Apercepção da realidade é um processo em que a realidade é representada de maneira muito íntima, própria e pessoal. Enquanto a natureza da Sensopercepção é melhor entendida a nível do fisiologismo neuro-sensorial através dos cinco sentidos, a Apercepção ou Representação reporta-se predominantemente à subjetividade da realidade, e é revestida de uma tonalidade afetiva particular do indivíduo, portanto, afetivo-psicológico. A Representação da realidade é aquilo que a realidade representa para a pessoa, independentemente de opiniões em contrário.

Uma simples rosa pode ser percebida fisiológicamente através da visão, tato ou olfato, porém, será ricamente representada através do subjetivismo da pessoa. Pode até ser dispensável, nesta representação, a presença física do objeto rosa.

Da mesma forma, a palavra mãe, por exemplo, que pode ser percebida pela visão, se for escrita ou pela audição, se for falada, terá sua representação interna tocada pela afetividade e jamais será igual entre as pessoas.

O texto de Jung é bastante explicativo: “parece que o consciente flui em torrentes para dentro de nós, vindo de fora sob a forma de percepções sensoriais. Nós vemos, ouvimos, apalpamos e cheiramos o mundo, e assim temos consciência do mundo. Estas percepções sensoriais nos dizem que algo existe fora de nós, mas elas não dizem o que isso seja em si. Esta é tarefa não do processo perceptivo, mas do processo de Apercepção. Este último tem uma estrutura altamente complexa. Não que as percepções sensoriais sejam algo simples, mas sua natureza é menos psíquica do que fisiológica. A complexidade da apercepção, pelo contrário, é psíquica“.

Portanto, Jung identifica a Representação da qual falamos, com a Apercepção, algo responsável pela significação da coisa ou do que é a coisa em si.