundo oficialmente perfeito e livre, que ignorava deliberadamente os trágicos fenômenos do pauperismo, do desenraizamento dos humildes do seu meio, da escravidão mecânica, que se iam gerando nas suas costas, apenas uma palavra voltava, uma e outra vez, à mente de Kierkegaard: Existência“.
Mas é o alemão Heidegger que dá mais substância ao conceito, lhe traça os seus contornos. A existência reduz-se ao Dasein, a única presença em nós, perceptível , perdidos do nada, agarrados à angústia, à mercê da morte. A existência sem sentido, desgarrada do universo inacessível à sua verdade. Do homem fechado em si, no Dasein, decorre o existencialismo do desespero, niilista, trágico.
A esta construção fechada, alguns filósofos franceses abriram uma janela, a procurar alguma luz para a existência, que lhe desse um sentido, ainda que imediato e medido pelo tempo, com um objectivo pragmático, profiter la vie. Para Albert Camus, ” há nos homens mais coisas para admirar que coisas para desesperar.” Se, em L Étranger (1942) o herói se conforma, contentando-se com a liberdade de espírito, em La Peste (1947), o herói actua, procura fazer alguma coisa perante a epidemia : “todos os homens que, não podendo ser santos e que recusam admitir os pesadelos, se esforcem, pelo menos, por serem médicos“. Camus procura tirar partido do que é disponível na existência, toda a sua obra é nimbada pelo sexo, segundo ele, ” as verdades da carne “.
E Sartre prosseguirá, também, na linha da natureza humana, com exclusividade total, marcadamente em L Être et le Néant (1943). Em La Nausée (1938), denuncia todo o suporte existencial tradicional, preconceitos, ideias, credos, como falsidades, pois a existência é em si mesma a única realidade herdada, a única legisladora dos comportamentos. E daqui parte para um novo humanismo, de âmbito social, numa nova perspectiva, em que o profiter la vie não se perca , como razão da existência.
Esta é a atmosfera existencial em seus limites, trágica, que atravessa toda a Modernidade, visão não partilhada pela maioria dos intelectuais, que, mesmo em oposição, em busca de outros caminhos, não deixam de ser testemunhas dos mesmos problemas que angustiam o homem, pois não se pode viver insensível e inocente sob o mesmo tecto histórico. Todas as tradições foram postas em causa. Assistiu-se e assiste-se ao desmoronamento de todas as referências, em movimentos que surgem por todo o lado, como os ” Beatniks ” e os “Hippies”.