A Despersonalização é a sensação de estranheza e falta de realidade de si mesmo. Como sintoma psiquiátrico a Despersonalizaçãonão é rotineiramente estudada, a não ser quanto a participação em outros transtornos psiquiátricos, como por exemplo, os de ansiedade, depressão e conversão.
A Despersonalização é muito semelhante à chamada Personalidade Múltipla e se caracteriza por alteração persistente e/ou recorrente na percepção de si mesmo, como a experiência de sentir-se separado do próprio corpo, de agir mecanicamente ou de estar num sonho.
Não há uma outra personalidade aqui, há sim, uma sensação de irrealidade para com o próprio corpo. A epilepsia é uma das causas orgânicas que mais apresentam a Despersonalizaçãoe que deve ser distinguida do Transtorno Dissociativo. Normalmente a Despersonalizaçãoé acompanhada de grande sensação de ansiedade.
Devido a falta de trabalhos sistemáticos para caracterizar a Despersonalização como uma categoria psiquiátrica e não apenas um sintoma flutuante, um grupo de pesquisadores se propôs a traçar um perfil clínico deste quadro, tomando-o como transtorno isolado.
Em uma pesquisa foram estudados 30 pacientes, 19 mulheres e 11 homens. Foi utilizado o manual americano de transtornos psiquiátricos para fazer e avaliar o diagnóstico de Despersonalização.
Testes de realidade foram aplicados durante o episódio de Despersonalização, assim como a escala de experiências dissociativas.
Resultados – A idade média de início da desordem de Despersonalização foi de 16,1 anos, duração média de 15,7 anos. Seu curso é bastante variável, alguns pacientes relatarem que os sintomas da Despersonalizaçãopersistiram continuamente por anos, outros disseram que era episódico. A duração pode ser restrita a alguns minutos ou estender-se a poucos anos. Aproximadamente metade dos pacientes relata um início abrupto, enquanto outra metade um início um início gradual.
Os fatores desencadeantes relatados foram: sentimentos de depressão, ansiedade, ciúmes, estresse; uso de drogas, álcool, anti-histamínicos, cafeína; privação de sono, cansaço, interações sociais, relações sexuais.
Fatores atenuantes citados: estimulação física (beliscar-se ou mutilar-se), exercícios, meditação, dor física, estresse emocional, ficar sozinho, manter uma relação de confiança. Em alguns casos a Despersonalização era tão intensa que o paciente preferia morrer a continuar vivendo daquela maneira. Ainda não se encontrou um tratamento realmente eficaz para este transtorno.